Os relacionamentos da figura paterna em livros de fantasia e na ficção

POSTADO POR: admin dom, 11 de agosto de 2013

Problemas com os pais possuem uma longa história como parte da literatura. Eles parecem estar entre os motivadores psicológicos mais comuns entre os personagens de uma trama. Star Wars, por exemplo, é tudo sobre o relacionamento de Luke com o pai. Primeiro, ele pega seu sabre de luz em um esforço para honrar seu pai (e talvez buscar vingança), até que ele descobre que na verdade Darth Vader é seu pai, então ele finalmente tenta resgatá-lo do lado negro. 
Eu acho que parte disso é porque muito da fantasia (embora não todos) tende a ser dominada por homens, ou reflete uma sociedade machista. Personagens masculinos costumam desenvolver associações fortes com seus pais.

Isso não significa necessariamente que as mães não são igualmente importantes ou representadas, especialmente quando se faz alguma referência a torpe madrasta malvada. Porém, como (alguns) estão comemorando a época de dia dos pais, é sobre eles que voltamos nosso foco nesse momento…

O pai ausente
Um pai não tem que ser necessariamente a base da formação do caráter de sua prole. Voltando ao exemplo da saga Star Wars, Luke cresce acreditando que seu pai está morto. Apesar de Vader / Anakin lançar uma enorme sombra sobre a vida de Luke, ele nunca conheceu o pai, a coisa mais próxima que ele tem disso, é o tio Owen. Em muitas histórias de fantasia, o pai ausente está morto e seus filhos são deixados com a mãe ou outro parente qualquer. Outras vezes, o pai abandonou, desapareceu de alguma forma, ou então a criança simplesmente o excluiu fora de sua vida.
Fitz, da obra ‘O Aprendiz de Assassino’ de Robin Hobb, é um bastardo que consegue descobrir quem é seu pai, mas infelizmente nunca chega a desfrutar algum tempo com seu progenitor antes que ele morra. Ele acaba se desenvolvendo com outras “figuras paternas”, mas os relacionamentos nunca são fáceis.

O pai substituto
Uma solução para o pai ausente é o personagem encontrar um substituto, alguém que assuma esse importante papel, literalmente ou figurativamente. Na verdade me refiro ao sentido de ‘aspiração’ de pai, sendo em alguns casos, até uma mulher.
No caso do eterno perdedor destinado à grandeza, a figura do pai geralmente toma a forma de um sábio ancião, algo como Merlin da lenda do rei Artur ou Dumbledore de Harry Potter. Outro possível substituto, muitas vezes, vem de alguém que era um companheiro ou contemporâneo de um pai ausente. Harry Potter, por exemplo, tem Sirius Black, um dos melhores amigos de seu pai.
O pai coruja
A relação entre Bilbo e Frodo é um exemplo disso. Claro, Bilbo não é o pai de Frodo (ele é mais como um primo), mas nunca vemos o pai de Frodo nos livros e Bilbo acaba exercendo essa função paternal, principalmente, ajudando a criá-lo. Foi para Frodo, que Bilbo deixou o seu bem mais precioso (para não mencionar o Bolsão, para o desespero dos outros parentes). A busca de Bilbo literalmente torna-se a busca de Frodo, como se fossem pai e filho.
E depois há Elrond e a filha Arwen, e seu amor por Aragorn, onde ela deve optar por seguir os Elfos ou tornar-se uma mortal. O rei elfo realmente ama sua filha e não deseja vê-la desaparecer, mas por uma outra análise, muitos diriam que ele deveria deixá-la ‘seguir seu coração’.
O pai perigoso
Alguns pais são simplesmente desagradáveis, muitas vezes o oposto dos filhos, chegando até a tentar matá-los. Nessas relações, os filhos podem tentar agradar ao pai (a maioria sem sucesso) ou podem trabalhar ativamente contra eles.
Continuando em Tolkien, um dos relacionamentos mais disfuncionais entre um pai e filho ocorre entre Denethor e Faramir em O Senhor dos Anéis, algo que foi destacado ainda mais nos filmes. Faramir, apesar de ser mais parecido com o Denethor que o irmão, parece decepcionar continuamente seu pai. Denethor não gostava da proximidade de Faramir com Gandalf, e mais tarde ele se irrita por Faramir deixar o anel escapar. Já Faramir quase morreu em um esforço para obedecer ao seu pai. Isso culmina em Denethor quase queimando seu filho vivo, e só os esforços combinados de Gandalf e Pippin para salvá-lo.
Filhos sinistros
O outro lado da categoria anterior é quando o pai geralmente é gente boa e os filhos são terríveis, também conhecidos como a ‘sementinha do mal’. 
Então, é claro, há o Rei Joffrey Baratheon / Lannister do Games of Thrones de George RR Martin. Fruto de um incesto que parece ter afetado seriamente a formação do seu caráter. No mundo de Westeros, onde a maioria das personagens são pintadas em tons de cinza, Joffrey é, muito claramente, um monstro. Ele é cruel, imoral, avarento, e sádico. Até sua mãe reconhece isso. Com não um, mas dois pais ausentes, ele é um exemplo perfeito de como a falta desse elemento na equação de uma família pode gerar sérios problemas na cabeça de uma criança. 
E já que tocamos nesse assunto inevitável …
As Crônicas de Gelo e Fogo / Game of Thrones

Senti que precisava de uma seção separada apenas para cobrir os vários pais desta saga. Com o seu enorme elenco de personagens, muitos deles oriundos de famílias nobres, não é de se admirar que os pais ocupem grande parte da história. A vingança pela morte de um pai, por si só, já motiva muitos personagens (Robb e Arya, até mesmo toda a trama da Daenerys é iniciada pelo assassinato de seu pai, o rei louco). Pais, pais, pais de todos os tipos, abundam pela série.

A paternidade de Ned tem um efeito enorme sobre seus filhos, e sua moral é algo que os seus filhos acabam incorporando em suas personalidades. Sua morte tem um efeito enorme sobre as proles, estimulando Robb à guerra, transformando Sansa em uma prisioneira e lançando Arya em um caminho sangrento. Alguns poderiam argumentar que Ned deixou os filhos despreparados para as crueldades do mundo como elas são.
Já Robert Baratheon era um pai horrível. O rei convivia com mais desgraças do que o Trono de Ferro tem espadas. Ainda assim, ele se preocupava mais com suas amantes e com a caça do que com sua família. Mesmo assim, Joffrey, acreditando ser o filho herdeiro de Robert, ainda fala muito bem dele. 
A série é praticamente um catálogo de maus exemplos para péssimos pais. Balon Greyjoy se ressente por seu filho ter vivido durante todos esses anos no norte decadente. Stannis Baratheon praticamente mantém sua filha Shiree trancafiada em Pedra do Dragão. Randyll Tarly, o pai de Samwell, parece ser desumano. Roose Bolton é um psicopata com um filho bastardo sádico. E ainda temos que lidar com Craster, o selvagem, um monstro que mata todos os seus filhos do sexo masculino e se casa com suas filhas.
Sir Davos Seaworth é um dos poucos personagens que pode ser considerado um bom pai. Grande parte de sua motivação tem a ver com sua família. Infelizmente, a paternidade de Davos não é recompensada quando ele perde quatro filhos na Batalha da Água Negra.
Isto é realmente apenas uma amostra de alguns relacionamentos entre pais e filhos em livros de fantasia e na ficção. Tenho certeza que acabei deixando vários de fora. Por favor, sintam-se a vontade para mencionar alguns dos seus favoritos nos comentários. 
(E para todos aqueles que possuem motivos para comemorar, Feliz dia dos pais!)