As baladas do Baleiro já não badalam mais

POSTADO POR: admin seg, 26 de novembro de 2012

Meu MalDito amigo.
Não sei se você curte. Mas se tem um artista que eu respeito e gosto
muito na música nacional atual, é o Zeca Baleiro. Já faz tempo que acompanho o
trabalho desse cara e não tenho vergonha em dizer que tenho todos os seus CDs,
ou quase todos. Digo isso porque eu podia jurar que o último trabalho inédito
do Zeca havia sido o álbum dublo ‘O
Coração do Homem Bomba’
de 2008. E de lá pra cá eu vinha me martirizando
pela falta de um novo disco desse grande músico, afinal, ele nunca foi de deixar hiatos muito
grandes entre suas obras. 
Como ele sempre foi um artista conceituado pela
grande mídia, com música em novela da Globo e o escambau, imaginei que esse
ostracismo momentâneo logo seria quebrado com algum novo hit do Zeca, o que
alias ele faz muito bem. 
Bom, o tempo passou e eu acabei desencanado do assunto.
Imagina você que um dia destes, eu ouvia música pelo youtube quando de
repente na parte de ‘vídeos relacionados’ me foi sugerido um vídeo com uma
entrevista bem atual do Zeca Baleiro. Claro que cliquei e logo comecei a
assistir na esperança de ouvir uma data para o lançamento de um próximo álbum.
Me senti mais velho do que já sou quando descobri por uma entrevista
ripada na internet que o Zeca Baleiro já tinha lançado um CD novo intitulado ‘O
Disco do Ano’
neste mesmo ano de 2012. E parecia que eu era o único no mundo
que não sabia.
A entrevista seguiu e continuei assistindo intrigado. Queria entender
como eu não sabia daquilo. Um dos meus artistas preferidos estava de trabalho
novo na praça e eu não estava sabendo de nada. Que porra é essa? Como eu tinha
deixado escapar aquilo? Tá certo que eu não sou muito de escutar rádio, mas
assisto muita TV e tenho certeza que não tem música nova do Zeca Baleiro na
programação. Nem mesmo vi uma notinha sobre ‘O disco do ano’ nos blogs que se
dizem ‘culturais’,… E isso inclui esse seu bloguizinho mequetrefe.
A entrevista terminou e achei que o Zeca falou pouco, mas acabei
entendendo muita coisa.
Acompanhe o meu raciocínio…
Que o sertanejo universitário é a ‘onda’ do momento, isso é inegável.
Esse lixo musical também consegue ser o assunto do momento, a moda do momento, e
claro, o maior motivo de piada do momento. Afinal, só o que nos resta mesmo é
rir de coisas ridículas como ‘Tchetcheretchetche’,
‘Tchu-Tcha’, ‘Ai se te pego’, e similares. Mas sabe, percebi que enquanto gargalhamos
dessa manifestação infanto-juvenil algo muito sério se concretiza nos
bastidores do reino da MPB.
Não é só a mídia que está cegamente voltada para o ‘sertanojo
universiotário’
, mas absolutamente toda a estrutura musical do país está à
mercê dessa modinha musical (acho que, menos a MTV). 
Não tem sobrado sequer uma pequena
porcentagem para os artistas de verdade. Estou querendo explicar que um dono de
uma casa de show não está nem aí para critério ou gosto musical, o cara quer
simplesmente ter casa lotada todo final de semana e faturar no final de cada
noite. E para isso acontecer, passa a promover apenas shows desses artistas
genéricos deixando caras como Zeca Baleiro, Lobão, Lenine e outros sem espaço
para divulgar seus trabalhos. Triste, não?

Que a nossa cultura musical desse século é uma porcaria, nunca foi segredo pra ninguém.
Mas pelo menos na década passada ainda nos restavam algumas poucas
alternativas, como aqueles barzinhos underground que davam oportunidade para as
bandas locais da cidade. Ou aquela rádio que apresentava um programa de rock
pesado altas horas da noite e agora virou evangélica. E quando ainda se via
sangue na Sessão da Tarde sem grilo… Bons tempos.
Sou muito ocupado, tenho muitos interesses, e não gostaria de ter que
ficar pesquisando toda semana na internet para descobrir o trabalho novo de um
artista que gosto. Queria que eles tivessem direito a divulgação como todos os
outros. Com o talento desses caras, nem precisa de muito, acho que 20% da
atenção da mídia já seria o suficiente para deslanchar algo que realmente valha
a pena. Os outros 80% até podem continuar sendo usados para massacrar nossos
ouvidos com repetitivos refrões pegajosos, afinal quem não é o melhor tem que
tentar ser o maior mesmo.