O que falta para essa manifestação virar uma revolução de vez

POSTADO POR: admin seg, 17 de junho de 2013

Caro amigo MalDito… Você viu? 

Mas que besteira essa pergunta minha. É claro que você viu. Todo mundo viu . E todo o mundo está sabendo que finalmente entornou o caldo fervente desse caldeirão chamado Brasil, e o povo resolveu sair as ruas para fazer história. Até porque as que já temos escritas por aqui são bem mal contadas.
Como você deve saber, quando a coisa engrossa dessa maneira, tem grandes chances daqueles obscuros ‘homens de terno’ me forçarem a tirar umas férias forçadas fora do país.

E antes que eu fique incomunicável em alguma republiqueta de bananas por aí,… Eu, que já sou velho de guerra e já vi muitas coisas que você só leu em seus livros, gostaria de compartilhar um pouco da minha experiencia em forma de reflexões sobre essas manifestações que começam a eclodir por todo o território nacional em um momento que os brasileiros não sabem bem o que querem, mas sabem muito bem o que NÃO querem.

Sem querer ser pessimista, apesar de toda essa ‘paixão ideológica’ arrebatadora que tem arrastado multidões pelas ruas das grandes capitais, sinto em dizer que temo que todo esforço acabe sendo em vão pela falta de alguns ingredientes básicos, mas extremamente necessário, para validar uma manifestação popular como uma legítima agente de mudança social.
Ou seja meu camarada, confira os itens que citarei abaixo e fique atento nas próximas semanas, pois se acaso eles foram adicionados a essa receita de insatisfação que tem movido o povo, é porque certamente alguma coisa vai mudar.

1° Passo- Determinar um foco e objetivo.
Sabemos que a luta começou com o preço do transporte público, mas a guerra agora já não é mais pelos 20 centavos. Posso listar aqui uma série de reivindicações que se misturam em meio as vozes dos manifestantes, portanto é bom decidirmos um objetivo claro e logo, antes que o governo regrida nesse valor da passagem ( o que é mole pra eles), e a gente acabe sem argumento e se calando por um valor tão irrisório.

2° Passo- Definir um nome/título para esse manifesto.
Enquanto não definirem sua identidade, toda e qualquer manifestação sempre correrá o risco de ser tratada pela mídia com todo tipo bizarro de adjetivos pejorativos (como vândalos, baderneiros, ou anarquistas). 

3° Passo- Conhecer os líderes do movimento.
Muito se escuta falar sobre os ‘líderes desse movimento’ , mas confesso que enquanto os nomes e rostos desses ‘benfeitores’ não vierem a público, vou continuar com a pulga atrás da orelha. Só assim saberemos a quem cobrar caso essa liderança, após uma reunião com o governo, apareça com uma mala de dinheiro em uma mão e uma repentina mudança de opinião na outra,… vide o caso Lindenberg e a ‘geração cara-pintada’.

4° Passo- Contar com a classe artística na manifestação.
Essa parte sei que vai ser bem complicada, até porque aqui no Brasil temos muitos entretores, mas lamentavelmente poucos artistas de verdade (e alguns mamam nas tetas do governo com mais gula que muitos políticos), mas se tem uma coisa que inibiria a ação truculenta da polícia, são rostos conhecidos em meio aos manifestantes.
Se você contribuiu durante anos para a carreira de algum cantor, banda, ou atriz que seja, avisa pra eles que chegou a hora deles usarem toda essa exposição ganha na mídia para algo realmente útil.

5° Passo- O nascimento de um mártir.
Eu, sinceramente, espero que não cheguemos a tal ponto, mas se as coisas continuarem nessa pegada de confronto, é provável que haja mortes. E se o governo cometer essa covardia estupidez, iremos testemunhar o nascimento de um mártir. Aí meu amigo, com um nome, objetivo, e rosto bem definidos, tu pode se preparar porque cabeças irão rolar.

Não sei quando poderei lhe escrever novamente, então, gostaria de já deixar registrado aqui que para esse nobre papel de sacrifício em nome da revolução, não consigo pensar em outros nomes que não o seu e dessa corja que te ajuda a tocar essa bagaça que tu chama de blog.
Assim não teríamos uma grande perda pra humanidade, e com sorte pode até ser que alguém, acidentalmente, acabe lendo o que vocês escrevem.
Em tempo de guerra, urubu é frango.