Sonhos de Bunker Hill (John Fante)

POSTADO POR: admin dom, 02 de junho de 2013

Se você sacar o nome do escritor John Fante em qualquer conversa literária, é claro que alguém na mesa logo vai berrar o título do seu clássico Pergunte ao Pó, notoriamente sua obra mais famosa, mas, na minha opinião, nem de longe a melhor do seu legado.
Caso você discorde, antes de iniciar uma discussão desnecessária, tenha certeza de que você já leu ‘Sonhos de Bunker Hill’, o livro que seria, cronologicamente, o último trabalho de Fante. Uma obra idealizada pelo autor em seus últimos dias em um hospital, já amputado e cego pela diabetes, portanto, ela foi escrita com a ajuda de sua esposa que transcreveu todas suas palavras. 
Talvez por isso esse parece ser exatamente o melhor do que ele tinha para dar.
Quem conhece a ligação existente entre as escritas de Fante e Bukowski, certamente também notará a nítida influencia das visitas do velho safado a esse quem ele considerava um mestre da literatura, e uma das suas maiores inspirações. Bukowski narra esses encontros em um longo conto onde sofre junto com John ao vê-lo debilitado em uma cama.
Por sua vez, em ‘Sonhos de Bunker Hill’, John Fante parece retribuir essa gentileza aproximando sua escrita ao estilo sujo de seu pupilo, passando por cima de muitos dos seus conceitos conservadores, e chegando até a experimentar maconha, um tabu muito bem pontuado em seus primeiros livros.

Nesta história, encontramos novamente Arturo Bandini, o alter-ego do escritor em sua constante busca pelo reconhecimento de seu trabalho. 
Mas dessa vez lidamos com um personagem mais maduro e obstinado, mais vagabundo e artista, menos romântico e mais gigolô, tudo ao mesmo tempo. Fazendo das tripas coração, tentando ganhar um dinheiro tão honesto quanto a arte que se propõe a fazer.
Para quem já conhece as passagens anteriores do protagonista, vai se deliciar em ver o quanto ele evoluiu como homem. Bandini ainda conserva uma forte insegurança perante seu talento, porém, se encontra mais confiante quando se trata de assuntos da vida, e aos poucos, descobre como transmitir isso para a sua literatura.
Aprendeu também como lidar com as mulheres, e tirar proveito da troca de favores que elas oferecem. Se em ‘Pergunte ao Pó’ ele se mostrava um tremendo capacho feminino correndo atrás de um amor ‘inapropriado’ durante toda a narrativa (algo que me irritava profundamente), em ‘Sonhos de Bunker Hill’ ele  mostra que finalmente aprendeu a lição, e agora transita entre as damas com a pose de quem sabe exatamente o que está fazendo.
Se você já leu ‘Pergunte ao pó’ anos atrás e nunca mais teve contato com a escrita de John Fante, está no ponto ideal para experimentar essa que seria a parte final de uma trilogia iniciada em Espere a primavera Bandini.

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