Coisas que um carioca nunca vai entender em SP (parte 2)

POSTADO POR: admin qui, 21 de fevereiro de 2013

Estou prestes a completar dois anos residindo na terra da garoa e acho incrível como ainda sou surpreendido pela grande diferença cultural entre São Paulo e Rio de Janeiro.
Parece que a cada bimestre que passo por aqui descubro uma nova liturgia paulistana a qual preciso me adaptar. Algumas coisas são bem simples, como por exemplo, o peculiar Calendário Gastronômico Paulistano, mas outras são tão complexas que chegam a interferir drasticamente na rotina de um carioca que escolheu morar em Sampa.

Então, em uma tentativa de compreender a origem, razão ou motivo de certos protocolos sociais dos paulistanos, estou aqui listando as coisas que com o tempo descubro, aprendo, mas não entendo, em SP.
2-São Paulo e sua Escatologia de Rua
Para uma pessoa que saiba apreciar os vários ‘tons de cinza’ das construções urbanas, São Paulo é realmente uma cidade fantástica. Seus prédios se erguem com uma incrível imponência e parecem te encarar ferozmente do alto de sua magnitude. E muitas vezes você acaba se sentindo forçado a olhar pra cima enquanto caminha pela cidade, na busca de mirar o que sobrou do céu só pra ter certeza de que Deus ainda pode te encontrar em meio a essa selva de pedra.
Infelizmente, caminhar com essa postura pelas ruas de Sampa não é nada seguro. O centro da cidade é praticamente um campo minado, um descuido e você literalmente vai enfiar o pé na merda. Ou como diriam aqui em São Paulo, na bosta.
É como se existisse um grupo de moradores de rua de elite, que ao contrário dos simples mendigos civis que só cagam em cantinhos discretos, esses defecam agressivamente em pontos estratégicos meticulosamente selecionados pela alta cúpula da mendigagem. São locais, aparentemente aleatórios, onde você realmente jamais esperaria topar com uma merda destas, lugares como a entrada de um caixa eletrônico, ao lado de um banco de praça, bem em frente a uma lanchonete fast food, em um estacionamento, na saída de uma loja de conveniência, uma vez eu encontrei um destes bem na porta de um banheiro. 
Aqui você corre o risco de desviar de um coco e acabar caindo em outro. Mas que merda é essa?
Certa vez, vesti uma bermuda, camiseta e chinelos básicos e saí para uma rápida passada no banco localizado a poucas quadras da minha casa. Durante o trajeto da ida, procurei distrair minha mente contando as merdas que encontraria nesse curto caminho que faria. Ao final somaram-se oito merdalhões devidamente espalhados pelo meio da calçada (passeio em SP). Não sou um especialista, mas assim só de olhar, deduzo que apenas três destes não tinham origem humana. Achei algo tão exorbitante que imaginei que se eu relatasse isso pra alguém, não acreditariam em minhas palavras. Diriam que é pura implicância de um carioca com SP, etc e tal.
Já no trajeto de volta pra casa eu pensei em tirar fotos destes ‘espécimes fecais’ e montar uma espécie de exposição com pinta de arte moderna, dessas que ninguém entende nada, mas também não diz que não gosta. Parei e pensei melhor, e vi que isso ficaria uma merda só!
Me limitei então em expressar essa angustia apenas em palavras neste texto.
O pior é que por mais que chova na Terra da Garoa nunca é o suficiente para dar descarga nessa bosta toda. Afinal, como guerrear contra um grupo que produz suas armas em massa?
Se como a rainha Rita Lee cantou uma vez ‘No fim tudo vira bosta’, eu sinceramente espero que essa merda toda não seja mais uma tecnologia de ponta que, como tudo no Brasil, chegou primeiro em São Paulo.
Porque isso não acontece no Rio de Janeiro
É óbvio que isso também ocorre em ruas cariocas, mas a frequência é muito menor. Encontrar um coco de cachorro no Rio é algo muito raro, quem dirá uma merda humana. Se topar com alguma, provavelmente é bem recente, pode dar uma olhada ao redor que com certeza ainda conseguirá avistar o mendigo levantando as calças após sua obra.

Mas então você me pergunta: Se a limpeza urbana de uma cidade não é melhor nem pior que a da outra, ou seja, é tudo a mesma porcaria. E ambas as capitais vem sofrendo com a mesma triste questão da multiplicação desses desafortunados. Porque isso não acontece no Rio de Janeiro?
Sabe que pensei muito sobre o caso e cheguei a conclusão que, como tudo no Rio, a resposta está na praia. Lá os moradores de rua encontram uma enorme ‘caixa de areia para gatos’ onde podem enterrar suas fezes de forma semi-higiênica e ajudar a cidade a manter seu título de ‘maravilhosa’. 
Alguém consegue imaginar uma explicação melhor?

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