Matadores Sertanejos

POSTADO POR: admin sex, 18 de janeiro de 2013

Billongo & Cannera
Matadores Sertanejos
O velho fusca verde – um legítimo sobrevivente adaptado de 1948 – quase se desmontava de tanto quicar naquele chão esburacado de terra. Passava por uma estrada terrível, mal cuidada, cercada por árvores enormes. No final dela estaria o serviço do dia.
– Então, Billongo, nós vamos sangrar ou usar as cordas?
– Vamos ver…
– Ah, cara, eu prefiro as cordas!
– Vamos ver… Acende um cigarro aí.
– Outro?!
– Hum hum…
Cannera coloca dois cigarros na boca e os acende. Entrega um a Billongo.
– Está nervoso?
– Não.
– Liga o rádio. Tu sabe que eu preciso de música pra relaxar.
Billongo aceita a proposta e sintoniza rapidamente uma das estações locais. Está tocando Casinha Branca, de Sérgio Reis.
– Boa, Bill! Meu pai vivia ouvindo Serjão!
– O meu também. Eu não sei se isso é bom ou ruim.
– É bom, uai!
Na parte esquerda da estrada já dava pra notar uma casinha humilde, ao lado de uma grande plantação de milho. Foram se aproximando, devagar.
– Presta atenção Cannera!
– Vamos lá!
Um homem baixinho e bem roliço apertava um cigarro de palha, tranquilamente deitado em sua rede; ao ver o carro se aproximando trancou a porteira, depois correu em direção ao milharal. A essa altura tocava ‘sapatiô, sapatiô’ (Pedro e Leonardo).
– Largado, filho da puta!! Tá correndo pro mato, acelera Bill!
Billongo acelerou com tudo, Cannera puxou a pistola, mirou bem, deu dois disparos pela janela, acertando um deles nas costas do homem.
– IHÁÁÁÁÁÁ!!
– ÊHHHHHHH BOI!!
Desceram e foram correndo até lá. A vítima ainda estava viva.
– O senhor sabe por que tomou esse tiro, não sabe? – Disse Billongo. Mas ele já não conseguia responder nada. Billongo virou-se para voltar ao carro e Cannera meteu mais uma bala no sujeito. Na cabeça, só por precaução.
O rádio continuava ligado (Vá pro inferno com seu amor – Milionário e José Rico).
– Esse aí sentiu o cheiro da morte – Disse Cannera.
– Quando foi plantar nas terras do Adamastor já sabia que ia dar em morte. Plantou porque quis.
– Tá certo. Vamos tomar uma branquinha e catar um queijo no bar do Ruy?
– Pode ser.