O cigarro Hollywood e suas crises de identidade

POSTADO POR: admin seg, 08 de julho de 2013

“Eu procurei fumar cigarro Hollywood por que a televisão me disse que é o cigarro do sucesso. Eu sou sucesso!” – Raul Seixas
Quando caí nas (des)graças do vício do tabaco e tive que escolher a marca de cigarros que me acompanharia até os dias de hoje, no meio de tantas propagandas (na época era permitido) e sugestões, eu acabei utilizando um critério bem peculiar para tomar essa importante decisão. Nada muito arrojado e nem científico, fiz a escolha simplesmente pela cor da embalagem dos maços, e de lá pra cá eu venho tentando manter a fidelidade em uma marca de cigarros que sofre sérios distúrbios de personalidade. Me refiro ao Hollywood de cor azul, que já foi Light, Blue, America, Gold, Ice e teve tantas outras versões que a cada mudança sofrida, tornava um sacrifício encontrá-lo pelos bares e padarias da cidade, principalmente quando estava em algum lugar do interior.

Em sua última metamorfose a marca de forma inesperada, mas com uma forte publicidade envolvida, pulou do ‘azulzinho básico’ para um preto e dourado agressivo, passando a se chamar Hollywood Gold. O que acabou com todas as características em que baseei minha escolha de fumante. Percebe o drama?!
Essa crise de identidade da marca fica ainda mais evidente quando, em uma viagem, descobri que a mudança para ‘Gold’ só ocorrera aqui no estado de São Paulo, e que lá na minha terra natal por exemplo, no Rio de Janeiro, o maço manteve o seu designer azul da cor do mar. 
Pra que isso? É de entortar a cabeça de qualquer tabagista.

E agora, nos últimos dias, sem aviso prévio, imaginem que o cigarro retornou para sua versão ‘blue’ novamente aqui em Sampa. E talvez como forma de ‘bônus’ por toda essa confusão infundada causada aos viciados usuários, a empresa teve ao menos a condescendência de retornar com uma versão em box e sem aumento no valor do maço. Finalmente alguma vantagem nessas mudanças todas.

Mas sério, por favor Souza Cruz, não faça mais isso. Muitas vezes nossa marca de cigarro preferida é parte integrante de quem nós somos, e alterar seu design, sabor, ou até acabar com uma linha de um produto (o que vocês fazem com certa frequência), afeta diretamente no conceito pessoal de um tabagista, e isso não é coisa que se brinque. Eu não confio em pessoas que fumam Marlboro por exemplo, o Derby é tão ‘de pedreiro’ que tenho a impressão que pode ser comprado com vale transporte, e o Free me soa tão afrescalhado (até no nome) que entrega a sexualidade de qualquer um. E eu prefiro o câncer, a ter que migrar para algumas dessas marcas.
Portanto tratem de manter o padrão de seus produtos e parar com essa palhaçada, antes que eu acabe tomando a drástica decisão de parar de fumar.
Grato,