Infância com Dinâmica – parte III (Nossos Planos)

POSTADO POR: admin seg, 11 de outubro de 2010

Segunda-feira, 11 de outubro de 2010
Estamos vivendo a era do “Tudo Pronto”, já não nos damos mais o trabalho de pensar por si porque achamos que nossos impostos garantirão que alguém esteja fazendo esse esforço por nós. O conforto da modernidade nos deixou preguiçosos, despreparados e dependentes, …bom,talvez os brasileiros fujam um pouco desse padrão mundial pelo seu dom natural para a arte da gambiarra, o nosso famoso “jeitinho”, mas acho que é questão de tempo até que percamos essa identidade cultural e sucumbamos ao consumismo dos yankes.
Mas nem sempre foi assim,… a infância da minha geração deve ter sido a última que ainda viveu artesanalmente. As fábricas de brinquedos eram muito limitadas perante a nossa potente imaginação infantil, não conseguiam recriar nem 30% dos brinquedos e brincadeiras que nossas mentes podiam produzir, e quando conseguiam fazer algo que corresponde-se as expectativas da criançada, não era acessível ao poder aquisitivo da maioria devido ao estado desesperador que se encontrava a economia na época (vide governos Sarney e Collor).
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Precisávamos construir nossas próprias naves espaciais, armas lasers, espadas de luz, robôs de guerra, armaduras de batalha, para tudo tínhamos um plano, seja para defender nossas casas de bandidos ou para arrumar um jeito de estragar a festa de bonecas das meninas. Nada de toca do Gugu, queríamos nossas casas na árvore onde faríamos o QG do nosso clube que investigaria a presença de seres sobrenaturais no bairro,… não haveria piedade se um Edward da vida cruzasse nosso caminho.
Sem vídeo game éramos nosso próprios heróis, a sala de casa podia ser um campo de batalha ou uma floresta fechada pronta para ser explorada, criávamos um verdadeiro arsenal improvisado feito com o que podia se ter a mão, a vassoura era como um artefato mágico que podia se transmutar conforme a necessidade do personagem, a montaria de um cowboy, o fuzil de um soldado ou até mesmo uma arma ninja. Se você tivesse uns tios bacanas como eu poderia facilmente descolar um nunchaku com a ajuda deles.
Esperávamos ansiosos pela nova lavadora de roupas de nossas mães, só para podermos ficar com a caixa e construirmos nossas Millenium Falcon ou máquina do tempo para poder fugirmos da realidade na velocidade da luz quando quiséssemos. Estávamos no comando da missão,… apenas com imaginação podíamos  ser tele transportados para um  mundo incrível e diferente onde podia se viver grandes aventuras.
Não dependíamos do próximo mega lançamento da indústria, na verdade eles que precisavam pesquisar e muito, sobre o que estava rolando no universo infantil para poderem criar algo eficiente para o mercado da época. Talvez por isso o Lego tenha obtido o status de brinquedo mais popular nesse período, criando algo que dava asas ao que já parecia sem fronteiras, ao contrário de outros brinquedos de temas limitados e de curto prazo de validade para a vastidão da criatividade da criançada.