O que não fazer ao escrever ficção erótica

POSTADO POR: admin ter, 20 de junho de 2017

O sexo é de vital importância para todos nós, praticamente o cerne do que significa ser humano. Provavelmente um dos últimos elos com o nosso lado primitivo. Portanto, não é de se espantar que o assunto domine uma grande fatia da internet e seja assunto na maioria dos sites e blogs que bombam em acessos com a mesma malícia dos programas que exploram dançarinas semi-nuas na TV.

Justamente por ser algo tão presente em nosso cotidiano, que o tema deveria ser tratado com a seriedade que ele merece, tanto por leitores quanto por escritores. Apesar da abundancia de conteúdo a respeito, encontrar uma boa história erótica bem é coisa rara.
Eu acredito que para se escrever bem sobre sexo, precisamos resistir a versão da sexualidade que nos é vendida pela indústria. Mais especificamente, a ideia de que o desejo só pode ser despertado por perfeitas conjunções de superficialidades.
Como podemos ir mais a fundo no assunto? Aqui estão algumas dicas úteis para quem pretende começar a escrever ficção erótica:

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1. Respeite o Gênero. Respeite o Leitor
Ao escrever sobre sexo, traga para a narrativa a mesma consideração e respeito que usaria com qualquer outro gênero que você abordasse. Suponha que o leitor queira (e seja capaz de apreciar) algo que seja mais que um mero veículo de incentivo a masturbação. 
Não há nada de errado em excitar-se, na verdade, esperamos que os leitores fiquem excitados quando lerem o que você escreveu, mas certifique-se de afetar os seus leitores entre as orelhas, tanto quanto entre as pernas.
2. Poupe-nos do pau
A haste pulsante, o falo encantado, o guerreiro armado, estes e todos os outros eufemismos usados para descrever partes do corpo masculino. Todos nós somos grandinhos e conhecemos bem a anatomia de um homem, não precisa se perder em referencias ao membro do nosso herói, ou endeusar sua ferramenta. Assim fica parecendo que você só teve um exemplo inspiratório em todo a sua vida ou, quem sabe, nenhum.
Da mesma forma, não se refira a cavidade da nossa heroína como um túnel ou o centro de sua feminilidade.
3. Menos é mais
Não gaste linhas com descrições golpe a golpe do ato sexual. A mecânica do movimento não é importante, já a dinâmica emocional entre as personagens, isso sim, é algo interessante. Qual a fantasia que os amantes estão experimentando? Qual é a dinâmica do poder entre eles? Quais segredos, desejos, rancores, inseguranças e memórias estão em jogo aqui? 
Diga-me algo que eu não tenha ouvido antes.


4. Fique na realidade

Duas pessoas perfeitamente bonitas fazendo sexo em êxtase é simplesmente a coisa menos interessante que eu consigo imaginar. A chave para qualquer cena ficcional é o conflito e a tensão. Está tudo bem para os personagens se eles se sentirem desconfortáveis, com raiva ou com medo dentro de uma cena sexual. Não tem problema se o homem tiver uma barriga ou usar óculos, ainda assim ele pode ser excelente para uma mulher de seios firmes ou amplas proporções. Muitas vezes somos atraídos pelo outro as escuras por suas estranhezas, tristezas e vulnerabilidades.

5. Use os sentidos

Explore todos os cinco sentidos ao descrever uma cena erótica. A curva de um quadril. O cheiro do couro. O gosto da bebida que o casal compartilha. O som da chuva no telhado. A textura da grama em um campo isolado. A fantasia convincente exige um certo imediatismo, coloque o leitor no mesmo ambiente dos seus personagens.
Ao ler somos transportados em uma viagem, e não há razão para que a escrita erótica não siga a mesma visão original e criativa de qualquer outro gênero literário.
6. Evite o exagero
Acredito que: quanto mais extremo a cena é, mais contido a linguagem precisa ser. Um bom exemplo é a estrutura da história de ‘Nove semanas e meia de amor’, que traz um estilo de narrativa discreta e simples, que é responsável por grande parte de sua credibilidade.

7. Seja autêntico

Se estou trabalhando em uma cena de sexo em que eu não estou envolvido, sei que provavelmente não será um conto muito eficaz. Se você não estiver excitado e incomodado ao escrever, as chances são boas de que ocorra o mesmo com os seus leitores. Por outro lado, se você conseguir escrever sobre o que realmente te excita, não importando o quão estranho ou mortificante isso pareça, o leitor, por sua vez, também será afetado. Você não pode fingir isso, e também não pode jogar na retaguarda nesse campo. Ou seja, vai precisar de uma boa dose de coragem.