Infância com Dinâmica – parte II (Nossos heróis)

POSTADO POR: admin sáb, 18 de setembro de 2010

O tempo mais ocioso na vida de um adolescente médio ocorre no período da tarde, geralmente logo após a hora do almoço. Nesse precioso intervalo vazio entre o fim das aulas matutinas do colégio e o retorno dos pais de um dia estressante de trabalho, ele dispõe de algumas boas horas de liberdade condicional para serem preenchidas de todas as formas possíveis,… que não seja fazendo a lição de casa, claro!
Antes das casas serem invadidas pelos computadores a única opção que tínhamos para engambelar nossos coroas era assistir a Sessão da Tarde. Claro, podíamos também ir para a rua jogar bola ou brincar de pique sem consentimento, mas lá em casa isso sempre deu uma merda danada. E foi assim que vivenciamos o nascimentos de ícones insubstituíveis , fomos deformados pelos sons das metralhadoras de Comando para Matar (Hoje em dia não se vê nenhuma morte na Sessão da Tarde,…nem uma mortizinha por envenenamento), pela malandragem de Ferris Bueller, os ensinamentos do Sr. Miagui e com a determinação de Indiana Jones. Nenhuma outra geração produziu tantos heróis, a prova disso é o surgimento das dezenas de reciclagens atuais sobre os clássicos da época, já que as últimas duas décadas foram incapazes de criar algo similar, o cinema está fazendo hoje o que os músicos já vinham fazendo a um bom tempo, pegando sucessos épicos e maquiando para parecerem novos em folha (vide acústicos).
Nenhum dos heróis que tentaram nos empurrar goela adentro nos últimos anos conseguiu repetir o sucesso dos clássicos aventureiros da Sessão da Tarde da minha geração, talvez pelo fato deles serem bem mais crédulos do que os atuais. Eles não dispunham de super poderes ou varinhas mágicas para resolverem seus conflitos, muitas vezes contavam apenas com a sorte, a experiência e um mísero canivete suíço, resolviam tudo sozinhos, não precisavam que todo um grupo de ‘buchas’ morressem para que ele conseguisse chegar ao final da missão intacto para dar umazinha com a donzela. E mesmo que o final não terminasse em beijo (ou em uma cena tórrida na cama) nunca questionamos a sexualidade dos nossos heróis como precisamos fazer hoje em dia, não fizemos isso nem mesmo com a dama de ouro Kate Mahoney .
Ao contrário do que pensa a censura moral & bons costumes, essas doses cavalares de adrenalina e violência que absorvemos não nos transformou em sociopatas sanguinários, mas manteve o perigo eminente da morte vivo em nossas mentes, e esse é o tipo de coisa que forma o ser humano.