Rumo a Hegemonia Perdida – Volume II

POSTADO POR: admin seg, 23 de janeiro de 2012

Confira antes o Volume I
Meus prezados,
Escrevíamos anteriormente sobre o advento da
propriedade privada e sua consequente desigualdade social gestada no âmago
(interior) da humanidade. E terminamos apontando para a legitimidade ideológica
(que pode se manifestar em cultos religiosos diversos, cerimoniais, festas,
lendas, “verdades absolutas”) um importante elemento para entendermos o que
pensamos, defendemos e apoiamos o mundo em que vivemos (ou padecemos). Historicamente essa importância tem crescido a ponto de afirmar que, hoje, a
formação de uma ideologia dominante (hegemônica) se dá muito mais pelo
consenso, educação (formação) e propaganda, do que a porrada de outrora. Claro
que isso ainda é bem seletivo. Nem preciso citar milhares de exemplos que
ocorrem diariamente neste país…
Mas
antes de irmos para os “finalmente”, precisamos descrever ainda dois momentos
de rupturas que transformaram nossa sociedade.
O
Primeiro foi a revolução intelectual liberal. Foram revolucionários, pois
rompiam com o direito divino dos reis absolutistas da sociedade em castas e
por nascimento (típico da nobreza), utilizando argumentos racionais defendiam a
“igualdade”
entre os homens (leia-se igualdade entre os homens proprietários).
Pro século XVIII / XIX isso era muito mais subversivo que ocupar a reitoria de
uma universidade pública. Essas ideias se efetivaram no derramamento de sangue
das guilhotinas, espadas, flechas e as pedradas nas revoluções burguesas. Pela
primeira vez a razão e não superstição legitimou a exploração,… agora
industrial.
E
como esse mundo capitalista foi consolidado? 
Na base da porrada (leis
anti-vagabundagens, execuções públicas de descontentes) expropriações (expulsão
de camponeses… Porque será que veio tanto imigrante europeu pro continente
americano?), rapinas (imperialismo na Ásia e na África) e outra coisa mais
importante: sistema educacional universalizado, formando corações e mentes em prol do desenvolvimento dessa magnânima sociedade
produtora de mercadoria de forma extremamente autoritária, repressora. Qual
escola construída até a década de 1980 que não aparenta ser um presídio? (Foucault
explica…)
E o
cara que ajudou a exportar essa nova sociedade para o mundo, foi ninguém mais
ninguém menos que o baixinho Napoleão Bonaparte. Suas guerras e apoio as
colônias inglesas na América foram decisivas para o surgimento de um novo tipo
de Estado. Não mais Absolutista, mas um Estado garantidor da propriedade
privada (indústria, latifúndios), da primazia do indivíduo. Tudo isso ensinado
de geração em geração durante três séculos…
Mas
essa sociedade industrial, colonial, imperialista, tradicional não era mais a
sociedade do camponês, artesão, comerciante e nobre. Era uma sociedade com
camponês, operário, industrial, comerciante, banqueiro, profissional liberal e funcionário público (para gerenciar as novas atribuições do Estado). Boa parte
deles letrados.
Como
manter a coesão social entre tantas classes sociais, com tantos interesses em
disputa?
Continua…