Ensino Automatizado

POSTADO POR: admin qua, 27 de julho de 2011

Com vocês, mais uma vez, Professor Pachidermo:
‘Maldito, primeiramente agradeço ter realmente publicado o texto que lhe enviei sobre meu desgosto pela língua portuguesa.
Agradeço muito também os leitores que fizeram comentários, mesmo os que discordaram de minha opinião demonstraram terem refletido sobre o assunto o suficiente para expor sua opinião.
O Maldito me contou, inclusive, que muitos comentaram “descendo o pau” no meu artigo e na minha pessoa, mas por partirem de usuários anônimos, ele achou por bem deletar tais participações.
Gostaria de pedir que futuros comentários, mesmo que anônimos, quando apedrejarem meus comentários no campo das ideias, que sejam publicados. 
O debate é uma excelente oportunidades para aprendermos, nem que seja para aprender que quem está fazendo a crítica é um imbecil.
Acredito que estes que discordaram confundiram minha opinião com a oficialização do português incorreto que foi instituído recentemente em um livro didático feito com verbas públicas.
Mas não vou mais insistir no assunto tão cedo. Quem quiser, que releia meu artigo anterior com um pouco mais de atenção e faça suas observações nos comentários se quiserem continuar com esse debate.
Gostaria de apresentar uma ilustração do atual estrutura de ensino pela qual passam nossas crianças e adolescentes em grande parte dos estados brasileiros. 
Muitos cidadãos acreditam que, depois de 12 anos de escola, seus filhos saem preparados para se adequarem ao mundo dos adultos, com seus conhecimentos e suas capacidades. 
Porém, o que muitos desconhecem, é como essa estrutura de ensino acaba despejando no mundo jovens incapazes de cumprir as necessidades para o mais básico dos empregos de nossa sociedade.
O ensino segue conceitos da produção em série, onde os alunos passam direto por vários anos de ensino, independente do conteúdo que conseguiram assimilar, e somente a cada 2 ou 4 anos, dependendo do estado, é que tais alunos são avaliados como capazes ou não de seguir para o próximo ciclo.
Se considerados incapazes, eles voltam para o início do ano em que repetiram, e não para o início do ciclo (2 ou até 4 anos atrás), mesmo que os conteúdos não assimilados sejam passados em qualquer um dos anos/séries anteriores.
Vendo que segurar alunos com tais deficiências seria perda de tempo e desgaste desnecessário (afinal, tais alunos dificilmente conseguirão recuperar em apenas um ano o atraso de vários anos de ensino), os professores destes ciclos promovem praticamente todos os alunos para o próximo ciclo.
E o mesmo ocorre para cada um dos próximos ciclos de ensino: Os alunos têm deficiências que vêm do ano anterior, mesmo se o professor tentar repetir o aluno, tem pai que vai choramingar na diretoria de ensino e a aprovação do aluno vem carimbada na documentação para o próximo ano e assim caminha tropegamente a educação.

A ilustração que eu gostaria de passar aqui é a de uma linha de montagem de um veículo. Vamos imaginar que até a 4ªsérie/5ºano, deveriam ser feitas as peças e o motor do veículo. Na 5ªsérie/6ºano, os professores recebem vários motores tortos e com peças faltando, e precisam colocar tudo isso funcionando em um chassi. Como precisa perder tempo improvisando peças que faltaram e consertando motores (inclusive motores que não querem ser consertados), fica impossível fixar corretamente o chassi de todos os veículos, mesmo o daqueles que vieram com o motor funcionando e todas as peças.

E como é exigida por lei o avanço desses carros pela esteira de montagem, muitos chassis ficam até entortados para conseguir comportar o motor que já veio mal montado e o trambolho segue adiante.
Finalmente, no colegial, onde é feito todo o acabamento interno e os ajustes, os professores recebem carros que nem andar andam. Muitos nem 4 rodas têm.
Mais uma vez, como ele é obrigado a passar de ano esses veículos, ou então, será chamado de incompetente e terá seu salário reduzido, o professor empurra as carcaças tortas e capengas pelo portão de saída da fábrica para dar a impressão de que eles são capaz de andar por conta
própria.
E é desses veículos que dependerá o futuro do nosso país.’
*Professor Policarpo Pachidermo