WILD CARDS, o começo de tudo (editado por George R.R. Martin)

POSTADO POR: admin qua, 26 de fevereiro de 2014

Aqueles que já estavam por aqui para viver plenamente a década de oitenta/noventa, devem lembrar bem de um fenômeno muito comum que ocorria na cultura no Brasil daquele tempo. As series, filmes, desenhos animados, quadrinhos e até os livros nos chegavam em uma ordem cronológica totalmente aleatória e desordenada. E muitas vezes, como jovens sem acesso a internet, tínhamos que fazer muito esforço para tentarmos entender a ordem dessas coisas. Por exemplo, a gente nunca sabia se um filme era baseado em um desenho, ou se o certo era o contrário. Enfim, era um tempo muito louco quando as series de TV nos chegavam antes do filme piloto, e o mercado tentava nos vender bonecos de heróis que só viríamos a conhecer os quadrinhos anos depois.
É mais ou menos assim que eu vejo o caso do livro ‘WILD CARDS, o começo de tudo’ (editora Leya, 480 páginas), que pode parecer algo inédito para os mais novos, mas que já teve seu assunto transitando por aqui há vinte anos atrás, justo quando não tínhamos a menor ideia do que se tratava.

A obra é apenas a primeira parte de uma longa serie de antologias de ficção científica baseada no universo de super-heróis. O formato envolve vários enredos individuais, escritos por autores diferentes, que foram editados e organizados juntos pelo best seller George R.R. Martin (criador das Crônicas de Gelo e Fogo), para formar um romance completo, como se tivesse sido escrito por um único autor. 
Enquanto outros livros, de modelos semelhantes, são compostos por pequenas histórias individuais, a serie Wild Cards tem como foco um tema central desenvolvido em contos mais longos que seguem um evento dentro da narrativa. Ou seja, fugindo do habitual, aqui não temos ao certo um herói ou super equipe descrito como protagonistas, mas sim uma fábula principal onde todos são peças de seus acontecimentos.
Entre o time de autores selecionados temos nomes como Roger ZelaznyWalter Jon Williams , Pat Cadigan, Chris Claremont , Victor Milão , John J. Miller, e o próprio George Martin. Em 1987, o escritor britânico Neil Gaiman ofereceu a Martin a ideia de uma história sobre um personagem que vive em um mundo de sonhos para a serie Wild Cards. Martin acabou recusando o conto porque não julgava Gaiman um nome de ‘peso’ para compor o projeto. Gaiman passou a publicar a sua história como The Sandman, hoje considerada uma das maiores, e melhores, serie de quadrinhos da DC.

Retomando o raciocínio do início dessa resenha, não é a primeira vez que os Ases (definição dos meta humanos de Wild Cards) exibem seus dons em terras Tupiniquins. Quem tem mais de trinta anos deve lembrar do complemento intitulado ‘Cartas Selvagens’ que vinha agregado como capítulo final do suplemento de RPG GURPS Supers, e que na verdade ninguém lia porque nunca soubemos ao certo do que se tratava. Pois bem, para os RPGistas remanescentes daquela época, devo dizer que esse é o livro que deveríamos ter conhecido antes, para aplicarmos aquilo em jogo depois. Chegando ao mercado nacional com no mínimo duas décadas de atraso.
Apesar de ter sido escrito por diversas mãos, os contos mantém uma qualidade coesa e linear até o fim. Sempre passando a ‘tocha’ da história para um novo personagem na hora certa, de forma a manter o interesse do leitor pelo tema central antes dele entediar-se com esse, ou aquele, capítulo.
Infelizmente, mesmo com todo o avanço que já alcançamos no campo cultural e editorial, isso não impediu que essa edição saísse com erros de tradução e até de português. Alguns até perdoáveis para um livro com tantas páginas, já outros, tão grosseiros que pareciam traduzidos no Google Translate. Mas nenhum que perturbe significantemente a leitura do livro.

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