Atualizando nossas músicas de protesto neste momento de manifesto

POSTADO POR: admin qui, 20 de junho de 2013

Nos dias que tem manifestação marcada aqui em São Paulo, confesso que fico dividido entre sair as ruas com o povo, ou assistir as lindas imagens que repercutem pelos programas policiais populares que fazem cobertura ao vivo do ato durante o mesmo horário, o que também não deixa de ser uma experiencia marcante.
O que faço? Assisto o máximo que posso pela TV, e depois corro pra me juntar aos outros manifestantes, com a facilidade de quem mora no centro de Sampa, e portanto bem no âmago de tudo que você está vendo na mídia.
Mas no dia seguinte quando passa aquelas imagens editadas, e muitas vezes tendenciosas, é como se fosse um balde de água fria em todo o esforço empregado nesse protesto pra lá de digno.

As piores são as anacrônicas que simplesmente se perderam em algum lugar no espaço tempo, e ilustram a matéria com músicas decrépitas como ‘Pra não dizer que não falei de flores’ do Geraldo Vandré. Nada contra a canção, que é linda aliás (para aquela época), mas nem fodendo representa o momento que estamos vivendo. Essa letra não seria válida nem que eles usassem a versão do Charlie Brown Jr. Eu não sei qual a intenção esdruxula que motiva essa tentativa de associar os protestos atuais com os de 50 anos atrás, talvez desfocar o verdadeiro alvo, ou dar salvo conduto a certos traidores nacionais, mas o fato é que não podemos deixar que eles imponham o ritmo dos nossos corações, que no momento pulsam com sangue quente.
Caso eles não saibam, eu gostaria de relembrar que alem do Tchan, do Tchu, e do Tchá, a gente já fez muita música de protesto de lá pra cá.

Parece que as redes de TV passaram tanto tempo fazendo nossos ouvidos de pinico, que esqueceram de atualizar seus acervos musicais. Talvez porque achassem que nunca iriam precisar.

E para dizer que músicas como ‘Cálice’, ‘Alegria Alegria’, e similares do passado não me representam (pelo menos, não mais), eu tive a petulância de listar algumas músicas que, ao meu ver, caracterizam bem melhor a geração vigente, e esse momento de mudança que estamos vivendo.
Então, se você se sente jovem ainda, atualize a sua playlist, se encha de inspiração das canções abaixo, e vamos pra rua!!!

6-‘Até Quando Brasil-Colônia’, do Oriente
Por mais que os meios de comunicação tentem entorpecer o povo com música de entretenimento de baixa qualidade, temos muita gente excelente fazendo o possível para efetuar furos nesse bloqueio, e o grupo Oriente é um bom exemplo disso.
Não tem como ouvir as colocações dessa música, e não se revoltar com a situação política do país!



5-‘Chefe de Quadrilha’, da Cone Crew Diretoria
A Cone Crew ainda pode ser uma novidade para alguns, mas não é de hoje que os moleques tem feito um trabalho diferenciado até mesmo dentro do próprio hip-hop que andava um tanto quanto desgastado. E quase que presentindo o que estava por vir, eles lançaram a música ‘Chefe de Quadrilha’ pouco antes das manifestações pipocarem pelas capitais.

Vale a pena ouvi-la minutos antes de sair de casa para as manifestações, e assim, sair as ruas bem consciente contra quem lutamos.
4-‘Até Quando?’, do Gabriel o Pensador
Essa música retumbou durante alguns anos antes que tenha a pergunta do seu título respondida. Em sua letra encontramos uma lista com praticamente todas as reivindicações conclamadas nas manifestações, e cantadas com a fúria que o momento pede.
Uma excelente fonte de coragem para quem ainda carece de algum incentivo para apoiar essa causa. 
3-‘Moro no Brasil’, do Farofa Carioca
Para aqueles manifestantes mais passivos e festeiros, acho que gostarão de cantar o sonoro refrão ‘Moro no Brasil, não sei se moro muito bem ou muito mal, só sei que agora faço parte do país, e a inteligência é fundamental’. 
Não se engane. Apesar de possuir um ritmo contagiante e dançante, esse clássico do Farofa Carioca é sim, uma excelente música de protesto. Basta que você esqueça um pouco a batida para conseguir prestar atenção na letra.
2-‘Panamericana’, do Lobão
Mostrando que já estava manjado o esquema que se formava desde que a falsa democracia foi declarada, nessa canção Lobão questiona e coloca em cheque algumas lideranças revolucionárias do passado que se perderam ao longo de sua trajetória, e hoje se tornaram uma versão deturpada e canalha de tudo aquilo que repudiavam. É quase um lembrete de que ‘o inimigo agora é outro!’.


1-‘Burguesia’, do Cazuza
Concordo que a sonoridade não seja tão boa, e talvez nem tão atual, mas ainda assim a poesia dessa canção chega a ser profética. Ao construir versos do tipo ‘As pessoas vão ver que estão sendo roubadas. Vai haver uma revolução ao contrário da de 64. O Brasil é medroso, mas vamos pegar o dinheiro roubado da burguesia. Vamos pra rua! Vamos pra rua! Pra rua!’, Cazuza nem imaginava o quanto estava certo ao escrever essas linhas.

BÔNUS:
-‘Vem pra Rua’, interpretada pelo Falcão, mas agora é do povo.
Pode torcer o nariz a vontade. Pode pestanejar o quanto quiser que a música foi feita para um comercial de TV. Mas contra fatos não há argumentos, e é inegável que a canção arrebatou o coração de milhares de brasileiros. Se a coisa toda tivesse sido planejada, talvez não encaixasse tão perfeitamente com o que estamos passando.
E não sei dizer se é o calor do sentimento de mudança desse momento, mas eu consigo ver vários simbolismos embutidos nessa letra por mais simples que ela possa parecer.