Nem tudo é culpa das mulheres…

POSTADO POR: admin sáb, 25 de junho de 2011

Quando eu era moleque, acabei descobrindo uma tática infalível para me livrar de amigos e situações desagradáveis. Quando alguém aparecia em minha porta com alguma proposta desinteressante e eu não queria ser indelicado ao recusá-la, eu simplesmente dizia que “A minha mãe não deixa”. Qualquer um compreende tal situação sem mais perguntas. Quem questionaria tal censura?
Diante da ‘falsa’ imposição eu ficava isento da culpa de me negar a participar de alguma atividade com meus amigos, que por sua vez acabaram crescendo com uma péssima visão sobre minha mãe. Mas era um sacrifício válido.
Certa vez, por conta da minha preguiça, ‘minha mãe não me deixou ir’ com a galera para uma noite de bagunça pixando muros e escapei de passar uma noite na delegacia com os amigos, que por sua vez passaram a escutar mais suas próprias mães,… coisa que na verdade eu nunca fui muito de fazer com a minha.
Não sei se outras pessoas já se utilizaram de tal artifício, mas hoje penso que eu deveria ter desmentido a desculpa para os meus amigos ao invés de deixá-los perpetuar até os dias atuais a fama de ‘Megera’ da minha mãe.
Eis que chega ao ponto em que um homem não pode mais usar esse tipo de desculpa. Claro que ela ainda funcionaria, mas aí já não se pode garantir a compreensão dos outros sem uma tremenda sacaneada por traz do fato. O que é muito ruim, pois conforme se envelhece os convites que lhe fazem passam a ser menos perigosos, mas em compensação mais chatos.
É necessária uma adaptação, um upgrade, e logo se percebe que a desculpa mantém sua eficácia ao repelir os indesejáveis mesmo quando se troca o sujeito da frase para ‘minha mulher/namorada/esposa’.
Conseqüentemente, a imagem da sua namorada pode ficar meio arranhada perante seus amigos e provavelmente até tenha que suportar alguns comentários sobre como você deixa ela te controlar, mas é melhor do que magoar a rapaziada dizendo que não vai naquele churrasco do serviço, marcado no sítio do chefe que é em uma estrada de terra no meio do nada, porque prefere ficar em casa assistindo um filme do que ver a cara deles alem do já fatigante horário de trabalho.
-E aí cara?! Tudo certo?
-Tranquilo… O que você manda?
-Escuta, você tem 10 conto para me arrumar?
-Poxa, na hora. Mas infelizmente eu só estou com dinheiro pra comprar o remédio da minha mulher.
-Beleza. Então, teria como você me dar uma carona até a avenida principal?
-Eu adoraria, mas não vai dar. Parece que o remédio da minha mulher é difícil de encontrar e vou ter que percorrer algumas farmácias para achar.
-Sem problema. Escuta, a galera conversou, e pensamos em fazer o joguinho de poker desse domingo na sua casa. Que acha?
-Na minha casa?
-É… Aí você já sabe que como anfitrião, a cerveja do evento é por sua conta.
-Domingo? Cai que dia?
-Acho que é 23.
-Putz! Não vai dar, dia 23 cai justamente no início da TPM da minha mulher, e se eu aparecer com alguém lá em casa ela me mata.
-Desculpa falar camarada, mas essa sua mulher parecer ser a maior dureza heim.
-Pois é,… o que a gente não faz por amor.