Fuga dos Mortos (conto-interativo)

POSTADO POR: Maldito qui, 11 de abril de 2013

A partir de hoje, as próximas quintas-feiras do blog estarão comprometidos com a 3° temporada do nosso projeto Conto-Interativo
Para quem ainda não conhece, a ideia é apresentar contos curtos e interligados onde ao final de cada um, será apresentada uma enquete com opções para que os leitores possam decidir a próxima ação do protagonista, assim participando do enredo e influenciando diretamente no final da história.
O Conto-Interativo será postado toda quinta, e terá sua enquete encerrada a meio-noite do domingo seguinte, continuando na próxima semana e assim por diante até o seu final que pode ser a qualquer momento dependendo do rumo que os leitores derem a história.

Se você quiser conhecer, ou relembrar, as outras temporadas deste projeto, clique nos links abaixo.
Embora os contos anteriores estivessem indiretamente interligados (Quem aí notou esse easter egg?), desta vez escolhi trabalhar com algo novo e totalmente independente dos projetos anteriores. Bom, talvez não tão novo assim, já que toda a história irá se passar em um cenário bem conhecido e muito cultivado atualmente. 
Me refiro ao ‘aclamado’ Apocalipse Zumbi. Ou seja, todos os acontecimentos a seguir podem ser facilmente encaixados nos mais diversos universos do gênero, como em um filme de George Romero, uma aventura do RPG Terra Devastada, ou até mesmo como um spin-off da série The Walking Dead. Encarem como uma homenagem aos fãs do estilo.
Introdução

Em ‘Fuga dos Mortos’, os leitores terão que ajudar o jovem Bernardo Espíndola a sobreviver durante este complicado período onde os cadáveres caminham sobre a terra. Nosso protagonista é um negro atlético e bem apessoado, com um corpo bem definido pelos anos de profissão como instrutor de capoeira.

Bernado é um típico cidadão de classe média que está ‘preso’, junto com os seus vizinhos, há quase dois meses, no humilde edifício Santa Luzia de apenas três andares com minúsculos dois apartamentos em cada andar. Durante todo esse tempo os moradores do Santa Luzia vem conseguindo sobreviver através de um rústico sistema de comunidade, ajudando uns aos outros, e totalmente isolados do resto da cidade desde que a infecção se espalhou. 
Curiosamente a energia ainda funciona na velha construção, e alguns moradores costumam manter a TV ou um radio ligados na esperança de ainda captarem algum sinal ou orientação das autoridades. Outros acham isso ainda mais perturbador.


Infelizmente esta conflitante harmonia está prestes a ser abalada. Com o fim inevitável do estoque de comida do lugar, logo os moradores terão que, pela primeira vez, encarar as ruas lotadas de zumbis em busca de alimento. E é a partir daqui que Bernardo conta com a sua ajuda para conseguir sobreviver por mais alguns dias nesse munto hostil… 

Foram três curtas batidas na porta que acordaram Bernardo de um dos seus raros momentos de relaxamento desde que o mundo havia acabado. E não importa o que seus vizinhos dissessem a respeito, é assim que ele via as coisas. Levantou do sofá onde estava deitado e, a caminho da porta, passou lentamente pelo ventilador ligado, o que deu tempo para refletir sobre como ficaria o ambiente quando a energia do lugar finalmente falhasse e não dispusessem mais do aparelho para afastar o calor, e o terrível cheiro de morte.
Abriu a porta ainda sonolento e deparou-se com o simpático Virgílio, o sindico do prédio. Embora o título pouco valesse diante daquela situação, ele ainda fazia questão de exerce-lo.
– Desculpa. Eu te acordei?
– E alguém consegue dormir com aquelas coisas perambulando lá fora?


Usando de toda a diplomacia que exercitou em mais de vinte anos atuando como advogado, o homem calvo explica a atual situação da reserva de comida dos moradores e alerta que o que restou, provavelmente não passará desta noite.
– … E é por isso que eu estou passando pelos apartamentos e expondo a situação para os moradores. Amanhã infelizmente teremos que organizar um grupo de busca que saia atrás de alimentos, e é por isso que estou propondo uma assembléia hoje a noite no meu apartamento, para compartilharmos o pouco que nos resta de comida, e definirmos quem vai integrar esse grupo de corajosos que irão nos salvar.
Sem conseguir pensar em solução melhor, Bernardo admira a atitude do sindico em silencio, e como aprovação da ideia, entrega a ele tudo que ainda poderia ser considerado comestível em seu apartamento, o que incluiu meio saco de farinha, uma lata com seleta de legumes, e um pacote de queijo ralado.
– Desculpa Virgílio, mas isso é realmente tudo que me sobrou.
– Não tem problema. Está ótimo. Tenho certeza que a Dona Francine do 201, saberá como integrar essas coisas com o resto que já coletamos dos outros moradores.
– Ah, a Fran que vai cozinhar esse nosso banquete? Legal! Pelo jeito tá todo mundo disposto a colaborar um pouquinho, né!
– Quase todo mundo. Como sempre aquele velho rabugento do terceiro andar resolveu encrencar e disse que não vai participar. Mas felizmente a neta dele, que é um doce de pessoa, confirmou presença e colaborou com uma singela lata de atum.
Dito isso o homem se afastou com as doações de Bernardo, e deixou o capoeirista com seus pensamentos.

A noite chegou lenta como todas as últimas, e logo todos os moradores vivos do Santa Luzia eram atraídos pelo cheiro do cozido que emanava da casa do síndico. Aos poucos eles foram chegando, entrando, e ceando. E assim que rasparam a última comida das panelas, estavam prontos para tomar uma importante decisão, talvez a mais importante desde que tudo aconteceu.
Ficou acertado que, dos seis moradores presentes na reunião, dois seriam escolhidos por sorteio para saírem até as construções ao redor em busca de comida para o grupo. Uma grande expectativa formou-se no ambiente enquanto os nomes de todos eram escritos em papéis e dispostos em uma sacola para serem sorteados. 
Sem muitas delongas, Virgílio sacou os dois pedaços que revelariam os escolhidos, e temendo que ele próprio fosse um dos desafortunados, apenas os largou na mesa esperando que um outro alguém os lesse. E foi a voz da doce adolescente Thábata Santana que anunciou o nome da dupla sorteada aos outros presentes.
– Saiu o nome do Senhor Mauro,… e do Bernardo.

Ao fim da reunião, a medida que os moradores do Santa Luzia se despediam e retornavam a seus respectivos apartamentos, aproveitavam o momento para dedicar palavras de apoio aos dois que, pela manhã, colocariam suas vidas em risco pelo bem do coletivo.
Thábata fez questão de ficar por última. E enquanto o sindico tentava ajudar Mauro a conformar-se com seu destino, a jovem de cabelos dourados rapidamente puxou Bernardo para um canto da sala, e com os olhos marejados se abriu com o rapaz.
– Desculpa Bernardo. De certa forma eu me sinto culpada com o que pode lhe acontecer durante esta busca por comida.
– Que isso menina Thábata! Você não tem culpa de nada. Eu até prefiro mesmo que seja eu lá fora do que qualquer um de vocês. Se tem alguém aqui no Santa Luzia que tem preparo físico suficiente para cumprir essa missão, sou eu.
– Mas é que isso não precisaria acontecer. Bom, pelo menos não agora. Bernardo, por favor, precisa me prometer segredo, mas aquele meu avô paranoico ainda tem muita comida estocada lá em casa. O suficiente para alimentar todo o prédio por pelo menos mais uma ou duas semanas. É por isso que ele não quis participar dessa reunião, e eu não acho isso justo…
As próximas palavras da menina vieram abafadas por um choro incontido que acabou chamando a atenção dos outros na sala. Pensando tratar-se apenas de um nervosismo passageiro da jovem, o sindico amparou a menina, e com todo cuidado resolveu conduzi-la de volta ao seu apartamento. Antes de cruzar pela porta, ele virou-se, e com um olhar paternal encarou os dois que restaram.
– E vocês, voltem para casa e tentem dormir um pouco. Precisamos que estejam em plena disposição logo pela manhã. Estamos todos contando com vocês para sobrevivermos mais alguns dias antes que,… Antes que uma equipe de resgate nos encontre.
Após a saída de Virgílio, os sorteados trocaram um prolongando aperto de mãos, e com um simples ‘Até amanhã’, seguiram respectivamente para seus apartamentos.

Já em casa, Bernardo senta em frente ao ventilador na esperança que ele refresque suas ideias, e mentalmente tenta relembrar os possíveis lugares onde poderia ter sucesso em sua busca por comida. 
Por segurança ele pega um caderno gasto e começa a desenhar um mapa mal tracejado onde assinala três pontos específicos ao redor do quadrado legendado como ‘Prédio Santa Luzia’. O mercado da rua de trás, a lanchonete de fast food logo em frente, e a padaria localizada na esquina da mesma rua.
Tentando não pensar no que acabara de ouvir da chorosa neta do velho Santana, ele coloca suas anotações de lado e relaxa os músculos tentando encontrar o sono, e que junto com ele venham as respostas que precisa para suas perguntas.

***

Agora chegou a hora de participar desta história e dar sua contribuição para o rumo da trama. Você pode votar na enquete abaixo até a meia-noite do próximo domingo (dia 14) e acompanhar o caminho escolhido pela maioria na próxima quinta.

Também é importante que vocês usem os comentários do blog para aumentar essa interatividade que é essencial para a conclusão de mais uma temporada deste projeto.

Qual o rumo que Bernardo deveria tomar assim que acordar?
Procurar alimento no Mercado da rua de trás
Procurar alimento na lanchonete logo em frente
Procurar alimento na padaria da esquina
Convencer os moradores a confiscar a comida escondida do velho Santana

Para não perder o fio da meada e poder acompanhar o rumo desta história até o seu final, sugerimos que siga o perfil do blog no Twitter, e curta nossa página no Facebook, onde sempre serão postadas informações sobre os próximos capítulos.