Nos domínios do Rei Crocodilo

POSTADO POR: admin sáb, 14 de dezembro de 2013

Ou quando o Ernesto
colocou alguma droga fantástica na minha garrafa de cerveja
Meus amigos, dia desses tomei um porre daqueles e
acabei ao lado do camarada Ernesto em um lugar esquisitão.
– Ei, Ernesto… Que droga de lugar é esse??
– Eu sei lá! A gente estava bebendo na sala…
Não sei!
Agora nós estávamos sentados no chão úmido de um
bosque, eu acho. Árvores por toda a parte. O céu não era azul, nem tinha nuvens
brancas, apenas aquele tom de roxo, com algumas nuvens negras formando sorrisos
diabólicos.
– Pitz…
– O que…?
– Morremos por coma alcoólico?
– Não, não morremos.
– Como você sabe…?
– Estou com vontade de mijar.
– E no inferno não se mija?
– Acho que não. Mas isso aqui pode ser castigo
também.
– Castigo?
– Sim, to achando que viemos parar em um livro de
fantasia.
Levantamos e começamos então a busca pelas
respostas. Ninguém pode simplesmente dormir bêbado e acordar em NárniaHy Brasil, ou sei lá onde…
– Não é Nárnia, cara..
– Foda-se Ernesto!! Sempre que você está por
perto acontece alguma porra sem explicação!
Continuamos andando por entre as árvores, até
achar uma estradinha de terra. Uma das árvores então cutucou meu ombro:
– Ei, cara, tem um cigarro aí?
– Não dona árvore, eu parei de fumar. Desculpe-me.
– Tá bom.
Não estranhei a árvore falante me pedindo
cigarros (tabagismo é um vício terrível). Achei estranho foi o Ernesto
conversando com dois homens de armadura prateada e cara de répteis. Que diabos.
– Pitz, esses dois cavalheiros aqui já estavam
nos esperando!
– É…?
Os grandalhões com cara de crocodilo se
aproximaram de mim. Quase me borrei, confesso. Engoli o ar seco.
– Olá, camaradas.. Tudo na santa paz? Belas
armaduras, hein..
– Eu sou Kavir e esse é Rismo. Viemos buscá-los.
Nosso mestre os aguarda ansioso em seu castelo.
Meu coração disparava. A cabeça tentava absorver,
mas a resposta era sempre a mesma. Um pesadelo, uma onda errada, remédios na
minha bebida. Contudo, Kavir e Rismo nos conduziram amistosamente em seus
cavalos gigantes com cara de morcego, até um imenso castelo negro, com chamas
explodindo pelas sete torres colossais. Estatuas do rei crocodilo usando
armadura e coroa nos conduziam até o portão principal.
– Ernesto…
– O quê?
– Esqueça o que eu disse antes. Esse lugar é
mesmo o condomínio residencial de Satanás.
Kavir gritou de frente ao imenso portão negro: “Ashtar
Vassalus, front ein front, Naggarth Daemos Ullf”! 
 Logo
caminhávamos pelo corredor gigante, na escuridão, até o enorme salão real. O
lugar era iluminado, repleto de mulheres reptilianas, joias e quadros. Em seu
trono de ossos humanos e piche, o rei Crocodilo aplaudia nossa entrada.
– Meus filhos! Meus amados filhos! Até que enfim
meu coração pode se encher de orgulho ao revê-los. Abracem-me!
– Ernesto… Vai você abraçar o cara primeiro..
– Nada disso, abrace lá!
– Ei, você achou os malandros no bosque, agora
abrace o rei jacaré primeiro.
– Está bem, está bem..
Ernesto andou cabreiro para abraçar o camarada.
Ganhou beijinhos e tudo mais. Depois foi a minha vez de ser abraçado e beijado.
– Então, vossa alteza… Com todo o respeito,
quem é o senhor?
 – Eu quis saber.
– Eu sou seu pai. O pai da terra, dos artistas,
dos jogadores, dos humanos todos. Não sou nada menos do que o Alfa e o Omega. O
equilíbrio fiel da balança; o cosmo invertido e as estrelas no chão.
– Sei… E o que quer com a gente?
– Quero que fiquem ao meu lado.. Vocês voltarão
para a superfície, porém nunca mais esquecerão que são répteis como eu, e que
devem lealdade a Zeta Reticuli e Andrômeda. Façam o que deve ser feito, filhos.
Em breve precisaremos de vocês nas Vimanas, para vencermos os azuis mais uma
vez. A Terra nos pertence.

– Ernesto…
– Diga.
– O que você colocou na minha cerveja??
Desembucha logo, meu amigo, antes que eu lhe quebre a cara!
– Eu não fiz nada, palavra de honra!

(Se
duas pessoas lembram detalhes do mesmo sonho maldito, de repente foi verdade.
Bom final de semana pra vocês.)