Pecando por Incompetencia

POSTADO POR: admin ter, 28 de fevereiro de 2012

O tema de hoje será mulheres. Não que eu seja um
entendedor, pelo contrário, sou um desastre. Certa vez uma garota me falou que
eu trato bem as mulheres erradas, trato mal as mulheres certas e não dou ‘uns
tratos’ nas que deveria dar ‘uns tratos’. Ela provavelmente está certa, se
dizia no grupo das mulheres certas que eu tratei mal. Qualquer dia desses peço
desculpas à ela. Ou não. Sei lá… Depois eu vejo. 
Sou um cara complicado. Especialmente para arrumar
namoradas. Uma prima minha, que é psicologa, me explicou que saboto os
meus relacionamentos antes mesmo que eles se iniciem, apenas escolhendo as
mulheres erradas. Para evitar que esse texto vire uma parada chata falando
apenas de mim, vou contar um causo que rolou comigo em meados do ano passado.
Era uma noite fria pra caralho para os padrões
pernambucanos, cerca de uns treze graus, chovia e ventava. Era o festival de
inverno de Garanhuns e a Nação
Zumbi
 era a atração principal
da noite. Para me proteger do frio me empanturrei de vinho e dançava ao som de
qualquer coisa. Estava me divertindo. Estava bêbado, no meio de amigos, ouvindo
música aceitável e cercado de belas mulheres. 
Até que eu a notei olhando pra mim e rindo. Fiquei surpreso
por alguns mili segundos, mas então percebi que ela ria ao me ver dançando como
um muppet baby. Me
recompus, tomei jeito de homem e fiquei curtindo o meu vinho. Alguns minutos
depois, quando retornei a olhar em sua direção, vi que ela dançava de forma
ainda mais ridícula que a minha. Ri alto e pensei “achei a mulher da minha vida”
Ela parou de dançar, tentou achar algum buraco pra se
esconder e alguns segundos depois ficou olhando pro palco como se nada houvesse
acontecido. Fiquei filosofando à respeito do que deveria dizer até que com os
olhos, ela me jogou um feitiço. Algo que me fez parar de pensar e me puxou em
sua direção. Quando  dei por
mim estava a sua frente sem ter a mínima noção do que dizer, ela fez cara de ‘e ai?’ e eu soltei uma das frases mais
estúpidas da minha vida:
-Você não tem idéia de como que estou feliz de ter
encontrado alguém que dança pior que eu.
Ela riu ao ponto de uma lágrima correr pelo seu belo rosto,
e a próxima coisa da qual eu me lembro é do seu beijo. Digo sem medo de errar
que foi o melhor beijo que já dei em minha vida. Sei lá o que tinha de tão
especial, sei que me impressionou. E apesar de todo o alcool que ingeri naquela
noite, até hoje consigo me lembrar a perfeição com a qual sua boca tocava a
minha. Ficamos juntos aquela noite, curtimos um belo show, levamos chuva,
bebemos vinho, rimos, sarramos. Foi uma noite perfeita. Tudo perfeito. Na
verdade, quase tudo. Sabe-se lá por que eu não consegui decorar seu nome.
Acho que perguntei umas doze vezes. Se ela estivesse sóbria provavelmente
ficaria muito puta, mas ela estava quase tão bêbada quanto eu. Nos
despedimos e fiz a burrada de anotar seu numero em meu celular sob o nome de “meu amor”. Que
merda! Nunca façam isso. Ao acordar no dia seguinte, pensei o que diria quando
ligasse e a imaginei me perguntando se eu lembrava de seu nome. Fiquei
desesperado. Não liguei.
.
Minha prima me falou que eu não
liguei porque eu não queria destruir a imagem de mulher/noite perfeita que
ficou em minha mente. Eu falei que ela estava bêbada e não sabia do que estava
falando. Mas ela sabia. Fiquei olhando pro telefone, vi o número do ‘meu amor’, pus o dedo sobre o
botão de discar, fechei os olhos… e coloquei o telefone de volta no bolso.