Oprimidos por essa tal liberdade

POSTADO POR: admin dom, 18 de março de 2012

Pertenço a uma geração que teve parte da infância vivida ainda sobre a rege da ditadura militar, mas que não sofreu grandes marcas desta era. Éramos apenas crianças, e quando alcançamos idade suficiente para entendermos o que era um sistema ditatorial, os militares já tinham largado o poder e estávamos mais interessados em pintar a cara e ir pra rua gritar ‘Fora Collor’!
Daquela época só nos restaram algumas histórias contadas por nossos pais. Minha mãe, por exemplo, sempre relembra que estava comigo no colo bem no Riocentro quando estourou a famosa bomba de 1981 que marcou a decadência do regime militar no país. 
Os
relatos que nos chegam sobre a época são sempre apavorantes, envolvem torturas,
censuras, perseguições, mortes,… São os assustadores anos de chumbo do Brasil.
Com a ajuda de alguns livros, filmes e seriados nacionais sobre o assunto, a
gente acaba criando toda uma contextualização de como deve ter sido viver
naquela repressão toda. E da pra deduzir que não foi fácil mesmo.
Ainda
bem que crescemos bem longe disso tudo. Em um mundo livre das opressões do sistema. Em um tempo de democracia.

mesmo tendo vivido esse período de transição pra perceber o quanto o país mudou
de lá pra cá.
Torturas,
censuras, perseguições e mortes, que eram privilégios exclusivos dos militares,
hoje estão ao alcance de qualquer cidadão.
As
crianças tinham acesso aos mais diversos tipo de quitutes na cantina da escola (Que terrível!!).
Podia-se fumar em qualquer lugar, cigarros normais ou com sabor, em qualquer
ocasião e até em avião (Que absurdo!!). As piadas do Costinha sobre judeus, negros e gays não
eram censuradas (Dá pra acreditar nisso?!). Música com duplo sentido só tocava se o sentido duplo viesse
com algum papo cabeça sobre a revolução (Sério? Nenhuma referencia a bunda?). Filme nacional tinha que ter no mínimo
cinco pares de peitinhos diferentes (Média de três para as novelas). Um chefe
de família sustentava a casa apenas com seu salario, o que tornava o trabalho
da mulher desnecessário (Que machismo!). Um casal podia tirar um sossegado sarro improvisado em um canto escuro sem correr o risco de ser flagrado por uma câmera de segurança e parar na internet (Que falta de vergonha!)…E por aí vai. Realmente tempos difíceis.
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E os nossos pais ainda tem coragem de chegar com a cara mais mal lavada do mundo e dizer: ‘Vocês não sabem de nada. No meu tempo sim que era bom!’
Mas
que porra é essa? Não foi pra isso que nós fizemos a revolução.