No clima da rima do SWU

POSTADO POR: admin seg, 21 de novembro de 2011

Prezado
MalDito,
Como
você bem sabe, fui ao festival do momento o tal SWU que aconteceu em Paulínia, região de Campinas. O festival,
apelidado por ti mesmo de “festival de
adolescentes problemáticos”,
começou bem antes deste feriadão prolongado.
Meses para selar acordos com patrocinadores, montar a estratégia de marketing (prefiro o termo mais exato, propaganda!),
contratação das “atrações” (que serão “consumidas” pela plateia – agora sem
acento!) e outras cositas mais…
Esse
festival, em especial, traz algo inusitado (pelo menos no Brasil) que é o
discursinho “mequetrefe” de usar a música, para “unir as pessoas em volta de
uma ação de sustentabilidade”.
..
Agora
relatarei o que vi, ouvi e senti na pele sobre este festival, e vou procurar
mostrar que esse papo de sustentabilidade
não se sustenta e é mais falso e raso que uma piscina do inferno. A começar
pelo preço, extremamente caro! Paguei meia-entrada (Porque sou IDOSO!!!) no primeiro
lote, R$115,00. Ou seja, é a sustentabilidade por um preço muito alto do qual apenas
alguns poucos poderão usufruir desse “novo mundo que é possível”. Mesmo tendo
pago meia, quando resgatei o ingresso (intransferível, com meu nome e
CPF) e entrei no festival, em nenhum momento pediram alguma identificação. O
que demonstra que o preço da meia-entrada e o preço inteiro estão elevados o
suficiente e a venda de qualquer um gera muitos ganhos astronômicos aos produtores “com consciência social”.
Até
porque o pessoal que trabalhou no apoio do festival estava mais preocupado em
proibir a entrada de guarda-chuvas (segunda choveu praticamente o tempo todo),
camisas de times de futebol (Minha acompanhante teve que deixar pra trás uma
calcinha do Mengão), pastas de dente, desodorantes,… e claro, pela exprssão e
atitude deles, loucos para achar um baseadinho de um roqueiro ganjeiro
descuidado. Para onde iriam os tonéis abarrotados com esses artefatos? Vão para
reciclagem? Serão “doados” para alguma ONG? Ou os colaboradores
do festival farão à forra?
Após
sermos saqueados na entrada, percebemos melhor o gigantismo da situação. Vários
palcos, áreas de bares e alimentação. Tudo muito bem localizado, para a farra
do consumo. Banheiros, claro, no início tranqüilos, depois são as filas e a
podridão humana em níveis medievais de higiene. Incrível como tem gente que
caga em qualquer lugar e limpam-se das formas mais ortodoxas e hetedoroxas
imagináveis.
Não
perdendo o foco, preciso falar também sobre as exposições de “ações sociais sustentáveis”.
Uma delas se tratava de pneus transformados em acentos, que foram confundidos por
muitos com pula-pula. Detalhe importante é o fato de todos os “pneus-bancos” serem
feitos de exemplares novíssimos, bem “sustentáveis”.
Descolei um
adesivo de uma ONG que ostentava o seguinte lema: Fazendo a floresta valer mais
em pé do que derrubada
. Pra mim isso é o exemplo claro de uma demanda social
(preservação do meio ambiente) que passa a ser gerenciada pela lógica
empresarial, e por isso capitalista. Transforma a própria preservação do meio
ambiente em mercadoria, prestam serviços que deveriam ser feitos pelo Estado para as populações em regiões isoladas pelo viés do menor custo. É o famoso “tirando leite de pedra”, ou seja, tudo pra ser um
serviço merda, com péssima remuneração aos funcionários, resultando em lucros
astronômicos aos donos. Empresários ou caridosos? Não podem ser os dois ao
mesmo tempo!
E os preços lá dentro?! Lata de Heineken R$ 6,00. Água R$5,00. Cachorro
quente R$10,00. Nem me atrevi a ver o resto. Camisas oficiais do evento: mais
“barato” R$80,00. Levei uns fandangos, uns chocolates (todos lacrados para
poder entrar) e bebi uns gelos de leve. Fora das tendas oficiais tinham uns
ambulantes fantasiados de HeinekenMan vendendo com um real de ágio
em cada produto. Ou seja, lucram apenas um realzinho por produto vendido. Assim
é fácil ser “sustentável” e lucrar pra caralho! O Brasil, pela histórica e
brutal desigualdade social, teve, e tem, demanda por eventos a esses preços
extorsivos.
Propaganda dos patrocinadores e caminhões com
cilindros gigantescos de cerveja Heineken. Uns meses atrás eu até tinha
elogiado a vinda mais efetiva da Heineken ao país, mas quando vi que a
engarrafadora e distribuidora era a AMBEV e é a Heineken a patrocinadora da
Copa…Dei adeus a Itaibrava
Mas no final das contas assisti o Alice In Chains
perto do palco, na frente do Jerry Cantrell e assisti o Phil Anselmo cantar ao
vivo! PQP! Foda-se o resto?!
Mais uma vitória do Fetichismo da
Mercadoria…