Protestando feito patinhos

POSTADO POR: admin seg, 07 de novembro de 2011

MalDito, mesmo
achando que minha opinião será divergida pela maioria dos leitores do DpM,
socializo minha humilde opinião sobre a onda de protestos que ocorrem em
certos lugares do mundo, inclusive no Brasil. Digo “humilde”, por que (por força maior) estou a
milhares de quilômetros de distância, por que não acredito na Globo ( e nem em
nada) e por que sou um cara humilde também.
Como parece que
os estadunidenses (americano eu também
sou, como eles), europeus e outros antigos “boa vida” (sustentados por séculos
de imperialismo e décadas de exportações de indústrias que aqui chegam para lucrar com
o nosso sangue) começaram a sentir o que já sentimos a mais de 500 anos.
Não que sejamos
amigos. Trabalham como a gente, mas por salários mais dignos e com serviços
públicos superiores, mas ainda assim nunca sofreram as agruras do domínio e da exploração. Viviam
e,m uma espécie de Éden do Estado de
bem estar social, que agora ruiu! E consequentemente foram para as ruas!
O pau tá comendo
na Grécia (cortes de 25% nos salários, fim do 15º, 14º, 13º salários, demissões
em massa…), e nos outros países a população começa a perceber que cedo ou tarde
o ‘movimento grego’ em breve começará a instigar o mesmo em outros países.
Assim, começaram
a pipocar manifestações de massas nos países centrais do capital, inspirados
nas revoltas da população Árabe, que já está devidamente domesticadas pela OTAN e pelas
promessas de “desenvolvimento” feitas pelo livre mercado. A mais emblemática
está acontecendo (e o sarrafo da polícia está agindo com fervor) nos Estados
Unidos com a ocupação da região de Wall Street em Nova York. 
O que é muito
falado,  escrito, e noticiado é o caráter apartidário, apolítico (fico pasmo!) desses movimentos. Também é dito, com sorrisos dos repórteres e ancoras globais, que muitas
dessas mobilizações são iniciadas através das redes sociais.  Em uma manifestação contra a corrupção em
Brasília feita no último dia 12 (feriado), vi na TVBRASIL, manifestantes
coibindo bandeiras de partidos políticos sob a alegação de que a manifestação
era apartidária.
Amiguinhos, vamos ser francos: Existe realmente chance de uma
manifestação contra alguma coisa não defender uma alternativa QUE NÃO SEJA POLÍTICA???? 

“Sou contra a corrupção, a
impunidade,… blábláblá” 

“A política é suja, não me meto nisso! E mais blábláblá ”

Enchem a boca com esse tipo de citações, fazendo  soar como o ápice da subversão do século XXI. Pra mim, nada mais reacionário.
Vamos então ser apolíticos,
apartidários
. Não mais disputaremos eleições, não participaremos de nada que
seja ligado a “políticos”. Então amigos, sinto muito, mas continuaremos reclamando da corrupção e de todo o pacote completo da democracia liberal burguesa.
O que me parece, é que a imprensa e a direita (incluindo o PT), assumem
esse discurso de moralidade associando a corrupção como algo inerente a
qualquer forma de fazer política. Os manifestantes vão às ruas influenciados por esses discursos e voltam pra casa roucos SEM NADA MUDAR. As
instituições públicas e privadas, as políticas públicas, as licitações e
conseqüentemente nossas vidas, continuarão a reboque de quem controla as mesmas
instituições, as mesmas formulações de políticas públicas que os “revoltosos”
chamam de corruptas e se negam a participar.
Sem organizar movimentos populares, sem apoio de outros movimentos
sociais, sem partido político pra disputar a hegemonia do capital (na qual a
corrupção tem um papel decisivo), esses movimentos de facebook e twittaço (que até são louváveis) estarão fadados ao fracasso. Não muda a relação de forças na
sociedade, quem manda vai continuar mandando,… e o pior, sem oposição! É tudo o
que esses canalhas precisam!
Homenageando BNegão: É o verdadeiro protesto dos patinhos.
Parafraseando o filósofo e economista Ernest Mandel: “As idéias que flutuam no ar, o que é escrito no papel; que
são imprimidas ou carregadas pela palavra, não são aquelas que estes senhores
temem. O que temem, é a organização, a ação organizada, as tentativas
organizadas para realizar estas idéias.”