Um Estupro sem Vítimas…

POSTADO POR: admin dom, 09 de fevereiro de 2014

A farra já varava a madrugada, embora o horário fosse a coisa que menos importava para todos os jovens presentes no local. 
No embalo de uma música pop, a mais executada do momento, as paredes da casa tremem acompanhando o ritmo enlouquecido que emana pungente das enormes caixas de som. Alguns movimentam seus corpos ébrios de forma sexy em uma coreografia erótica comparável a uma dança nupcial do reino animal. Outros, os mais inibidos, ficam pelos cantos da festa e tentam não atrapalhar os demais.
É em um desses cantos, espremido entre um sofá ocupado por um casal de lésbicas que se empolga em um beijo mais quente e uma pilastra mal colocada, que encontramos Vinícius em seus recém completos vinte anos. Ele não é exatamente um convidado, mas veio junto com o Rafael ‘Canivete’, e todo mundo conhece o Rafa. Tanto que ele saiu para falar com um ‘pessoal’ e não voltou até agora. Isso já foi há duas horas atrás. Motivo pelo qual Vinícius esteja bebendo mais do que o de costume na esperança de não parecer tão deslocado no ambiente.
Arriscou uma olhada para o lado e flagrou o exato momento em que uma das lésbicas libertou do sutiã os peitos da outra e começou a lamber os bicos com volúpia. Ficou hipnotizado com a cena. Imaginou se o amigo Rafael não estaria fazendo algo parecido em algum quarto daquela casa enorme. Praguejou por se sentir incapaz de fazer o mesmo.
Só saiu do seu torpor depois de levar uma encarada enfezada de uma das meninas. Pediu desculpas pela indiscrição e saiu sem jeito em direção ao banheiro.
Por que o banheiro? Bem,… Ele também não estava certo de seus motivos, se estava apertado ou apenas excitado. Mas sabia que a quantidade de cerveja que bebera contribuía para os dois casos, e independente de qual fosse, só lá poderia encontrar alívio imediato.
Tentou a maçaneta e sorriu com a própria sorte quando notou que estava destrancado. Rapidamente entrou, recostou as costas na porta e respirou fundo. E só ali no escuro absoluto, sozinho e longe de todos, se permitiu relaxar. 
Com uma das mãos foi tateando a parede até encontrar o interruptor e, acendeu a luz. Mais do que um banheiro estranhamente limpo para uma festa daquelas proporções, a claridade revela uma mulher sentada na privada. Pensando ser uma visão provocada pelo álcool, Vinícius aciona o interruptor na direção contrária e apaga a luz. Em seguida acende, e constata que ela continua lá. Apaga novamente, e começa a soltar uma série de desculpas que envolvem a porta destrancada e o equívoco da sua presença. Quando acaba seus argumentos, ele fica à espera de um tapa, um escândalo, um lixamento ou um grito que seja, mas só recebe o silêncio como resposta. Confuso, ele acende a luz e finalmente presta atenção no que vê. 
Uma mulher atraente sentada na privada com a tampa abaixada. Ela veste um curto vestido preto, traz a maquiagem borrada, exibe seios fartos, parece 7 ou 8 anos mais velha que o próprio Vinícius, e a cabeça tombada, amparada pelo vidro do box, indicava que ela estava desmaiada. Provavelmente por conta do mesmo excesso de bebida que o trouxera até ali.
E só então ele lembra de trancar a porta do banheiro com a chave.