Perturbação Interna – Quinto dos Infernos

POSTADO POR: admin seg, 03 de setembro de 2012

O que fazer quando, do nada, você começa a receber e-mails com relatos sinistros de um desconhecido? Bom, eu resolvi publicar aqui no blog! 
Para isso eu criei essa sub-coluna intitulada ‘Perturbação Interna’ onde venho postando, para dividir com vocês, essas conturbadas palavras que insistem em chegar a minha caixa de entrada.
Apertei o
botãozinho de “foda-se”, hoje e fui ao cinema.
Faz tempo que eu
queria ver esse filme, já está até para sair de cartaz, mas sempre aparece
alguma coisa para atrapalhar; ou é horário de trabalho, ou é a mulher
reclamando que eu vou sair sozinho (não é culpa minha ela não gostar desse tipo
de filme), ou é alguma conta que veio errada e eu tenho que acertar o erro do
banco, sempre aparece alguma coisa.
Saí no meio do
expediente, falei que estava passando mal, e fui para o cinema do shopping.
Chegaria mais tarde em casa, mas também não quis saber; até desliguei o
celular. Sumi.
O pior disso tudo
é que nem assim eu consegui sossego.

Logo de cara, não
achava vaga para estacionar, fiquei rodando no estacionamento até perceber que
um carro estava saindo.
Fiquei na espera,
mas assim que o carro saiu, virando para o meu lado, outro motorista chegou
rapidinho e se enfiou na vaga, dificultando até a manobra do cara que estava
saindo.
Eu nem abri a
boca.
No momento em que
eu vi aquilo acontecendo, eu já decidi o que deveria fazer, e a certeza que
eu faria aquilo me deu calma para continuar dentro do carro e continuar
procurando uma vaga. Mas eu marquei muito bem aquele carro e onde ele estava.
Até decorei a placa.
Mais cinco minutos
e acabei encontrando uma vaga.
Estacionei e dei
uma volta no estacionamento ao invés de ir direto para o shopping.
Fui andando pelo
meio dos carros, e quando localizei o carro do ‘rapidinho’ que tinha roubado
minha vaga, eu tirei o meu chaveiro do bolso.
No meio dos
carros, com as mãos baixas, organizei a chave de casa, a do portão e a do
armário no vão dos dedos, com as pontas para fora, como se fosse umas garras em
miniatura do Wolverine.
Chegando ao lado
do passageiro do carro, ainda com a mão baixa, eu fiz as chaves dançarem por
toda a lataria daquele ecosport preto, começando da lanterna dianteira,
passando pela lataria, pela porta dianteira, pela porta traseira e parei no
meio da lataria traseira, guardando rapidamente as chaves no bolso e andando
normalmente em direção ao shopping, com o maior sorriso mental que um rosto é
capaz de esconder.
Já no cinema,
pouco público no horário de fim de tarde, mas ainda assim, três jovens
animados, sentados algumas fileiras atrás de mim, estavam se divertindo, mas
não com o filme: estavam conversando em voz alta e jogando pipoca em mim.
Eu não precisava
olhar para trás para saber que eram eles. Até existiam outras pessoas lá atrás,
mas acho que já se conformaram em dividir o cinema com tal tipo de animais;
mesmo estando mais próximos, eles continuavam assistindo o filme sem reclamar
do barulho daqueles trastes.
Brigar com esses
merdinhas não adianta, me levantei, os encarei e me sentei atrás deles, e, não
me surpreendi ao constatar que minha atitude não os intimidou em nada. Eles
continuaram conversando.
E não foi só isso,
eles começaram a jogar cegamente pipoca para trás, onde eu estava, sem um pingo
de preocupação.
Eu não sei se é
culpa da porcaria de educação que esses pais bundas-moles dão para os filhos,
ou se os idiotinhas tinham aquela idade mental em que se acredita que quando eles
tampam os próprios olhos, as pessoas não os enxergam. Nem perdi muito tempo me
decidindo sobre isso.
Me levantei,
peguei o saco de pipocas deles, despejei na cabeça de um, e mandei com toda
força um tapa na cabeça dos outros dois.
Espantados, eles
não falaram nada e nem esboçaram reação alguma enquanto eu seguia mais para o
fundo do cinema.
E não só eles, mas
o cinema inteiro não esboçou reação alguma diante deste fato.
Por esse, e por
vários outros motivos, eu me questiono: Sou eu que estou errado? Eu devia
realmente tomar meus remédios e passar paciente sob essas situações? Sou eu que
estou errado? O certo realmente é ignorar tudo isso, baixar a cabeça e seguir
adiante? Enfiar o rabo no meio das pernas e deixar cada um fazer o que quiser
ao seu redor? Sou eu quem precisa de medicamentos?
Só para terminar a
história, na saída do shopping os merdinhas tentaram me acertar com uma bola
que fizeram com o saco de pipocas amassado, erraram e acertaram uma senhora com
um bebê de colo (eu vi isso por um dos espelhos do shopping, estava de olho
neles desde que tinha saído do cinema), cheguei em casa uma hora e meia depois
do normal e contei a mais simples das histórias: inventaram uma reunião no
trabalho para decidir o que fazer com uma verba que o governo enviou e só no
carro é que chegou no celular o aviso que ela tinha ligado, essa (insira o nome
do seu chip de celular aqui) está uma porcaria mesmo.
Independente dos
três merdinhas, o filme nem era tão bom, mas até que eu me diverti hoje.

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