O Golpe de Mestre Eleitoral

POSTADO POR: admin seg, 10 de setembro de 2012

Os trapaceiros bem
sabem a estrutura do “golpe” e do “golpe de mestre”. No golpe, a vítima
é enganada ao acreditar que vai levar vantagem em alguma situação, e acaba
perdendo de maneira ingênua o seu dinheiro. É o caso do golpe da recompensa: Um trapaceiro
deixa cair algum pertence na frente de uma vítima que foi vista fazendo um
grande saque em algum banco. Mesmo que a vítima não demonstre intenção de pegar
o objeto, um segundo trapaceiro, geralmente uma mulher (pois esse golpe é
aplicado em mulheres), pega o objeto e pergunta para a vítima se o objeto é
dela.

A partir de então,
a trapaceira coloca a vítima dentro da peça de teatro que será encenada, ela
chama a vítima para ver se o objeto é do outro trapaceiro, e este muito
agradecido, se apresenta como funcionário de algum comércio local que não
permite a entrada com bolsas grandes (por isso a vítima sempre é uma mulher).Para demonstrar
sua gratidão, o trapaceiro diz que quer dar alguma mercadoria de presente, mas que
só pode entrar uma de cada vez.
A trapaceira deixa
a bolsa dela com a vítima e entra com o trapaceiro, lá dentro, utiliza algum
dinheiro que estava no bolso para comprar alguma mercadoria.
Lá fora, a vítima
vê a trapaceira toda feliz, com mercadoria na mão, e é a vez dela de entrar
para conversar com o trapaceiro e escolher sua recompensa. A vítima deixa a
bolsa com a trapaceira e entra.
Fim do golpe, a
vítima não encontra o trapaceiro dentro da loja e nem a trapaceira fora da
loja; ambos estão longe com a bolsa dela. A vítima pode até
prestar queixa policial, mas os trapaceiros, geralmente de outra cidade, já
estão longe.
Já no golpe de
mestre, a vítima acredita que é ela que está dando o golpe.
Um exemplo de um
golpe de mestre bem fraco é o do bilhete premiado: Um trapaceiro, se
passando por ingênuo, pede ajuda para a vítima. Diz que viu na televisão que o
bilhete de loteria dele foi premiado, mas ele não sabe como tirar o prêmio. Neste ponto, o
outro trapaceiro se aproxima da conversa, e passa induzir o rumo da prosa, com
a participação da vítima.
Eles constatam que
o bilhete realmente é premiado (não vou explicar aqui como eles forjam o falso
bilhete) e o trapaceiro “bobo” acha que o prêmio deve ser uns dois mil, que se
eles ajudarem ele a sacar o bilhete, ele vai dar uns cem reais para cada um.
Nesse ponto, o
trapaceiro “esperto” faz a cabeça da vítima, puxando-a para uma conversa longe
do “bobo” e dizendo que o prêmio está na casa do milhão, se eles pagarem o
valor do bilhete para o “bobo”, eles ficam com o bilhete e podem sacar o milhão
para eles. A vítima se
empolga com a ideia, e o trapaceiro “esperto” se mostra frustrado por não ter
todo o dinheiro para comprar o dinheiro do “bobo”.
Nesse ponto começa
a pressão, o “bobo” se diz incomodado com a demora e dispensa a ajuda, fala que
vai procurar outro. A vítima, para não
perder a oportunidade, segue a dica do “esperto” e saca dinheiro do banco para
comprar o bilhete. Ao comprar o
falso bilhete premiado, a vítima passa de “esperto” para “bobo” em cinco
minutos, que é o tempo dela ir sacar o bilhete na lotérica e dos trapaceiros
estarem bem longe.
Muitas vezes, a
vítima fica tão envergonhada de, mais do que ser enganada, querer ter enganado
alguém, que morre em silêncio com o prejuízo.
E assim podemos
explicar qual é o golpe de mestre eleitoral que vem permitindo que os mesmos
canalhas venham se revezando no poder desde que o voto voltou a ser direto

Os eleitores
conscientes sempre estão preocupados nas eleições, pois sabem que os dois principais
concorrentes são péssimos exemplos de ser humano.
Movidos por um
falso conceito de que, ao não votar no “menos pior”, você vai deixar que o
mais pior” vença, o eleitor dá o voto dele para alguém de quem ele não
teria confiança para comprar um carro usado.
Ao fazer isso, o
eleitor não percebe que, para sempre, ele irá votar no menos pior, pois os dois
que estão na frente nas pesquisas prévias são aqueles que investiram mais na
campanha, e, por consequência óbvia disso, são os que mais precisarão desviar
verbas para cobrir suas dívidas de campanha e fraudar leis para beneficiar seus
investidores de campanha.
A estrutura do
golpe de mestre embutida nesse processo é a seguinte:
A vítima poderia
pesquisar alguma opção que não fosse os dois principais candidatos, mas em
algum momento da campanha ela é atingida pela informação de que, se não votar
no “menos pior”, o “mais pior” ganhará.
Achando que, se
tomar essa atitude, seu voto realmente fará alguma diferença no grande processo
eleitoral, o eleitor deposita seu voto em alguém que ele sabe que não o merece.
E está dado o
golpe. Ganhando qualquer um dos dois candidatos, o eleitor será a vítima.
O leitor pode
questionar essa teoria alegando que não existe outra opção válida, a não ser
votar em um ou em outro, alegando que qualquer outra opção seria anular o voto. Em primeiro lugar,
eleição não é um sorteio, onde você tenta votar naquele que vai ganhar. Eleição
é uma expressão de opinião, e acredito que é muito melhor ficar calado ao invés
de apresentar uma opinião que você mesmo sabe que é ruim.
Outra opção é o
fato de que existem outras opções. Uma pesquisa rápida pode mostrar que existem
outros nomes concorrendo ao mesmo cargo.
Infelizmente,
muitas vezes se constata que essas outras opções são de tamanha incompetência
que também não valem o voto. O problema é que
as opções terminam por aí. Votos nulos ou brancos, infelizmente, não são
capazes de anular uma eleição e tornar os candidatos inelegíveis para uma
próxima eleição. Se voto nulo resolvesse alguma coisa, seria ilegal, afinal, a
eleição só serve para o poder trocar de mãos, e não para ficar nas mãos do
povo.
Sem a opção da
anulação da eleição, só nos resta o voto de protesto, pois por mais
incompetente que sejam os outros candidatos, seguindo a lógica da célebre
máxima de Gil Vicente: “Mais vale um asno que me carregue do que um cavalo que
me derrube.”