‘O Livro Maldito’ pode ser proibido no Brasil

POSTADO POR: admin qua, 28 de novembro de 2012


Primeiro uma reportagem sobre o assunto:
Um livro que ensina práticas criminosas está nas prateleiras de livrarias e em lojas online, mas a Polícia Civil do DF quer impedir a venda do produto. A publicação “O livro maldito” é alvo de uma representação na Justiça para que os exemplares sejam apreendidos no comércio local. O livro tem capítulos que ensinam macetes para criminosos, como assaltar bancos e abordar vítimas armado com uma faca.
Tudo isso em uma linguagem voltada para o público juvenil e com ilustrações de algumas das práticas. O livro é considerado pela polícia como um manual do crime. Na capa, abaixo do título, há a mensagem “tudo o que precisa saber se não for um Mané”. Um selo, também na capa, diz: “conteúdo 100% perverso”.
No material de divulgação do produto, a editora (Best Seller) diz se tradar do “resultado bem-humorado de uma pesquisa realizada pelo publicitário Christopher Lee Barish, um curso completo com todas as artimanhas, jogatinas e ilicitudes necessárias para ser considerado um ‘homem mau’”.
Chama a atenção na publicação partes que trazem descrições de como abrir uma fechadura, assaltar um banco, passar em detector de mentiras, forjar a própria morte, falsificar dinheiro e até contrabandear drogas.

O sociólogo Antônio Flavio Testa considera o livro prejudicial para a formação de jovens e adultos.
— Esse tipo de literatura nem devia entrar no mercado.
O autor é um publicitário chamado Christopher Lee Barish. Ao pesquisar por seu nome na internet, não há informações precisas sobre ele, o que pode ser um indício de que o verdadeiro responsável pelo conteúdo use um codinome.
como visto em R7 notícias

Agora sim, algumas palavras sobre o assunto:
Muito bem. Eu tenho, já li, e até fiz uma resenha sobre este livro que você pode conferir CLICANDO AQUI antes de adentrarmos no ‘assunto’ propriamente dito.
Me parece que essa matéria repercutiu principalmente em Brasília (sempre lá) onde a Record regional exibiu uma reportagem de quase 10 minutos sobre o caso em que chegou a entrevistar um sociólogo, uma psicóloga, e uma deputada para assinarem embaixo da tal proibição. Você pode conferir o vídeo da matéria na integra CLICANDO AQUI.
Senti falta de alguém que representasse a classe literária,… um escritor, cronista, editor, ou qualquer artista que pudesse expressar um outro angulo de visão sobre a polêmica. Mas como isso só ocorreria em um jornalismo imparcial (coisa que desconhecemos no Brasil), seria demais esperar esse tipo de coisa de uma filiada da Record do Distrito Federal. Então na falta de alguém inteligentemente suficiente para defender o lado ‘barra pesada’ da questão, acabei me voluntariando para receber esses tomates na cara.
Como leitor, posso dizer que me diverti muito durante esta leitura, e afirmo que o livro é bem mais inofensivo do que parece. Na verdade seu palavreado pesado, sua cara capa de mau, seus capítulos rebeldes e suas chamadas maliciosas, são mais uma jogada de marketing do que realmente um preceito que o livro tente ensinar a alguém.
Até porque 80% dos tópicos desse livro são totalmente impraticáveis, ou tão prováveis de serem postos em prática quanto qualquer cena de ação de um filme do gênero.
Ou seja, você aprendeu as manhas de se roubar um casino de Vegas em ’11 homens e um segredo’, mas duvido muito que você reúna o seu time de pelada de final de semana para tentar essa estupidez. O mesmo vale para as nossas novelas, nós vimos como a assassina de Odete Roitman conseguiu escapar do país sem ser presa pela polícia, mas nem por isso nos achamos aptos a praticar um ato semelhante.
Com este livro não é diferente. Não há nada em suas páginas que você já não tenha visto parecido no cinema, em series da TV, histórias policiais, ou que não encontre com uma simples pesquisa no google.
Pra falar a verdade, eu acho o conteúdo deste livro até que muito bobo para os padrões culturais da criminalidade brasileira. Seja sincero, você acha mesmo que algum gringo tem alguma coisa a mais sobre ‘malandragem’ que possa ensinar a algum malaco nascido em terras tupiniquins? É mais provável que o autor tenha aprendido tudo isso nas ruas do Rio de Janeiro e agora esteja faturando em cima da nossa ‘sabedoria popular.’
As vezes me parece que o desespero dos políticos em saírem canetando ‘vetos’ a torto e direito é tamanho, que acaba faltando um pouco de coerência em suas acusações. 
Depois daquela remota discussão sobre uma possível proibição de livros antigos de Monteiro Lobato, todo político quer um motivo insensato para proibir algum livro, e quem sabe conseguir escrever seu nome em algum.

Isso tudo porque os nossos nobres deputados pertencem à uma classe muito culta do nossa país, que lê muito, mas não assiste nada de televisão. Porque se realmente toda essa quizumba tivesse sido armada pela preocupação de uma ‘didática criminal’, deveriam incluir também na tal ‘proibição’ o programa Capitais do Delito do canal NatGeo onde um jornalista percorre várias capitais do mundo, aprendendo e ensinando diversos tipos de pequenos furtos dos mais variados sotaques.
Caso você não conheça o programa em questão, pode CLICAR AQUI e assistir pelo youtube justo o episódio onde o apresentador vai a minha cidade maravilhosa aprender mais sobre a ‘malandragem carioca’.
E me diga você, não é praticamente a mesma coisa?
Vejo que já levantaram seus tomates. 
Mas antes que os arremessem nos comentários deste post, peço que reflitam sobre o seguinte: Saber como um truque funciona, diminui muito a possibilidade de ser feito de bobo pelo ludibriador.
Quando assistimos um policial explicando na TV como um cidadão de bem faz para se prevenir da famosa ‘saidinha de banco’ por exemplo, ele não descreve como funciona todo o procedimento da bandidagem? É mais ou menos por aí…
Agora, o único motivo que vejo para que o governo não queira que você saiba como funciona um certo ‘golpe’, é porque eles pretendem continuar usando os mesmos contra a gente.