Não é financeira, não é passageira, É ESTRUTURAL

POSTADO POR: admin seg, 26 de setembro de 2011

Novamente eu cedo espaço para a coluna do amigo Juca Inácio, que vez ou outra manda um texto de seu exílio e me coage a postá-lo. 
Então, vamos a ele…
Não é financeira, não é passageira, É ESTRUTURAL
Camarada, nos últimos
anos (mais precisamente desde 2008), ouvimos dos telejornais, jornais, artigos
da internet e mais uma milharada de “articulistas” “analisando a chamada crise internacional. Passam dois meses,
a bolsa de valores de Nova York, sobe um pouquinho, William Waack com seu
tradicional sorriso já anuncia o fim da
crise internacional
, o crescimento, a geração de emprego, o crédito
abundante, o sorriso das pessoas, o aumento do consumo (como única fonte de
felicidade possível para os apologistas do capital). Passam mais dois meses,
William Waack (o mesmo que acusou Luís Carlos Prestes de estuprar camponesas
durante a coluna Prestes, e que perdeu a virgindade com a espiã alemã Olga Benário,
décadas depois da coluna) com aquela cara de vampiro com sono, anuncia o caos
da bolsa de valores, e quase chora o fato de Eike Batista ter perdido em um dia  dois bilhões de dólares (dos 30 bilhões que dispõe no mercado financeiro). Outra
crise? NÃO!!
Os analistas que se
utilizam do arcabouço teórico liberal, não conseguem ou não querem enxergar o
processo como um todo, de forma dialética (contraditória) e histórica. Observam
sempre de forma a-histórica e estática. Daí suas pérolas do tipo: “o problema é
a carga tributária”
, “é o tamanho do Estado”, “não fizeram o dever de casa”…
Dizem isso a 40 anos e…as coisas (as crises) se repetem.
Não observam que com a
segunda guerra mundial, que queimou bilhões e bilhões de dólares abriu caminho,
com a enxurrada de crédito dos bancos dos EUA para a Europa Ocidental, para o
financiamento do Estado do Bem-estar Social na Europa. E esse período de 30
anos de crescimento econômico não volta mais!
Esse período não volta
mais, pois a tendência da queda da taxa de lucro (que Marx observou) se
confirmou (lembra o MP3 que valia 300 e hj não vale nem 50reais?), e a
tentativa das empresas para voltar a terem as mesmas taxas de lucro do período
pós-guerra qual é? Financeirização (fusões, privatizações, S.A.), diminuição
dos salários (deslocando suas produções para as putas que pariu do planeta,
onde direito social nunca existiu) e diminuição da vida útil das mercadorias
para aumentar o consumo (experimente viver com o mesmo computador 4 anos
seguidos…).

Desde 1974, com o choque
do Petróleo e o fim do padrão dólar-ouro, assistimos a crise estrutural do
sistema capitalista varrer o planeta. O remédio aplicado, gasolina no fogo! Ou
simplesmente, neoliberalismo. Reduz-se o tamanho do Estado na economia,
prometendo crescimento econômico. Tô procurando ele até hoje!! Reduz-se gasto
público para melhorar as finanças e pagar a dívida pública, diminuindo assim a
capacidade de consumo da população. Remédio para isso? Aumento do crédito! Isso
vinha funcionando até…2008 nos EUA.
Depois da crise sucumbir
com o México, Brasil e outros países na década de 1980 (pelo choque de Juros
dos EUA em 1979), a crise terminou de acabar com a URSS (que de socialismo
mesmo tinha pouco). Esse fim “inesperado” deu fôlego ao crescimento econômico
dos EUA e Europa Ocidental na década de 1990 (com a privataria soviética e na
América Latina), mas levou ao colapso do Brasil (duas vezes), do México, da
Rússia, dos Tigres Asiáticos, do Japão, da Argentina. Isso pra ficar nos
exemplos mais claros e evidentes.
2001 não foi uma
odisseia no espaço, e sim uma odisseia ao Iraque e Afeganistão, com o Bush Son inventando essas guerras para
estimular a economia da então super-potência que vivia uma recessão. Funcionou
até 2008…Crédito em abundância, retração do emprego, dos direitos sociais
(afinal tinham uma guerra para ganhar, e umas empresas para abocanhar os
contratos). Solução para quem está endividado. Mais crédito até que…a bolha
estourou…e os fundos de pensão europeus que tinham ações de bancos e empresas
estadunidenses foram pra merda literalmente. Excesso de crédito na Europa
estava bonito, Portugal tirando onda de primeiro mundo, Espanha pagando de melhor qualidade de vida da
Europa. E agora? A fonte secou e as dívidas foram o tal calcanhar de Aquiles (e não é o Brad Pitt).
Qual a saída propagada
na Grécia, Portugal, Espanha, Itália? Corte de gastos públicos em saúde,
educação, diminuição do emprego, retirada de direitos (que o Waack e o Bonner
chamam de privilégios). Vai gerar
crescimento econômico? Não, mas vai criar uma meia dúzia de trilhardários…
Aí nossos amigos
incrédulos vão professar: “mas o Brasil voltou a crescer!!!!” Cresce com
aumento de crédito, e um aumento pífio no salário ridiculamente mínimo. Pega a
classe média, os servidores públicos, todos na merda. Voltamos a vender
matéria-prima, Commodities, que pra
sorte do Lula nunca estiveram tão altas (por isso seu namoro carnal com o
agro-negócio) e pro azar da Dilma, um dia cairão! Aí amiguinhos, será a nossa
vez de protestar ou enfiar o dedo no c* e rasgar em silêncio?
Abs.
*Dito por Juca Inácio