PÉ de BARRO – Os Tombos de Maromba!

POSTADO POR: admin ter, 02 de setembro de 2008

Como prometido, hoje, terça feira, continuamos com a nossa série. Se você pegou o bnde andando, e tá perdido no que tá rolando no blog, sugiro que clique na imagem da barra lateral ao lado e comece desde já a acompanhar essa série de contos…
PÉ de BARRO – “Os Tombos de Maromba!”
Reféns do que Virá (parte 2)
2.
Maringá ficou para traz e, em meia hora, finalmente estávamos chegamos em Maromba. O motorista careca anunciou que só iria até a entrada da cidade pois devido às ruas estreitas da Vila de Maromba e o excesso de carros na praça central, manobrar a van seria muito difícil. Restava caminhar cerca de cem metros até o centro de Maromba.
Assim que coloquei os pés para fora da van eles se atolaram em um barro vermelho.
– Merda!!
Sentei no banco da van novamente e tirei os meus únicos pares de tênis e de meias, agora sujos de barro, preferindo atolar de vez o pé no barro. As duas amigas, vendo a minha situação, não demoraram em fazer piadas de mais um novato em se tratando de Maromba.
– É uma regra por aqui… em Maromba, asfalto não faz falta.
Soltei um sorriso amarelo e fui tirar a minha mochila da van. Vi Cristina tentando se equilibrar em seus tamancos no barro fofo e, enquanto afundava, tentava tirar sua pesada bagagem do veículo.
– Amor… me ajuda aquiiiii!
Eu sabia que mais cedo ou mais tarde era pra mim que sobraria a árdua tarefa de carregar aquele peso todo pelos cem metros de chão até o centro de Maromba, mas decidi que não deixaria aquilo estragar o resto do meu dia. O sol logo iria se pôr e ainda tinhamos que procurar um lugar para ficar que se encaixasse dentro do curto orçamento que nos restava.
Seguimos pela única rua em direção ao centro da pequena vila e conforme adentrávamos, éramos cercados por casinhas simples e pequenas dos mais diversos formatos. Parecia algo saído de um desenho animado, com muitas cores e artesanatos. Agora as histórias que eu ouvia sobre duendes em Maromba faziam sentido; mesmo um cético como eu tinha que dar o braço a torcer pois, se existe algum lugar no mundo para se ver duendes, aquele era o lugar.
O centro de Maromba era composto por uma praça com uma igreijinha, bares, pensões e campings lotados de jovens das mais diversas tribos e origens. A sensação era de anarquia geral. Em frente ao bar “Cowboy”, alguns hippies expunham seus “trampos”, como eles costumam chamar os ornamentos feitos por eles. Eu chamo de lixo inútil.
– Com licença… posso mostrar o meu trabalho aqui pro casal? Olha só essa pulseira aqui, tudo a ver com sua namorada… tem uns “cordão” aqui também.
– Não somos namorados.
– Só por causa desse seu comentário infeliz, agora tu vai ter que comprar uma pulseira dessas pra mim.
– Qual é Cristina?! Tu sabe que nosso dinheiro tá contadinho, não dá pra ficar gastando com bobeira… uma paradinha dessa deve custar no mínimo… uma cerveja!
-Poxa… aí, pode ser, paga uma cerveja que a sua namor… gatinha leva a pulseira.
-Como?
-É isso aí “Brodi”, na paz… .paga uma cerva pela pulseira.
Paguei a cerveja. só porque achei aquilo tudo um tanto pitoresco. Cristina escolheu a pulseira e seguimos nossa procura por um lugar para nos estalarmos, mas não sem antes o hippie me filar um cigarro, será que eles nunca tem um maldito cigarro?
Nosso pequeno orçamento não nos permitiria luxo, caminhamos sem direção, tudo parecia estar lotado e não conheciamos o lugar, mas só havia duas ruas para seguir. Escolhemos uma que seguia morro acima.
Encontramos uma plaquinha que dizia “Camping Véu de Noiva, há vagas!”. Uma pequena ponte de madeira que cruzava um riozinho de água muito limpa denunciava a entrada do Camping Véu De Noiva.
Fomos muito bem recebidos pelo casal de donos do camping e uma outra placa atrás deles avisava que a diária estava dentro do que podiamos pagar. O banheiro e a cozinha eram coletivos para todo o camping, mas eles mantinham uma espécie de cantina onde se podia conseguir cerveja, café, pão com ovo e outras iguarias anotando na conta da barraca.
Por falar em barraca, enquanto procurávamos o lugar ideal para montarmos a nossa, eu reparava o quanto eu ainda era amador na vida de aventureiro. As barracas que já estavam montadas no camping eram profissionais, todas para 4 ou 5 pessoas. Armei nossa humilde barraca infantil, assistido por Seu Celso, o dono do camping, enquanto sua esposa, Dona Martinha, conversava com Cristina.
Quando nos instalamos já não se via mais o sol, mas vimos a chuva que pensávamos ter ficado para trás chegar de surdina, oculta pelo cair da noite. Pulamos para dentro da barraca que, já de primeira, mostrava que não suportaria a pesada chuva que castigava Maromba. Apertados feito sardinhas em lata dentro daquele cubículo, dividindo espaço com nossas mochilas e vendo a água entrar através da fina lona da barraca, amaldiçoei a idéia da viagem.
A noite anunciava que ia ser além de molhada, bastante fria. Pela lona da barraca, vi alguém se aproximar da porta da barraca com uma lanterna. Eu abri o zíper da barraca e me deparei com Seu Celso abrigado por um guarda-chuva.
– Eu tenho umas lonas aqui, acho melhor você cobrir sua barraca com ela.
Ele me ajudou a cobrir a barraca com uma lona preta, bem mais resistente. Foi a salvação da lavoura.
Antes que Cristina pegasse o maço de cigarros na bolsa, anunciei:
– Nada de fumar dentro da barraca.
– O quê?
– Se tiver um furinho de cigarro aqui, minha mãe me mata.
– Eu tomo cuidado, amore.
– Nem a pau! Tu é toda destrambelhada. Não vai fumar e ponto.
– Porra, não pode fumar, não tem como sair nessa chuva e agora vamos fazer o que?
– Hummm… eu tenho uma idéia. Apaga a lanterna – parti para cima dela, beijando-a e colocando as mãos em seus seios…
Transamos e depois dormimos.

Continua aqui…