Nenhuma meretriz que se preze recebe o próximo cliente sem antes escovar os dentes

POSTADO POR: admin ter, 26 de novembro de 2013

O tom de brincadeira circulava no bordel enquanto
alguns frequentadores questionavam o desaparecimento de muitos amigos que
tiveram uma noite com ela.
— Depois de ter uma mulher dessas nos braços todos
somem no mundo porque entendem que sem ela não vale a pena viver
 — dizia um dos
homens a beber e a rir com sua garrafa quase vazia.
— Uma mulher dessas vira a cabeça de qualquer um…
Eu corro o risco de ficar pinel do miolo em troca de uma-bem-dada com ela

falava outro a rir ainda mais loucamente que o primeiro.
— Eles não voltam mais porque não aguentam uma mulher
como Ornela
— afirmava um terceiro tão empolgado quanto os demais. — Imagina
aparecer aqui e ter de admitir na frente dos amigos que na cama ninguém pode
com ela
— completou e riu de novo.
Quem a via se encantava, quem a ouvia se arrepiava e
quem a tocava tornava-se inteiramente dela. Ornela era irresistível por conta
da sua beleza estonteante, do seu corpo esguio, dos seus gestos e da sua
montada, quando subia em cima dos caras, já era, porque ninguém aguentava.
A vida no puteiro tornou-se boa e não um recalque, um
problema. Passar os dias e noites a vadiar com um e com outro rendia muitos
presentes e a mantinha com a cabeça ocupada, corpo sonolento e embriagado. Bem
ou mal, sempre havia um prazer com um ou com outro, por isso ou por aquilo, de
uma forma ou de outra.
Jovem e bonita não demorou muito para que Ornela se
tornasse a sensação mais desejada do lugar. O leilão pelo seu corpo movimentava
a casa dia e noite. Muitos faziam loucuras depois de uns goles e um minuto ao
seu lado na mesa, qualquer um deles pagaria muito dinheiro para deitar com ela.
Mas como no mundo tudo tem um preço e nem todos podem
pagar tal preço, Ornela foi arrematada por um importante político, um deputado.
Pagamento como de costume, muito caro e ainda adiantado.
— Eu a quero por inteira — disse ele.
Ela respondeu sem palavras, somente com uma feição
das mais provocantes, de modo que ficou subentendido que a noite seria
incrível.
No quarto, quando ele a viu de lingerie, sentiu que
seu membro latejou no meio de suas pernas. “É agora”, pensou ele. Em poucos
minutos ele e ela engalfinhavam-se na cama. Pela superfície do corpo do pagante
era possível perceber o surgimento de bolotas de arrepios que se formavam uns
sobre os outros.
O contratante sentia que aquela seria a sua melhor
noite, como se fosse um garanhão de tão disposto. Aí é que Ornela aproveitou.
Enquanto o velhote perdia a cabeça e deixava que seus instintos o comandassem,
ela deu a montada, e que montada.
Rapidamente a face de Ornela começou a transformar-se
em uma caveira dona de dentes perigosos como os de um demônio. Em poucos
minutos, quem estava sobre o velhote era nada mais e nada menos do que o
esqueleto da morte a abocanhar a carne do rosto do homem com uma euforia
descomunal.
O velhote tentou esboçar uma reação fugitiva, que
rapidamente foi sufocada pelas mordidas da figura cadavérica de Ornela em sua
garganta. Em poucos minutos o homem era apenas um esqueleto imóvel, sem vida e
sem nada de carne sobre seus ossos.
Deitada na cama, Ornela estava satisfeita e sabia que
precisava de um tempo para a sua higienização pessoal. Afinal de contas,
nenhuma meretriz que se preze recebe o próximo cliente sem antes escovar os
dentes e tomar uma boa ducha.