Uma cronica não-letal

POSTADO POR: admin seg, 09 de janeiro de 2012

Meu MalDito amigo, como já citei em textos anteriores, com o fim do
meu exílio eu finalmente pude voltar a pisar em terras tupiniquins, e com isso eu
aproveitei para ir ao festival SWU, passar o melhor revellion do mundo em
Copacabana, visitar meu irmão que está com câncer (a doença da moda) e já
espero ansioso pelo nosso Carnaval.
Mas o que quero mesmo dizer nesse texto nada tem a ver com essas paradas
todas ai. É um assunto bem mais ‘enérgico’ do que a minha vida pessoal. Me
refiro aos novos ‘brinquedos’ que o governo está disseminando entre a polícia e
a guarda municipal de vários estados do país. São os foderosos tasers,
conhecidos como armas não-letais que ao serem usadas descarregam uma carga de
alta voltagem imobilizando instantaneamente o alvo.
Resultado? O caboclo tem os músculos contraídos e conseqüentemente
tomba ao chão feito um ‘torresmo a milanesa’,  não são raras  as vezes que a vítima se alivia (fisiologicamente
falando) durante esse processo. De fato uma situação humilhante, constrangedora
e até mesmo justa quando se tratando de um meliante armado que ameace a vida de um
cidadão de bem.
Lembra quando me referi aos tasers como ‘brinquedos’? Pois bem, é
claro que foi só uma força de expressão, tudo vai depender de quem estiver
manejando o artefato. Falando nisso, qual a expressão que usaremos pra definir
os tasers na mão da policia brasileira? 
Não consigo parar de pensar nas
palavras ‘Instrumento de tortura’.
‘Correr atrás do assaltante? Pra que? Mete choque no rabo dele.’
‘Manifestação de estudante? Nem precisa perder tempo, eletrocuta esses
vagabundos!’
‘Estacionou na vaga de deficiente? Vou te dar tanto choque que vou te
transformar em um.’
‘Olha um maconheiro ali! Aperta ele na direita que eu o acendo com o
taser na esquerda, sargento!’


Quero lembrar que ainda no final do ano passado, alguns guardas
municipais de uma cidade do nordeste do país foram indiciados ao serem
flagrados por câmeras de vigilância usando covardemente o spray de pimenta
(outra arma não-letal) nos olhos de moradores de rua que dormiam em uma praça, apenas pela
diversão de ver os sem-teto acordarem se contorcerem.
Pra quem não sabe, quando quer machucar sem deixar marcas, a policia
usa uma antiga técnica que consiste em bater com o cassetete (letal ou não-letal?)
na sola do pé do meliante. Tão eficaz que só foi descoberta com mais um flagra
de câmeras.
Uma arma que gere dores absurdas, com danos internos e que não deixa
vestígios do seu uso é tudo que uma polícia ( que ainda é doutrinada dentro dos arcaicos padrões da ditadura militar) poderia querer. 
Espero que junto com essas ‘coisas’,
os policias também recebam instruções expressas avisando a corporação de que essa porra não é brinquedo não.