O Espelho

POSTADO POR: admin sáb, 27 de abril de 2013

Recentemente passei tanto tempo preso como leitor de um livro
específico, que nem sei mais se ainda consigo realizar o caminho inverso e
escrever, ao invés de apenas ler. Portanto, peço que me perdoem caso eu pareça
um tanto enferrujado em minhas palavras, ou mesmo demasiadamente influenciado
pela minha última leitura.
Sim. Por que o estilo meticuloso dos grandes mestres do horror
literário não precisa morrer com eles. Ainda pode ser revisitado através das
mãos de novos escritores em algumas obras realmente competentes no gênero.
Foi o que descobri enquanto lia a obra ‘O Espelho’ do escritor Jorge
Plá Y Cid
, uma narrativa próxima a Edgar Allan Poe, mas com uma forma própria
de levar o leitor através de universos diferentes dentro de um mesmo enredo.
Para que minha mente conseguisse absorver toda a carga contida nas páginas
deste livro, senti necessidade de dividi-la em duas partes,… E é assim que
tentarei compartilhar esta resenha com vocês.

A primeira parte nos leva a um supersticioso vilarejo espanhol, onde
lidamos com uma descrição tão rebuscada, que apenas esses capítulos soltos
poderiam facilmente ser confundidos com algum fragmento perdido, de algum
clássico do início do século passado. Se você é afiado em literatura, neste
momento já deve estar listando mentalmente os títulos que se imortalizaram
neste período. E aviso que é bem por aí mesmo.
Com isso quero dizer que este início do livro, definitivamente não é
para leitores amadores. A obra se utiliza de uma linguagem crua, nitidamente
livre de qualquer influencia editorial, que já nas primeiras folhas te
apresenta um parágrafo que se sustenta por cinco páginas. Algo que, creio eu,
dificilmente passaria pelos padrões atuais de um editor.
Uma escrita que exige atenção redobrada por parte do leitor, não pelo
perigo de se perder em meio à história, mas pelo sério risco de deixar escapar
algum detalhe importante e se arrepender mais na frente.
Enfim, esse pedaço representa apenas a ponta dessa trama, e metade desse
livro. Mas confesso que me envolvi tanto com aquela atmosfera, que me daria
satisfeito se tudo acabasse por ali mesmo. E acabaria perdendo o melhor que
estava por vir.
O que nos leva a segunda parte, em que todo o mistério já apresentado
é reconstruído e transplantado para os tempos modernos. Nesse meio tempo
acompanhamos a trajetória de dois fortes elos, o amadurecimento do ‘pseudo-protagonista’
Pedro, e o caminho do misterioso espelho que intitula a obra, e dita as regras
dentro das vidas dos personagens.
A partir daí ocorre uma quebra naquele clima folclórico de interior, e
o autor nos joga em uma Barcelona acinzentada, enorme em sua estrutura, mas com
sua base minada pela corrupção de seus habitantes. Nesse ponto dá pra sentir
uma proposital quebra no estilo da escrita, que é levemente atualizada junto
com todo o resto dentro do enredo. Exceto pelo sombrio espelho que abriga
segredos tão antigos quanto sua própria existência.
Aqui também funcionaria perfeitamente bem como outra história
independente, já que antes das cem últimas páginas não tem como você deduzir o
terceiro elo que une o presente e o passado dessa narrativa.
A obra flerta com o sobrenatural, mas o elemento foi brilhantemente
usado apenas como um pano de fundo, deixando os leitores entretidos com as
intriga desenvolvida entre os personagens, e totalmente ignorantes a respeito
dos tentáculos sombrios que serpenteiam pelos bastidores da trama.
Definitivamente, o tipo de livro que não acaba antes do final.
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