PÉ de BARRO – Os Tombos de Maromba

POSTADO POR: admin sex, 05 de setembro de 2008

Ainda estamos dedicando toda nossa atenção a série Pé de Barro que vem sendo publicada no blog, se você não sabe do que eu estou falando, mostre que você é perspicaz, clique na imagem da barra lateral ao lado e acompanhe desde o começo essa saga,….
PÉ de BARRO – Os Tombos de Maromba
Reféns do que virá (parte 2)
3.
A chuva se foi, e o amanhã chegou, acordei animado. Colocamos nossas roupas e lençóis para secar em um varal improvisado nos galhos das árvores. Agora com mais calma, podemos apreciar melhor o cenário esplendoroso que nos cercava no camping.
Fizemos um saboroso desjejum ali mesmo na cantina do camping, feitos por Dona Martinha, sempre com um sorriso carismático na face, junto com os outros integrantes do camping que começavam a acordar. Cristina não ficou feliz em ver que as duas amigas ripongas que vieram conosco na van, estavam no mesmo camping que a gente.
-E então? Como foi a primeira noite de vocês em Maromba? –Elas perguntaram.
-Fria e molhada.-Respondi- È sempre assim?
-Quase sempre…mas ontem ventou muito né, a barraca de vocês não parava de balançar,…rsrs.
Cristina ficou acanhada, eu encarei como um elogio.
-Vocês devem ter sofrido dentro dessa barraquinha aí.
-Pois é, olhando daqui, parece uma maquete onde a barraca de vocês representam prédios, e a minha barraca uma favelinha. È a toca do Gugu.
Todos rimos, menos Cristina que me olhava de cara feia, por ciúmes.
-È a primeira vez de vocês em Marombra?-perguntou um rapaz que estava tomando café em outra mesa, acompanhado pela namorada.
-È sim, a decisão de vir pra cá foi meio que de supetão, não sabiamos o que iriamos encontrar.
-Chegaram quando?
-Ontem, no final da tarde. Eu sou o Marques, e essa é a Critina.
-Essa é Sarah a minha namorada, e eu sou o Forte.
-Forte?
-É assim que me chamam.
-Eu sou Luciana, essa é a Carina.-Se apresentaram as duas amigas.
-E então? Vamos pra cachoeira? – perguntou Forte.
-Claro,… porque não. Só da mais um tempinho pra gente arrumar umas coisas e vamos com vocês.

De volta a barraca, decidimos organizar nosso dinheiro. Precisávamos separar o dinheiro para pagar o camping, para comermos, para a passagem de volta e é claro para as cervejas e cigarros. Como Cristina era a mais controlada, ficou incubido a ela, a guarda do dinheiro da passagem de volta. O resto ficou comigo.
Quando partimos para a cachoeira ainda tinha gente acordando no camping.
O caminho até a cachoeira foi longo e cansativo. Forte contava várias das suas experiências anteriores em Maromba enquanto caminhávamos, ele dizia que a cachoeira para onde estávamos indo se chama Cachoeira dos Cristais. Não perguntei o porque, a resposta me parecia óbvia, mas Cristina não teve o mesmo raciocínio.
-Porque se chama cachoeira dos cristais?
-È,…porque lá tem cristais nas pedras. – Respondeu Forte. Bingo!
O visual da cachoeira, era realmente magnífico. Havia poucas pessoas por lá. Toquei na água, e estava tão fria que e até a minha alma congelou.
-Eu não entro nessa merda! – Minha frase foi acompanhada pelo “tchibum” do Forte pulando na água. Acompanhado por Luciana e Carina. Me calei e fui comprar uma cerveja nos vendedores com isopor. Quando voltei, Cristina conversava animadamente com Sarah. Cristina sempre foi escandalosa ao conversar, sempre falando mais alto do que o necessário e gesticulando parecendo um pássaro aprendendo a voar. Em um desses seus jestos sem direção ou cálculo prévio, ela esbarrou nos meus chinelos que estavam encima de uma pedra ao seu lado, lançando-os na água. Enquanto a correnteza os levava rio a baixo, eu tentava apará-los com um galho, inutilmente,…fui obrigado a mergulhar naquela água gelada. Amaldiçoei Cristina, e pulei.
Quando voltei a terra, Cristina me esperava com seus pedidos de desculpas. Dei um simpático sorriso, lhe beijei na testa e joguei ela na água.
-Agora está desculpada amor!
Na volta para o camping, acabei descobrindo mais uma regra de Maromba: “Os caminhos de volta, são sempre mais curtos!”, era impressionante, pois apesar de estarmos voltando pelo mesmo caminho que fomos, chegamos ao camping, muito mais rápido. Mais tarde eu descobriria que essa regra servia para todos os caminhos de Maromba.

Eu e Cristina chegamos famintos ao camping. Compramos salsichas e macarrão, para cozinhar na cozinha coletiva do camping, pensando na economia sempre. Na cozinha do camping encontramos mais um veículo de comunicação muito popular nos campings,…a placa, essa em especial dizia “Por favor, mantenha a cozinha limpa. Multa de 20 Reais para quem deixar a cozinha suja. Grato!”. Pagar 20 conto a mais, anima qualquer um a lavar a louça.
Por conta do excesso de árvores que faziam muita sombra, nem toda nossa roupa havia secado ainda. Cançados depois de se entupir com salsicha e macarrão, pegamos no sono.

Acordamos já no fim da tarde com uma nova chuva, que molhou as roupas que sobraram no varal improvisado de galhos de árvore. Estavamos novamente entediados e enclausurados na barraca. Acendi um cigarro.
-Ei! Você já se esqueceu da regra de não fumar dentro da barraca?
-Claro que não esqueci, mas essa regra só serve pra você, eu sou cuidadoso.
-Não vem com essa Marques. Me dá um trago aí!
-Um trago só viu, e na minha mão, porque eu não confio em você com o cigarro na mão.
-Deixa de ser palhaço. Essas chuvas estão ferrando com a gente. E agora heim,…o que vamos fazer?
-Adivinha,…apaga a lanterna.

Continua aqui…