O Diário de M.H. (Thalles Paraíso)

POSTADO POR: admin dom, 23 de julho de 2017

Sou daqueles que acreditam que uma expectativa criada na pré leitura de um livro, deve obrigatoriamente ser quebrada no decorrer das suas páginas. E na maioria das vezes, essa prova ser a experiência mais memorável da vida de um leitor assíduo. Acostumado com clichês, entediado por vícios de roteiros e condicionado a repetir o mais do mesmo, no fundo, tudo que você espera ao escolher uma próxima leitura, é que a história te surpreenda já no primeiro capítulo. E que o autor se supere no final.
Algumas obras conseguem invocar este impacto através de personagens marcantes, outras ostentam tramas elaboradas, muitas investem em um universo meticulosamente construído, e uma pequena parcela delas consegue atingir este zênite apostando em uma narrativa totalmente fora da curva.
Esse foi o sentimento que me abateu com a decodificação de ‘O Diário de M.H.’ (Editora Novo Século, 382 páginas), trabalho de estreia de Thalles Paraíso, um escritor que não possui qualquer receio de deixar expostos os paralelos da sua própria biografia com a psiquê de seu protagonista.

Mostrando fidelidade ao seu título, O Diário de M.H. é propositalmente arquitetado para parecer com um descompromissado diário, desde a sua capa até o seu designer interno, exibindo pautas de caderno e diversos desenhos aleatórios que ilustram a história de Malcom Hammet, um sujeito decadente que sobrevive ao fim de uma carreira tragada pelo alcoolismo. Acostumado a lidar com entidades sobrenaturais, Malcom se vê de volta ao perigoso jogo da caça ao tentar ajudar uma menina vendida como escrava para um tipo de entidade demoníaca.

Narrado na primeira pessoa (como um bom diário deve ser), o leitor acompanha de perto a confusão mental do personagem, jogado em uma caçada de gato e rato, sem saber ao certo o seu papel dentro deste enredo sinistro.
A trama oscila entre cenas eletrizantes e momentos de auto-descoberta do protagonista que acabam retardando o dinamismo da história de certa forma, mas algo que já é esperado devido ao formato do livro, prometendo soar verdadeiramente como um caderno de anotações pessoais de alguém que desesperadamente precisava registrar, algo que não teria com quem compartilhar.
O livro possui todos os requisitos básicos que o legitima como o primeiro trabalho de um autor que parece ainda ter muito a dizer, e que está procurando a melhor forma de executar seus planos. O seu visual diligente cria um vínculo impessoal com o leitor, que naturalmente se sente impelido a aplicar um ritmo de leitura cadenciado sutilmente imposto pelos capítulos, que na verdade são separados e intitulados pelos dias vividos por Malcom.
Por fim a história entrega o que o leitor não pediu, e cumpre aquilo que nem prometeu, com um itinerário que a todo momento deixa o leitor tão inseguro quanto curioso pelo que está por vir a cada virada de página. E termina bem longe da sua zona de conforto.
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