São todos um bando de ‘Estudantes Maconheiros’

POSTADO POR: admin seg, 25 de março de 2013

Neste texto vou quebrar o protocolo e não me direcionar ao meu caro
amigo MalDito, mas sim ao cidadão comum. 
A senhora por exemplo. Sim, a senhora
aí que está me lendo. Uma típica brasileira pagadora de impostos. Por acaso
está satisfeita com o sistema público de saúde fornecido pelo seu estado?! Caso
sua resposta seja negativa, pretende protestar a respeito?! Se a sua resposta
foi sim, a senhora não passa de uma ‘estudante maconheira’. É isso mesmo, fique
você sabendo.
E aquele senhor de bigode disfarçando ali no canto. É o senhor mesmo,
não foge não. Está satisfeito com o seu salário mínimo?! Pretende de alguma
forma se manifestar a respeito?! Sim?! Quem diria hein, o senhor dessa idade e
um belo dum ‘estudante maconheiro’.
Sabe os professores grevistas, os bombeiros paralisados, os índios
manifestantes e aqueles trabalhadores em protesto ali no canto?! Até mesmo o
maldito autor deste blog e seus colunistas cheios de textos de protestos?! Não
olhe agora, mas são todos um bando de ‘estudantes maconheiros’.
Ou pelo menos é assim que tenho visto ser taxada toda e qualquer
pessoa que resolva se manifestar ou protestar contra algo neste país.
Durante a ditadura de 60 eles eram conhecidos como os tais ‘comunistas
subversivos’
(bem mais pomposo), e junto com o termo, a falta de informação do
povo aceitava toda e qualquer mentira que se criasse em volta dos mesmos. Até inventar
que ‘comunista come criancinha’ eles
foram capazes, quando na verdade hoje todos nós temos esclarecimento suficiente
para sabermos que isso é coisa de padres.
Com o passar das décadas o termo pejorativo foi evoluindo conforme o
contexto da cultura vigente, mas a função sempre foi a mesma,… Acabar com a
credibilidade das manifestações populares. Percebe o drama?

Vamos tentar outro exemplo e pegar como modelo a década de 80 quando o
país passava por um terrível surto de uma doença totalmente desconhecida na época,
a AIDS. Com o sociólogo Betinho como símbolo e a classe artística engajada com
a causa, o país conviveu com diversos protestos populares que lutavam pelo
controle do sangue armazenado nos hospitais, que sem cuidado algum, estavam
contaminando pacientes que sofressem transfusão e dizimando os hemofílicos com
a doença. Pronto! Era o suficiente para a ignorância reacionária da época, impor
o título de ‘Bichas Artistas’ a todo e qualquer ativista que levantasse a voz
para reivindicar seus direitos, fosse sobre essa questão de saúde pública ou
outra qualquer. E junto com o termo, vinha sempre a clássica mentira, nesse
caso diziam ‘Aids é doença de gay’, quando na verdade todos nós sabemos que a
AIDS é uma doença do carnaval, e qualquer um está sujeito a ela caso não tome
os devidos cuidados.
E assim foi, e assim vai.
E como a legalização das drogas tem sido a atual discussão em pauta da
nossa época, agora todo manifestante é automaticamente intitulado de ‘estudante
maconheiro’
. E aí é como se fosse uma autorização popular para a polícia
reviver seus tempos de ditadura e descer o cacete sem dó, com desculpa de
dispersar a manifestação. Pois como já cantou o Planet Hemp uma vez : ‘Menos um
maconheiro, ninguém se importou!’
.
E sinceramente, acho que não podemos deixar que se crie esse tipo de jurisprudência
no Brasil.
Até porque, ser estudante, ou maconheiro, não pode ser motivo para ninguém receber
spray de pimenta na cara, choque de taser no rabo, e sofrer prisões arbitrárias
que podem ser vista no vídeo que postei logo abaixo. Alguém que aplaude este
tipo de atitude porque acha que ‘estudante maconheiro tem mais é que se foder
mesmo’
, ou está muito satisfeito com a situação atual do país, ou é muito
covarde e acomodado pra ter tanta certeza que nunca, um dia, estará do outro
lado dos escudos de choque da polícia reivindicando por algo que ache correto. Se deixarmos que o estado crie o hábito de acabar com manifestações desta forma agora, como será quando for a minha, a sua, a nossa, hora de protestar?
Se em um país como este, você não tem discernimento suficiente para
encontrar uma causa que valha a pena lutar, por favor, pelo menos não tente
descredibilizar quem está tentando fazer esse serviço sujo por você.