Fome de Viver

POSTADO POR: admin qui, 27 de fevereiro de 2014

Fome de Viver (The Hunger)
Diretor: Tony Scott
Roteiro: Ivan Davis, Michael Thomas
Ano: 1983
País: Reino Unido
Atores: David Bowie, Catherine Deneuve, Susan Sarandon
David Bowie, Susan Sarandon e Catherine Deneuve num mesmo filme que se inicia com a banda Bauhaus e seu clássico Bela Lugosi’s Dead. Para quem conhece tais nomes, sabe que nada mais precisaria ser dito sobre a obra. E o que era para o final, solto agora: Fome de Viver é um excelente filme sobre vampiros.
Esqueça as tão conhecidas mordidas, o adormecer diurno protegido por caixões, queimaduras na pele quando ao menor contato com o sol. Suas presas afiadas, uma trilha sonora densa e grave, as capas e morcegos. Nada de ambientes úmidos, pedras cobertas por limo, cheiro de terra ou qualquer outro ambiente que remeta a um típico esconderijo. Esqueça as roupas que fogem do momento atual apresentado e condutas que despertariam a atenção dos mais curiosos. Outro caminho inicia-se para estas tão conhecidas e desejadas criaturas.
Miriam é uma vampira de origem egípcia que bebe sangue a cada sete dias para manter-se jovem e bela. Ao seu lado, John, sua “cria”, que a acompanha ao longo dos tempos. Mas diferente dela, ele tem um tempo útil que agora chega ao fim, fazendo com que envelheça rapidamente, aproximando-o o fim. Por isso vai à procura da doutora Sarah, que vem chamando a atenção devido suas pesquisas sobre envelhecimento precoce. Já em seu consultório, ela não acredita nele, mas ao reencontra-lo duas horas depois, vê que ele não é mais um dos malucos que frequentemente surgem em seu caminho. Irritado, John vai embora, deixando-a perplexa.
Dias depois a doutora bate à porta de sua casa, sendo recebida por Miriam.
Fome de Viver foi uma tragédia de bilheteria, mas tornou-se um clássico dentro do gênero e adorado pelos góticos.
A estética do filme é primorosa, acompanhando a beleza das protagonistas. Hipnótica e nem um pouco óbvia. O jogo de sombras no interior da casa, a predominância de um azul frio e acinzentado realçando um ambiente soturno e quase melancólico, aliado à ideia simples, porém genial, dos tecidos transparentes percorrendo por toda a obra, como que a um passo de mesclar as belezas apresentadas. Um filme que poderia facilmente ser pendurado na parede de sua casa, como um quadro, devido sua estética ímpar que praticamente se mantém por todo seu decorrer.

Então torna-se óbvia o por quê do filme iniciar-se com a canção Bela Lugosi’s Dead. Outro caminho para estas tão desejadas criaturas. Esqueça Nosferatu e, principalmente, Drácula. O distanciamento com o que é esperado é tamanho que a palavra vampiro, ou qualquer outro sinônimo, não é utilizado. O mesmo quanto às regras e demais componentes que preenchem o universo destas sedutoras bebedoras de sangue. E, não sendo suficicente, somos apresentandos à uma das cenas de lesbianismo mais bonitas/sexy do cinema.
Um drama gótico onde a maioria dos espectadores gostaria de fazer parte, nem que fosse por uma única noite. Afinal, vale a pena morrer na certeza de estar num mesmo recinto com Catherine Deneuve, David Bowie e Susan Sarandon, no auge de suas belezas.
Fome de Viver é uma grande marca na trajetória cinematográfia destas criaturas. Pela originalidade como são apresentadas, pelo cuidado estético e por mostrar uma nova faceta à um sub-gênero tão pré-esperado.

Quanto à trilha sonora, uma compilação ímpar, mas peca pelo cd ser um tanto quanto incompleto.
Track-list oficial:
1. Trio In E Flat, Op. 100 (Excerpt)
2. Beach House – Stefany Spruill
3. Suite #1 For Cello In G, Preludium (Excerpt, First Movement)
4. Waiting Room/Flashbacks
5. Sarah’s Panic
6. The Arisen
7. Partita #3 In E, Gavotte En Rondeau (Excerpt)
8. Lakme
9. Sarah’s Transformation
10. The Final Death
11. Trio In E, Op. 100
Faixas (ou trechos das obras) que aparecem no decorrer do filme e nos créditos finais , mas não estão no cd oficial:
Gregorio Allegri (from “Miserere”)
Johann Sebastian Bach (from “Suite #1 for solo cello in G-major/Partita #3 in E-major”)
Léo Delibes (from “Lakmé”)
Edouard Lalo (from “Piano Trio No. 1 in C”)
Maurice Ravel (“Le Gibet” from “Gaspard de la nuit”)
Franz Schubert (from “Trio in E flat Op. 100”)
Bauhaus (Bela Lugosi’s Dead)           
Curiosidades:
-O ator Williem Dafoe, ainda desconhecido, figura numa rápida cena na rua envolvendo um telefone público.
-No documentário O Outro Lado de Hollywood (1995), Susan Sarandon, ao ler no roteiro original que ela ficaria bêbada e, consequentemente, iria para a cama com a vampira, pediu para mudar. Por isso sua personagem bebe um único gole de xerez e derrama o restante, pois queria deixar nítido que sua personagem foi para a cama com Miriam por que quis, e não por influência do álcool. Como a mesma disse: Você não precisa estar bêbada para ir para a cama com Catherine Deneuve.
-David Bowie aprendeu a tocar violoncelo para as cenas onde toca o instrumento.
-Tony Scott descobriu a banda Bauhaus numa casa noturna e decidiu coloca-los no filme.
-A idade de Míriam é 6 mil anos. A de John, 3 mil.
-O ator Cliff de Young, namorado de Susan no filme, foi vocalista da banda Clear Light na década de 60. Ou seja, David Bowie não é o único rockstar no filme.
-Tony Scott é irmão de Ridley Scott. Ele dedicou o filme à memória do irmão Frank Scott. O mesmo a quem Ridley dedicou Blade Runner (1982). Fome de Viver foi seu primeiro filme.
-Em setembro de 2009, a Warner Brothers anunciou o remake de Fome de Viver para 2013. Mas parece que o bom senso preveleceu e não foi feito #thanksgod  (Obs: Quem regravar esta obra merece morrer. Sério.)
-Whitley Striber, que escreveu o filme, também escreveu duas sequências para o mesmo:  The Last Vampire (2001) e Lilith’s Dream: A Tale Of The Vampire Life (2003). Mas nenhum deles foi filmado. Também é o autor de Lobos (1981) e Estranhos Visitantes (1989)
-A tão falada cena de sexo de Catherine e Susan foi filmada numa única tomada.
-O Filme foi exibido em Cannes, em 1983.
-David Bowie inspirou-se em Nicolas Roeg, protagonista de O Homem Que Caiu na Terra (1976), feito sete anos antes.
-Tony queria filma-lo todo em Nova York, mas o orçamento não permitiu.
-O símbolo mantido em seu pescoço: Ankh, (pronuncia-se “anrr” nas línguas semitas como hebraico e árabe a junção das consoantes k e h cria o som de dois r em um fonema a partir da garganta como uma expiração) conhecida também como cruz ansada, era na escrita hieroglífica egípcia o símbolo da vida. Conhecido também como símbolo da vida eterna. Os egípcios usavam-na para indicar a vida após a morte. A forma do ankh assemelha-se a uma cruz, com a haste superior vertical substituída por uma alça ovalada. Em algumas representações primitivas, possui as suas extremidades superiores e inferiores bipartidas. (Fonte: Wikipedia)
Prêmios:
Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films, USA – 1984 – Indicado para Melhor Maquiagem (Dick Smith, Carl Fullerton) e Melhor Figurino (Milena Canonero)

E qual o pensamento que tirei sobre?
Quem não gostaria de estar num mesmo quarto com Susan Sarandon, Catherine Deneuve e David Bowie? Eu não ligaria de morrer seco.
Obs: Para quem mora no Rio de Janeiro, capital, Fome de Viver está em cartaz no Espaço Itaú, na praia de Botafogo. Assisti-lo num cinema é, simplesmente, fantástico. Aproveite antes que saia de cartaz.
Você o assiste aqui, completo e legendado no vídeo abaixo:

Para você que gosta de filmes totalmente inesperados sobre vampiros, aproveito para relembrar do incrível ‘Martin, o amante de sangue’ já apresentado nessa coluna.