Graphic novel faz viagem psicodélica à cultura mexicana

POSTADO POR: admin qui, 13 de dezembro de 2012

“Às vésperas de completar 30 anos, tudo o que Guadalupe Vega quer é esquecer o trabalho que tem no sebo de Minerva, seu tio travesti. No meio do pior engarrafamento do ano (ela aproveita os engarrafamentos para ler os clássicos), a moça fica sabendo que a avó, Milagros, morreu ao chocar sua scooter com um tacomóvel.”
Assim começava a sinopse que a poeta gaúcha Angélica Freitas apresentou ao conterrâneo Odyr Bernardi, há cerca de três anos. No meio do caminho, entrariam novas versões de roteiro, doses de mescal, deuses histéricos, uma comédia ligeira e o som do grupo Village People.
Na graphic novel “Guadalupe”, que a dupla acaba de lançar, a protagonista e seu tio têm de atravessar o México com o caixão de sua avó num furgão, para garantir seu último desejo: um enterro com banda de música em Oaxaca, cidade onde nasceu.
E, com a ajuda de cogumelos com poderes mágicos, a protagonista enfrenta a ira de uma entidade asteca decadente, que tem um plano macabro para não perder fiéis para as correntes religiosas mais moderninhas.
Depois de “Copacabana”, HQ realista escrita em parceria com o roteirista Lobo e que acompanha uma prostituta pela noite do bairro carioca, Odyr se experimenta no ritmo acelerado de “Guadalupe”, cujas cenas frenéticas e humor caricato lembram trechos de desenhos animados.
“Gosto de dizer que neste livro é como se ‘Pequena Miss Sunshine’ encontrasse Carlos Castañeda” define, com bom humor, o ilustrador de 45 anos -em referência ao road movie de Jonathan Dayton e Valerie Faris e ao escritor peruano, autor do romance polêmico e transcendental “A Erva do Diabo”, de 1968.
O lançamento faz parte de uma safra de romances gráficos que une escritores e ilustradores, da qual fazem parte “Cachalote”, de Rafael Coutinho e Daniel Galera, e “A Máquina de Goldberg”, de Fido Nesti e Vanessa Barbara.
Odyr é gaúcho, natural de Pelotas, cidade para onde ele retornou após a conclusão de “Copacabana” e que também revelou outros nomes dos quadrinhos, como Rafael Grampá.
Como um leitor ávido, o cartunista sempre quis fazer a ponte entre literatura e quadrinhos e agora percebe essa aproximação de forma imediata, ao construir uma afinidade entre texto
e desenho.
Além das aventuras de “Guadalupe”, Bernardi publica em plataforma virtual a HQ “O Instrumento” ao mesmo tempo em que finaliza a aventura “Viagem ao Centro dos 2.000 Eus”, publicada em trechos pela Editora Secreta, criada pelo quadrinista.
como visto em Folha de S.Paulo