Autores que tiveram uma vida mais agitada do que a ficção que escreveram

POSTADO POR: admin dom, 21 de junho de 2015

Muitos autores precisam buscar inspiração para suas obras em diversos elementos externos que os cercam, agindo apenas como relatores do mundo que observam. Outros poucos afortunados foram protagonistas de suas próprias histórias, e as desventuras que reproduziram em seu trabalho, nada mais é do que um fiel retrato de suas vidas conturbadas. O que, cá entre nós, torna a literatura desses escritores bem mais visceral que o normal.

Aqui estão alguns autores que tiveram vidas pessoais mais agitadas do que a ficção que escreveram, e que de alguma forma estranha, conseguiram sobreviver tempo suficiente neste caos, para nos deixar um grande legado de livros.
Jack London

Jack London cresceu em uma região pobre de San Francisco, e, portanto, passou por muitas privações durante a sua infância. Aos sete anos, London roubou um pedaço de carne da cesta de uma vendedora, que pode justificar a ideia de como ele teve tanto sucesso escrevendo a partir da perspectiva de um cachorro. Aos 22 anos, ele se abriu em uma carta para sua namorada, “Foi a fome, nada além de fome! Você não pode entender, nem nunca entenderá.”. Finalmente, ele tornou-se um autor de sucesso e ganhou dinheiro suficiente para comprar toda a carne que suportaria comer. E então ele acabou atingido por uma doença renal de tanto comer proteína, uma grande parte dela crua, e morreu aos quarenta anos de idade. Portanto, quando London nos leva para dentro da mente de um lobo faminto em Caninos Brancos , o cara sabe mesmo do que está falando.
Charles Bukowski

Agentes do FBI prenderam Bukowski em 1944 por suspeita de evasão de divisas, mas depois de um exame psicológico, ele foi declarado inapto para o serviço militar. Ele publicou algumas histórias depois disso, ficou desanimado com suas tentativas frustradas de invadir o mundo literário, e viveu um período que ele mesmo chamou de “10 anos bêbado”. Em Los Angeles, ele trabalhou em uma fábrica de picles e como carteiro, enquanto percorria os bares das cidades em busca de uma noite perfeita de bebedeira. Essas experiências corajosas alimentaram as dezenas de obras de poesia, contos e romances que ele produziu ao longo da vida, algo que fica bem evidente no título que escolheu para a sua coluna no jornal LA Open City, “Notas de um velho safado”, posteriormente reunida e publicada em livro .
Sven Hassel

Hassel nasceu em uma família pobre da classe trabalhadora que o levou a entrar para a marinha mercante com 14 anos, para ganhar a vida. Com o aumento do desemprego e uma crise geral na Dinamarca, decidiu então tentar a sorte na Alemanha na esperança de encontrar um emprego. Mesmo assim, sua busca por emprego não foi bem sucedida e ele decidiu juntar-se ao exército alemão como voluntário. Para isso teve que assumir a cidadania alemã, que lhe foi concedida por meio de uma mentira, declarando que seu pai era de origem austríaca. 
Como um soldado na frente, Hassel foi exposto aos perigos de lutar em várias linhas de batalhas. No entanto, quando a guerra terminou em 1945, como conseqüência de ter lutado do lado alemão, ele ficou preso em várias prisões americanas e campos de concentração russos, como um prisioneiro de guerra. Foi enquanto pagava sua sentença em um desses campos de prisioneiros que Hassel começou a escrever seu primeiro livro. O Legião dos Condenados foi publicado na Dinamarca, em 1953. Até hoje é o único romance dinamarquês que foi vendido por mais de seis décadas consecutivas, desde a sua primeira edição.

O. Henry

De acordo com os arquivos do Museu O. Henry em Austin, Texas, em seus últimos anos, esse famoso contista era capaz de beber de 1 a 2 litros de uísque por dia. Não muito diferente de um elefante, ele podia beber um galão de cerveja sem mostrar qualquer traço de embriaguez. Além de escrever histórias, O. Henry desenhou cartoons, fez mapas, e foi para a prisão por desviar dinheiro de um banco. Ele estava tão envergonhado do seu passado que escondeu seu verdadeiro nome, (William Sidney Porter) de seus editores. E com isso ele rendeu aos editores muita dor de cabeça, vendendo suas histórias a mais de uma editora e exigindo pagamentos cada vez maiores. Mas suas histórias eram tão populares, que os editores estavam sempre dispostos a aturar os seus descasos.
Charles Dickens

A casa de Dickens não era exatamente um exemplo de ambiente familiar. Ele teve nove filhos com sua esposa, Catherine Hogarth, dos quais oito sobreviveram até a idade adulta. Quando Dickens tinha 45 anos, ele trocou sua esposa e filhos por uma jovem atriz de 18 anos de idade. Ainda assim, a maioria dos seus filhos nunca deixaram de depender do seu fluxo constante de dinheiro, mesmo depois de adultos. Ele queixou-se numa carta de “ter trazido a maior família já vista, com a menor disposição para fazer qualquer coisa por si mesmos.”. O drama da vida familiar nunca abandonou Dickens, e mesmo após ter deixado sua esposa Catherine, ele publicou obras como Grandes Esperanças e Um conto de duas Cidades.
Victor Hugo

Enquanto as vidas caóticas desses outros autores jogavam contra a sua produção artística e longevidade, Victor Hugo cometeu uma loucura com o intuito de reforçar a sua produtividade. O autor aceitou o prazo insano de escrever O Corcunda de Notre-Dame entre o outono de 1830 e fevereiro de 1831. “Não tem problema “, pensou Hugo. “Se eu ficar nu, eu simplesmente não terei como sair de casa.”, então ele pediu que um servo levasse suas roupas para evitar qualquer tentação de sair para fora de casa, e ficou sem nada para vestir além de um grande xale cinza. Este método é semelhante ao que fez o autor americano James Whitcomb Riley, que escreveu nu para evitar a tentação de ir aos bares.
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