Livros proibidos que toda Mulher deveria ler

POSTADO POR: admin ter, 03 de fevereiro de 2015

Parece inevitável que a cada ano algumas centenas de livros acabem censurados, banidos ou proibidos por alguma razão. De acordo com a Associação Americana de Bibliotecas, os livros normalmente são mais contestados quando o seu conteúdo é ‘sexualmente explícito’, ou contém uma ‘linguagem ofensiva’. Felizmente a história também nos mostra que muitos dos livros arduamente protestados em suas épocas, hoje são considerados clássicos da literatura, com histórias que qualquer um pode ler.

E foi refletindo sobre todo este período conturbado de mudanças éticas e sociais pelo qual estamos passando, que projetamos uma lista especialmente voltada para as nossas leitoras, reunindo algumas obras polêmicas que toda mulher deveria ler para entender a sua própria história de luta por libertação. São livros que apresentam mulheres que combateram o preconceito e seus papéis opressores prescritos na sociedade, e que mostraram o que significa ser ‘mulher’ em diferentes lugares e momentos da história. E para isso nem precisaram colocar os peitos de fora, apenas as suas ideias no papel.
Após absorver essa lista de leitura, você terá embasamento e credibilidade suficiente para discutir com qualquer feminista cujo a ideologia é calçada apenas em postagens de redes sociais da internet.
✔ Amada, de Toni Morrison
Ainda recentemente, em 2013, alguns pais tentaram remover ‘Amada’ da lista de leitura do ensino médio em alguns estados do EUA.
Livro mais conhecido da escritora americana Toni Morrison, prêmio Nobel de Literatura de 1993, o romance ganhou o Pulitzer de 1988 e em 2006 foi eleito pelo New York Times a obra de ficção mais importante dos últimos 25 anos nos Estados Unidos. Em 1998 recebeu uma adaptação cinematográfica, com Oprah Winfrey no papel principal.
A história se passa nos anos posteriores ao fim da Guerra Civil, quando a escravidão havia sido abolida nos Estados Unidos. Sethe é uma ex-escrava que, após fugir com os filhos da fazenda em que era mantida cativa, foi refugiar-se na casa da sogra em Cincinnati. No caminho, ela dá à luz um bebê, a menina Denver, que vai acompanhá-la ao longo da história. Amada tem uma estrutura sinuosa, não-linear: viaja do presente ao passado, alterna pontos de vista, sonda cada uma das facetas que compõem esta história sombria e complexa. Considerado um clássico contemporâneo, faz um retrato a um tempo lírico e cruel da condição do negro no fim do século XIX nos Estados Unidos. Ele também contém violência, conteúdo sexual e discussões sobre a bestialidade humana.
✔ O Conto da Aia, de Margaret Atwood
O livro foi considerado demasiado “explícito” e anti -religioso para ser lido em uma escola secundária do Texas.
A história de O Conto da Aia, da canadense Margaret Atwood, passa-se num futuro muito próximo e tem como cenário uma república onde não existem mais jornais, revistas, livros nem filmes – tudo fora queimado. As universidades foram extintas. Também já não há advogados, porque ninguém tem direito a defesa. Os cidadãos considerados criminosos são fuzilados e pendurados mortos no Muro, em praça pública, para servir de exemplo enquanto seus corpos apodrecem à vista de todos. Para merecer esse destino, não é preciso fazer muita coisa – basta, por exemplo, cantar qualquer canção que contenha palavras proibidas pelo regime, como “liberdade”. Nesse Estado teocrático e totalitário, as mulheres são as vítimas preferenciais, anuladas por uma opressão sem precedentes. O nome dessa república é Gilead, mas já foi Estados Unidos da América.
Com esta história assustadora, Margaret Atwood leva o leitor a refletir sobre liberdade, direitos civis, poder, a fragilidade do mundo tal qual o conhecemos, o futuro e, principalmente, o presente. O conto da aia já foi transformado em filme, peça de teatro, ópera, audiolivro e dramatização radiofônica.
✔ Rompendo o Silêncio, de Alice Walker
O racismo e o sexismo são temas-chave das obras de Alice, o que faz dela um alvo fácil para os censores – embora ela tenho ganho o Prêmio Pulitzer em 1983.
A autora descreve, de forma comovente, suas impressões colhidas durante algumas viagens: em 2006, a Ruanda e ao Congo, convidada pela organização Women for Women International, para se encontrar com sobreviventes do genocídio ocorrido nesses países; e, em 2009, à Palestina e a Israel, por iniciativa do grupo pacifista CODEPINK. 
‘Rompendo o Silêncio – Uma Poeta Diante do Horror em Ruanda, no Gongo Oriental e na Palestina/Israel’ apresenta a história de mulheres e de crianças mutiladas pela guerra. Não se trata somente de mutilação física, mas, sobretudo, psicológica. Em seu périplo, Alice visitou aldeias reduzidas a escombros, ouvindo os sobreviventes que choravam a morte dos filhos. Ao conversar com os nativos, relatou sua infância difícil nos Estados Unidos, quando sofreu com o racismo imposto pelos brancos, ricos e maioria. Falou também de seu engajamento em movimentos de direitos civis, mostrando que o silêncio não pode ser nunca a saída para combater as injustiças. Resistindo em meio a atrocidades, Walker utiliza a própria voz, como poeta e ativista, para denunciar as injustiças ao redor do mundo, e convida o leitor a se engajar ao ouvir e refletir a respeito das mazelas de hoje. Esse, segundo a autora, é o principal objetivo desta obra.
✔ O Amante de Lady Chatterley, de DH Lawrence 
Considerado obsceno, O Amante de Lady Chatterley foi publicado clandestinamente em 1928, na França, e sua circulação foi proibida na Inglaterra até 1960, quando o livro saiu vitorioso de uma grande batalha judicial. 
Este romance de Lawrence explora abertamente o amor e o sexo, rompendo as convenções sociais e as relações de classe. O autor glorifica a alegria dos corpos durante o sexo ao narrar a história de Constance Reid, uma bela mulher que se casa com o aristocrata Clifford Chatterley, um oficial inglês. 
Logo após a lua-de-mel ele é chamado para uma das frentes de batalha da Primeira Guerra e retorna inválido, numa cadeira de rodas. Após a limitação física do marido, os desejos sexuais arrebatadores de Lady Constance Chatterley são satisfeitos pelo amante, Oliver Mellors, um dos empregados do solar dos Chatterley, tendo como cenário a Inglaterra conservadora do início do século XX. 
Ele ganhou uma antipatia instantânea pelas suas descrições gráficas de sexo adúltero e a inclusão de palavras não publicáveis. Foi a inspiração de diversos ensaios obscenos na Grã-Bretanha, Japão e Índia, até que foi proibido nos Estados Unidos e Canadá. A Austrália teve a distinção única de proibir não só o romance, mas também o livro escrito sobre o julgamento da obra por obscenidade na Grã-Bretanha.
✔ Seus Olhos Viam Deus, de Zora Neale Hurston
No romance de Neale Hurston, uma mulher afro-americana conta sua história de vida tumultuada com um amigo próximo. O livro tem sido contestado devido as suas “explicitações sexuais.”
‘Seus Olhos Viam Deus’ descreve a trajetória de Janie Crawford, uma heroína negra que enfrenta o tabu de escolher seu próprio destino, na Flórida da década de 1930. Hurston não escreve, especificamente, sobre a discriminação num mundo dominado por brancos – o que lhe rendeu algumas críticas dos ativistas pelos direitos dos negros -, mas é perfeita na construção da tensão dos relacionamentos. Ela denuncia de forma equilibrada e crítica a violência contra as mulheres em geral, e as negras em particular. Casada três vezes e acusada de matar um de seus maridos, Janie Crawford atrai para si a inveja das mulheres e o ódio dos homens. A miríade de emoções que a volta da filha pródiga causa nos moradores da pequena cidade nos confins da Flórida leva Janie a tentar se justificar, abrindo seus segredos para a amiga Pheoby.
✔ Fale!, de Laurie Halse Anderson
Este romance infanto-juvenil sobre as consequências do estupro de uma menina adolescente é um Bestseller, mas ainda assim tem sido contestado em escolas do estado de Missouri, pela “glorificação” de beber, xingar, e se fazer sexo antes do casamento.
Fale sobre você… Queremos saber o que tem a dizer. Desde o primeiro momento, quando começou a estudar no colégio Merryweather, Melinda sabia que isso não passava de uma mentira deslavada, uma típica farsa encenada para os calouros. Os poucos amigos que tinha, ela perdeu ou vai perder, acabou isolada e jogada para escanteio. O que não é de admirar, afinal, a garota ligou para a polícia, destruiu a tradicional festinha que os veteranos promovem para comemorar a chegada das férias e, de quebra, mandou vários colegas para a cadeia. 
E agora ninguém mais quer saber dela, nem ao menos lhe dirigem a palavra (insultos e deboches, sim) ou lhe dedicam alguns minutos de atenção, com duvidosas exceções. Com o passar dos dias, Melinda vai murchando como uma planta sem água e emudece. Está tão só e tão fragilizada que não tem mais forças para reagir. Finalmente encontra abrigo nas aulas de arte, e será por meio de seu projeto artístico que tentará retomar a vida e enfrentar seus demônios – o que, de fato, ocorreu naquela maldita festa?
✔ O Trópico de Câncer, de Henry Miller
Publicado pela primeira vez na França, em 1934, Trópico de Câncer não foi distribuído nos EUA até 1961. Mesmo assim, mais de 60 livrarias em 21 estados diferentes enfrentaram processos por obscenidade por vender o romance . 
A obra narra as aventuras sexuais de um jovem escritor americano em Paris na década de 1930, após abandonar um casamento arruinado e uma carreira estagnada durante o auge da cultura boêmia, onde o narrador acaba confabulando com prostitutas, cafetões e artistas.
Quando se publicou a edição americana em 1961, mais de 60 processos de âmbito nacional foram apresentados contra as livrarias que ousavam comercializar o livro. Polêmicas à parte, Trópico de Câncer foi celebrado pelos maiores intelectuais da época e se tornou um dos grandes clássicos da literatura americana.
O editor Barney Rossett fez tudo ao seu alcance para ajudar legalmente cada livreiro que enfrentou a acusação. Por sua vitória legal nos tribunais o romance tem sido descrito até hoje como responsável pela “liberdade de expressão” que agora gozamos na literatura.