Hellraiser – Renascido do Inferno

POSTADO POR: admin qua, 21 de agosto de 2013

Hellraiser (Hellraiser)

Diretor: Clive Barker
Roteiro: Clive Barker
Ano: 1987
País: Reino Unido
Atores:
Andrew Robinson, Clare Higgins, Ashley Laurence
Em 1987, baseado em seu livro
The Hellbound Heart, do filme de estreia de Clive Barker como diretor de
longa-metragens, nascia um personagem que logo se juntaria à turma de Jason
Vorhees, Michael Myers, Freddy Krueger e muitos outros. Mas com um importante
detalhe: Nada de sujeira, máscaras, cortes, queimaduras ou qualquer outra coisa
que emulasse algo fétido. Pinhead nos foi apresentado numa estética violenta,
porém limpa, rica de detalhes, provocante e extremamente terrificante. Eis o
resultado de seis horas de maquiagem. Sem uma gota de sangue ou arma em mãos, a
perfeita atuação de Doug Bradley (Que interpretou o personagem por toda a
franquia), aliada à sua voz, acabou colocando Pinhead num local especial. E por
mais que não seja o único, Pinhead é o símbolo máximo dos Cenobitas e de tudo
referente ao curioso universo de Hellraiser. Não há como negar que ele detém os
direitos de mais belo dentre os personagens do gênero que povoam nosso
imaginário.
O filme começa com
Frank, um típico bad boy, comprando, numa terra muito distante dos EUA, uma
antiga relíquia em forma de cubo, conhecida como A Configuração do Lamento.
Segundo a lenda, este cubo é capaz de abrir uma passagem para um reino de
prazer sensual inimaginável. Mas em troca de tal, o cubo exige a alma do
usuário. Com o objeto em mãos, Frank dedica-se inteiramente a descobrir os
segredos do objeto. Ao conseguir, surpreende-se quando, diante dos Cenobitas,
percebe, agora tarde demais, que este “prazer inimaginável” trata-se de um
caminho que percorre a dor em seu máximo.
Anos depois, seu
irmão, Larry, casado com a estranha Julia, decide se mudar para a casa que
herdou sozinho, já que Frank desapareceu. Julia não gosta da ideia, mas aceita.
Mal sabe ele que, aquela casa, para sua esposa, é um acúmulo de lembranças de
todos os momentos em que o traiu com o irmão desaparecido. Até que, durante a
mudança, Larry se machuca e um pouco de sangue pinga no chão. O suficiente para
que as coisas comecem a acontecer.
Frank retorna da
dimensão onde estava aprisionado e, com a ajuda de Julia, começa a refazer seu
corpo. Para que isso aconteça, ela vai a bares, flerta e retorna acompanhada,
sempre levando-os a um quarto vazio na promessa de uma aventura sexual. Dessa
forma são mortos e Frank suga-lhes seus fluidos vitais. A cada vítima, Frank
vai se recompondo, e a reconstrução de seu corpo é um tanto quanto
impressionante.
Em meio a tudo,
Kirsty, sua filha, dá os primeiros passos de sua independência alugando um
quarto na cidade. Logo a garota desconfia que sua madrasta esteja traindo seu
pai e, ao tentar desmascara-la, coloca-se diante da verdade escondida. E assim,
acaba tendo em mãos a Configuração do Lamento. Mexendo na caixa sem saber o que
pode acontecer, acaba trazendo os Cenobitas, que decidem leva-la. Esperta, diz
a eles que um daqueles que aprisionou retornou. Por parte dela, firma-se um
trato. Ela o entrega e assim permanecerá ilesa.
Kirsty é a típica
Final Girl que não sabe o por que das coisas estarem acontecendo, mas não perde
tempo nem se fragiliza por isso. Age como pode sem se intimidar e, atenta, liga
os fatos de forma rápida, porém sem exageros. Tudo sempre na intenção de fazer
o que é certo. Salvar seu pai e a si.
Hellraiser é um
filme com uma estética muito particular. Além do visual de Pinhead, existe um
certo apreço pelo masoquismo e coisas nojentas que, por mais rápidas que
apareçam, permanecem por toda a obra e em nossas cabeças. Apesar das limitações
técnicas da época (Os raios que percorrem a caixa), tudo torna-se mínimo diante
da intensidade e do cuidado com o roteiro. Seu orçamento foi de U$$ 1 milhão,
mas arrecadou, apenas nos cinemas americanos, cerca de U$$ 20 milhões. Na
época, a produtora New World concedeu mais dinheiro, pois estavam felizes com o
que haviam visto. O dinheiro foi utilizado para refilmar a cena em que Frank
começa a se refazer.
Ao término do
filme, a sensação é que essa foi apenas uma, dentre as inúmeras aventuras com
final mortal presenciada/iniciada por tudo que o enigmático objeto carrega. Mas
sempre retornando ao local de origem. Por isso o estranho personagem que, do
início ao fim, observa Kirsty nos mais variados momentos, antes de mostrar seu
original formato.
Um
filme que não envelhece, tanto pelo lado estético quanto pela consistência de
sua história. Um trabalho que merece ser assistido pelos admiradores do cinema.
Infelizmente
Hellraiser tornou-se mais uma daquelas franquias onde, a partir de um
determinado número da série, a coisa desanda.
Curiosidades:
-No filme Instinto
Selvagem (Basic Instinct-1992), na cena em que Nick Curran (Michael Douglas)
adormece frente à TV. Pouco antes dele acordar, está passando Hellraiser.
-O termo “Cenobite” vem de Cenobita, uma palavra em Latim
que significa “Membro de uma Comunidade Religiosa”. Eles também são mencionados
no livro Weaveworld, no qual a personagem Immacolata os chama de “Os Cirurgiões
do Além”. Apesar de também serem chamados de demônios, os trabalhos de Clive
mostram que eles são seres bastante distintos daquilo que costumamos chamar de
demônio. No livro Hellbound Heart, são mencionados como sendo “Teólogos da
Ordem de Gash”, eles também são conhecidos pelo termo Hierofante. Não existem
dois Cenobitas iguais, apesar da estética que os une.
-O endereço da casa no filme é “Rua Ludovico, 55” e é o
mesmo nome que tem o instituto para onde é levado Alex (Malcolm McDowell) no filme
“Laranja Mecânica”.
-A mulher cenobite foi interpretada por Grace Kirby, prima
de Clive Barker.
-A banda Coil fez a música tema do filme, mas foi
rejeitada.
-O ator Olive Smith, que pesava apenas 43kg, fez Frank, o
monstro.
-Ofereceram a Doug
Bradley os papéis de Pinhead ou de um humano. Ele quase recusou Pinhead, pois
queria que, em seu primeiro filme, o público visse seu verdadeiro rosto.
Depois, disse que se arrependeria para sempre caso tivesse trocado e não
assumido Pinhead.
-Doug Bradley é amigo de Clive Barker desde a escola.
-A “Configuração do Lamento” é inspirada num quebra-cabeça chinês
que o avô de Clive deu-lhe de presente, quando criança.
-A frase que o personagem Larry Cotton diz: “Jesus chorou”
(“Jesus Wept”), foi uma improvisação do ator Andrew Robinson.
-A segunda e a terceira vítima de Julia (Clare Higgins) na
verdade, não eram atores. Leon Davis trabalhava na construção das decorações
dos filmes e Michael Cassidy é um especialista em cinema.
-O nome Pinhead, não é o verdadeiro. Segundo a obra de Clive
Barker, ele deveria se chamar Lead Cenobite, mas decidiram muda-lo para um
menor ao começar as gravações. Nos créditos aparece o nome original, não o de
Pinhead, inclusive nas sequências posteriores.
Foi indicado aos prêmios:
1988 – Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror
Films, USA – Melhor Filme de horror, Melhor Maquiagem (Bob Keen), Melhor Música
(Christopher Young)
1987 – Sitges – Catalonian International Film Festival –
Melhor Filme – Clive Barker.
1988 – Fantasporto – International Fantasy Film Award –
Melhor Filme – Clive Barker
Ganhou os seguintes prêmios:
1988 –
Avoriaz Fantastic Film Festival – Fear Section Award. – Clive Barker
1988 – Fantasporto – Prêmio da Crítica – Clive Barker
E qual o pensamento que tirei sobre? Não mexa naquilo
que não tem certeza.
Assista o trailer no vídeo abaixo: