As pilhas de um maldito relógio

POSTADO POR: admin ter, 13 de outubro de 2015

Dia quente.
Morgadeira e insetos.
O mundo com a mesma cara de bunda.
Eu com a mesma cara de cu.
Logo pela manhã, quando me olhei no espelho, descobri que seria difícil.
Não tinha filtro de café.
A minha mesa estava lotada.
Abri meu e-mail e não consegui contar todos que recebi durante o final de semana.
Olhei minha agenda e me senti oprimido.
Levei minhas mãos até a cabeça e saquei que o momento de pensar com frieza era esse.
Respirei fundo.
Catei um blues pra ouvir.
E por alguns instantes eu senti esperança.
Mas, quanto mais coisas eu fazia, mais coisas apareciam pra que fossem feitas.
“Estou me tornando o protótipo de tudo que sempre questionei”, pensei.
Foi um momento de revolta, entende?
Eu tinha de tomar uma atitude.
Comecei devagar e procurei não prestar atenção no calor insuportável.
E tão logo um besouro deixou suas fuças ao meu alcance, eu o acertei.
Fui cruel.
Sem limite.
E mais, enquanto tentava vencer o meu dia, aquele barulho contínuo tomava a minha serenidade.
Elevei meus olhos ao distinto relógio de parede.
E infelizmente, vi um governante, um cara a gritar ordens em meus ouvidos.
Eu precisava de uma atitude extrema.
Eu precisava de paz.
Eu precisava parar o tempo.
Então tirei as pilhas do relógio.

E de uma vez só, resolvi todos os meus problemas.