Cenas de James Bond que são mais insanas nos livros

POSTADO POR: admin ter, 26 de janeiro de 2016

Desde o primeiro filme da franquia 007 em que o personagem foi interpretado pelo lendário Sean Connery até as sequências atuais estreladas pelo casca grossa do Daniel Craig, o agente secreto já foi representado de diversas formas diferentes no cinema, exibindo personalidades que variam de acordo com a época e o ator que encarna esse papel.

Já nos livros essas variáveis não existem, o autor Ian Fleming sempre descreveu James Bond como um cara encorpado que poderia inciar qualquer conversa educada em uma festa chic, com a mesma desenvoltura de quem pode chutar a sua bunda sem qualquer motivo aparente. E se compararmos as duas versões, é claro que o Bond original criado pelo autor Fleming é bem mais insano do que o conhecido no cinema. Seguindo a eterna premissa de que o livro é sempre melhor do que o filme.
Assim como fizemos na matéria anterior com as ‘Cenas de Game of Thrones que são mais chocantes nos livros’, resolvemos discriminar aqui como as aventuras de James Bond são bem mais insanas (e as vezes até menos idiotas) nas páginas literárias.
Um livro do James Bond em que ele apenas faz participação especial
Fleming sempre deixou claro que ficou descontente com o seu próprio trabalho em ‘007 O espião que me amava’, e isso fica claro quando você tenta compreender a confusão que ele produziu nessa obra. Um livro narrado do ponto de vista de uma mulher que se envolve com James Bond poderia ser uma excelente premissa, afinal, as mulheres sempre tiveram um papel fundamental na vida do agente secreto. Isso se a história toda não fosse totalmente pautada na vida sexual da protagonista. É o mais curto e explicito sexualmente de todos os livros de Fleming, e também com uma clara divergência dos demais romances sobre 007. James Bond não aparece até o décimo capítulo, e desaparece novamente no início do último capítulo do livro.
Isso não é um exagero. A história é contada na primeira pessoa pela personagem Vivienne Michel. Uma mulher cujo primeiro namorado tirou sua virgindade em um campo e terminou o romance em seguida, e o segundo forçou ela a realizar um aborto antes de abandoná-la. James Bond a salva de ser estuprada em um quarto de hotel, mata seus agressores e desaparece antes que ela acorde na manhã seguinte.
No prólogo do livro Fleming inclui um adendo afirmando que ele recebeu a história diretamente da tal Vivienne Michel, dando supostamente a ela a co-autoria do livro, e meio que dividindo a culpa do desastre que escreveu.
Red Grant quer matar sempre que é lua cheia
Em ‘Moscou contra 007’ a história se centra em um plano da SMERSH (a agência de contraespionagem da União Soviética) para assassinar Bond de forma a colocá-lo na infâmia junto com sua agência, o Serviço Secreto Britânico. Como isca, os russos usam uma bela funcionária de decodificação e um Spektor, uma máquina decodificadora soviética. Grande parte da ação se passa na cidade de Istambul e no Expresso do Oriente.
Red Grant foi treinado basicamente para ser uma versão soviética de James Bond. Normalmente, os vilões da franquia sempre tentam manter um ar de classe e decência, o que parece perfeitamente plausível quando se está roubando armas nucleares ou coisas do tipo. Mas Red Grant, além de ser um assassino de animais e pessoas, ele fica mais à vontade para matar suas vítimas somente quando a lua está cheia. Praticamente um serial killer que funciona com a periodicidade de um lobisomem.

O Satânico Dr. No é sufocado em excremento de pássaros (depois de Bond lutar contra uma lula gigante)
Se você é um super vilão, é compreensível que mantenha uma gama de capangas e asseclas diversos para atrasar o caminho do herói em sua missão. Em ‘007 Contra o Satânico Dr. No’, o citado Dr. No eleva essa prática à um novo patamar ao escolher uma lula gigante como seu animal de guarda.
Felizmente, o Bond de Fleming é capaz de lidar com tal criatura em menos de três páginas. Ele transpassa o molusco com uma lança, para logo em seguida sufocar o Dr. No com uma quantidade imensurável de merda de pássaro.
Talvez a cena não fosse tão anti-clímax se não acontecesse tão de repente. Bond assume o controle de um guindaste e despeja toneladas de guano em cima dele, e depois ainda tira alguns minutos para refletir em como seria patético morrer de tal forma.
As pessoas negras são estranhamente apresentadas em ‘Viva e deixe Morrer’
No enredo James Bond é enviado aos Estados Unidos (mais precisamente ao bairro do Harlem) para deter um traficante, Mr. Big, que vende drogas a custo zero para pôr seus concorrentes fora de cena e garantir o monopólio no negócio. O agente vê-se apanhado num mundo de gângsters e de feiticeiros voodoo.
Ian Fleming não era muito bom em descrever outros personagens que não fosse o próprio James Bond. E isso inclui principalmente os diálogos do elenco coadjuvante. Em ‘Viva e deixe Morrer’, desde o início você tem a nítida sensação de que o autor está tentando compensar alguma coisa. Cada sentença dita nessa obra poderia muito bem terminar como “… mas eu não sou racista.” Fleming tropeça sobre si mesmo toda vez que tenta lidar com os negros em sua história, falhando miseravelmente na maioria das vezes. Por exemplo, em um ponto uma mulher negra está dirigindo um carro, e Bond sente a incrível necessidade de gastar um bom tempo ponderando o quão incrível ela é ao executar essa tarefa.
É claro que Bond passa a maior parte do seu tempo cercado por uma aristocracia inglesa da década de 50 e 60. Ele não é mundano, portanto é de se esperar que seja surpreendido em um bairro majoritariamente negro como o Harlem, mas a forma que ele lida com isso descrita no livro, beira o ridículo.
Os ovos mexidos de Bond
Octopussy and The Living Daylights (lançado originalmente no Brasil como Encontro em Berlim) é uma coleção de histórias curtas que foi publicado após a morte de Fleming. E a última história do livro com o Bond original foi intitulada como “007 em Nova York”. Não é um nome bom o suficiente que pudesse mais tarde ser adaptado em um filme do 007, mas para coroar a série, Fleming gasta algumas páginas narrando o agente transmitindo uma receita de ovos mexidos para a sua secretária, soando quase como um monólogo interno do personagem.
Isso é compreensível se você entender que muito do que é mostrado na tela supre o drama e tensão criada por Fleming em seus originais, mas os livros são extremamente competentes em passar para o leitor a psiquê de um agente secreto. Enquanto os filmes se limitam em mostrar como seria legal viver aventuras em diversas partes do mundo, os livros procuram deixar o personagem em estado quase constante de pânico, seguido de um curto espaço de calmaria, entreposto por algumas pausas para a vodca. Você não termina os livros querendo ser o James Bond. Você termina na esperança de que James Bond tenha pelo menos uma noite de sono ininterrupto.
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