Trechos bizarros que você não esperava encontrar em livros clássicos (PARTE 2)

POSTADO POR: admin sáb, 14 de março de 2015

A partir do momento em que ingressamos na escola, somos doutrinados a respeitar e adular ‘os clássicos’ como as maiores escrituras da humanidade. Enquadrados em uma classificação que ninguém consegue explicar muito bem, essas obras parecem eternamente destinadas a serem ‘modelos perfeitos’ da literatura.

No entanto, de vez em quando, algumas dessas obras cometem alguns deslizes e apresentam trechos confusos que desorientam os leitores mais do que deveriam inspirá-los. Muitas dessas cenas já foram comentadas em nossa primeira postagem sobre ‘Trechos bizarros que você não esperava encontrar em livros clássicos‘, e agora, descobrimos outros exemplos que merecem compor uma segunda parte deste tema.
✔ O Senhor dos Anéis, de JRR Tolkien
Com três longas versões estendidas filmadas e disponíveis para se assistir, você pode ser levado a acreditar que não existe nada que possa ter sido deixado de fora da trilogia de filmes O Senhor dos Anéis. Mas qualquer fã mais assíduo da Terra Média logo protestaria ressaltando a ausência das cenas do personagem Tom Bombadil. Um velho estranho que pode, ou não, ser algum tipo de criatura mística.
O momento que você não esperava: Parece que a única função de Bombadil nos livros é fazer os Hobbits ficarem nus enquanto ele age de forma esquisita. Quando eles encontram Tom cantando no Velho Salgueiro, o estranho os guia até a sua casa na floresta onde ele insiste que eles dispam-se e pratiquem alguns exercícios vigorosos, enquanto ele continua cantando canções irritantes, cheias de frases inventadas que não fazem o menor sentido.
Muitas teorias surgem sobre a verdadeira natureza de Bombadil, alguns afirmam que ele pode ser um demônio maligno tão cruel quanto Sauron, ou apenas a encarnação viva da música da Terra Média. No entanto, ele pode ter sido apenas um embaraçoso erro de Tolkien (Editora Martins Fontes).
✔ A Revolta de Atlas, de Ayn Rand
Para muitos libertários, a bíblia do objetivismo escrita por Ayn Rand é o maior clássico do século passado. A história detalhada de um governo ganancioso tentando estatizar uma ferrovia privada, é a declaração definitiva de Rand sobre o objetivismo,… Isso sem mencionar algumas das cenas mais francas de sexo da literatura. Mas também possui algumas curiosidades bizarras na biografia do personagem Nat Taggart, o construtor da ferrovia em questão.
O momento que você não esperava: Já morto no início do livro, Taggart é introduzido na história através de uma estátua em sua homenagem, e a afirmação de que “Nenhum centavo da sua fortuna havia sido obtido de forma desonesta”. Logo em seguida acompanhamos um flash back onde ele teria atirado e matado um legislador corrupto, e embora ele tenha sido absolvido no julgamento, o livro sugere que todo o funcionarismo público ineficiente passou a temê-lo depois deste fato.
No parágrafo seguinte, um ‘distinto cavalheiro’ tenta oferecer a Taggart um empréstimo do governo, e ele responde jogando o homem três lances de escada abaixo. Logo depois, ele toma um empréstimo de forma independente, e oferece a sua própria esposa como garantia (Editora Sextante).
✔ Deuses Americanos, de Neil Gaiman
Desde que foi publicado pela primeira vez em 2001, a obra ‘Deuses Americanos’ do mestre Neil Gaiman tornou-se um clássico cult, ganhando muitos prêmios e a sua própria adaptação para a TV. Focada em torno de um grupo de deuses antigos, e não tão antigos, que vivem na América moderna, o livro está cheio de incidentes estranhos e encontros terríveis. 
O momento que você não esperava: Um desses acontecimentos é particularmente estranho e horrível: a cena em que um homem é comido vivo pela vagina de uma prostituta. Dentro da história, o antigo deus Bilquis (considerado um meio-gênio fora do livro) está possuindo o corpo de uma meretriz. Ela acaba de fazer sexo com um homem qualquer, e Gaiman então nos contempla com uma intensa descrição lírica de seu orgasmo. Em seguida, ele logo revela que o coitado tem metade do seu corpo engolido pela genitália de Bilquis. O texto passa a deixar bem claro que ele é “consumido”, mas preferimos poupá-los da descrição dos detalhes sórdidos (Editora Conrad).
✔ IT, de Stephen King
Uma das obras mais volumosas já produzidas pelo metre do terror Stephen King (e isso não é pouca coisa). Ele conta a história de sete crianças de uma cidade pequena que são assolados por um mal inimaginável. Perseguidos por um demônio em forma de palhaço que ameaça rasgar os moradores do lugar em pedaços, as crianças se aventuraram nos esgotos para enfrentar e matar essa vil criatura. É um clássico de King que aborda o seu tema favorito,… Os nossos medos de infância.
O momento que você não esperava: Em determinado ponto da história, quando os personagens atingem a pré-adolescência, surge uma cena de sexo descrita como um ritual de magia que teoricamente ajudaria que os caminhos dos jovens se cruzem novamente no futuro.
Stephen King descreve a cena como uma tentativa de preencher a lacuna da passagem de tempo entre a infância e a idade adulta dos protagonistas.  O texto é explícito e inclui uma descrição detalhada da enorme ereção de um dos personagens. Até hoje é considerada uma das cenas mais polêmicas que King já escreveu (Editora Suma de Letras).
✔ Herbert West-Reanimator, de H.P. Lovecraft 
Considerado o avô do horror sobrenatural moderno, HP Lovecraft era um escritor bem diferente de qualquer outro. Ele também era um racista incurável que acreditava na falácia da supremacia branca, e gostava de ler o Mein Kampf. Porém, ao contrário de outros autores, Lovecraft plantava suas opiniões diretamente em seus textos, muitas vezes, com tanta força que sequer se incomodava em tirar o leitor completamente do foco da história. 
O momento que você não esperava: Em “Herbert West-Reanimator”, o protagonista encontra-se cara-a-cara com o cadáver de um homem negro. Ao invés de apenas se limitar em dizer que o homem está morto e explicar como ocorreu a sua morte, o personagem entoa algo como: “Ele era um coisa repugnante, parecida com um gorila, com os braços longos de forma anormal que mais pareciam as pernas dianteiras, e um rosto que me remeteu a segredos indizíveis do Congo e pancadas tom-tom sob uma lua assustadora.” 
Sua poesia foi ainda pior. Basta folhear algumas de suas obras, e você certamente tropeçará em alguma afirmação estúpida sugerindo que os negros são o elo perdido entre humanos e animais. No conto “A Rua”, por exemplo, lidamos com uma rua sensível construída por nobres ingleses que literalmente se autodestrói quando alguns imigrantes negros tentam avançar sobre ela. Impressionante como esse cara conseguia quebrar o encanto de suas narrativas sempre que a palavra ‘negro’ surgia em suas histórias. Também dá pra entender porque poucas das suas obras são traduzidas para um país tão diversificado como o nosso.
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