Perigosa volta pra casa (parte 2)

POSTADO POR: admin ter, 07 de fevereiro de 2012

Confira antes a primeira parte

no próximo bairro, paramos no primeiro bar que encontramos aberto. Claro que
naquele horário, poucos ambientes respeitáveis se davam ao luxo de funcionarem em plena atividade. Dentro da categoria luxo, o lugar que entramos não teria colocação. Os frequentadores pareciam sentados em seus lugares desde a
inauguração do local, pareciam definhar nos assentos.
Diferente
de mim, meus três companheiros pareciam bem confortáveis naquele ambiente.
Acomodamos-nos no balcão e logo pedimos a ‘prometida’ cerveja. Com os copos
cheios, brindamos e continuamos nosso papo agradável iniciado ainda na ponte.
Até
então minha mente ainda trabalhava em uma saída para aquela enrascada.
-Sabe
de uma coisa Branco, a gente ia fazer um ganho em cima de você. Mas tu é um
cara maneiro, hehehe.
– Dito isso, um deles levantou a camisa discretamente
revelando o cabo de uma arma.
-Não
sei se a minha ultima namorada deixou algo para vocês levarem.
Todos
riram. Eu sabia que assim como o chamado do bar, problemas com mulheres também eram
universais. Na verdade, na maioria das vezes as duas coisas estão diretamente interligadas.

adentrávamos na segunda cerveja e eu ainda não tinha idéia de como sairia
daquela merda.
Foi
só tocar no assunto ‘mulher’ que uma desse espécime se levantou e atraída
feito um imã caminhou em nossa direção. Ela não fazia o meu tipo, mas o trio de
estranhos que me acompanhavam logo se entusiasmou com a aproximação da fêmea.
A
profissional se apresentou como Bianca e sem rodeios começou a discutir a
tabela de preços dos seus serviços. Era uma mulher no começo da casa dos
quarenta com uma maquiagem exagerada, tatuagem de pantera na perna esquerda, um
cordão com um pingente na forma da letra V (que não existe no nome Bianca) e
disposta a arrebatar nós quatro ali sentados pela bagatela de cem reais.
Foi
solicitado um copo para Dona Bianca que sentou-se no colo do cara armado, tive
medo que aquela porra disparasse. Me refiro a arma, é claro.
E
assim chegamos à terceira cerveja.
Foi
enquanto o grupo negociava o valor do programa que finalmente me surgiu uma
possível rota de fuga.
Anunciei
minha ida ao banheiro. Entretidos com as negociações, eles mal prestaram atenção em minhas palavras. Exatamente como eu esperava.
Fui
me afastando aos poucos, sempre de olho no grupo que agora apertava os peitos
de Bianca como quem conferisse a consistência de uma fruta antes de se comprar.
Imagino que aquela estivesse bem madura.
Na
primeira folga me desviei do caminho e me esgueirei pra fora do bar.

na rua acelerei meus passos para longe dali. Quanto tempo até eles perceberem
que foram enganados pelo Branco?!
Eu
só andava e pedia para que a bunda de quatro décadas de Bianca sentada sobre
aquela pistola me desse o tempo necessário para alcançar o próximo bairro.
Ainda haviam mais seis a serem atravessados e o dia já dava sinais de querer raiar.