Amaldiçoando a franquia ‘Pânico’ (parte final)

POSTADO POR: admin qua, 08 de maio de 2013

Pânico 4 (Scream 4)
Diretor: Wes Craven
Roteiro: Kevin Williamson
Ano: 1997
País: EUA
Atores: Neve Campbell (Friends), Courteney Cox (Pânico), David Arquette (Malditas Aranhas)
Chegamos agora ao final de uma franquia (se eles não inventarem de continuar). Em 2011, após um hiato de 11 anos, chega Pânico 4. A impressão inicial sobre o filme, obviamente, não era boa. O que seria agora, após os péssimos 2 e 3? Mas o que aconteceu foi estar diante de um filme cheio de diálogos interessantes, voltando a apresentar regras atuais nos filmes de terror (Principalmente no que remete à tecnologia e redes virtuais) dentro de um mundo que conhecemos muito bem: Conectado. Mas não ache que é só isso, pois não é.
Sidney Prescott consegue se reerguer e, como um ponto final a tudo que aconteceu, escreve um livro sobre sua vida. E onde aconteceria um desses lançamentos? Em sua cidade natal, Woodsboro, onde tudo começou. Mas ao chegar lá, às vésperas do aniversário do macabro acontecimento, assassinatos voltam a acontecer. Diziam que, por onde ela passava, a morte a acompanhava. Verdade ou não, pessoas voltaram a ser assassinadas. E assim a história se inicia.
A tríade Sidney, Dewey e Gale permanece intacta, porém diferentes, maduros após tanto tempo, o que faz com que nosso interesse pelos personagens continuem. Dewey agora é xerife e Gale abdicou de sua carreira ao se casar com ele. Sidney aparenta estar um pouco apagada, mas logo entende-se que é resultado da ação do tempo, além de sua certeza sobre o fim daquele assunto.
Em meio a mortes, ataques e outras coisas mais, Pânico 4 traz a tona um tema bastante atual e curioso que merece ser observado com atenção: As relações entre as pessoas e a transformação dos valores de uma geração para outra. O poder sedutor da mídia e como isso povoa a mente dos jovens, levando os de mente fraca (Ou doente) a fazer qualquer coisas por números e seguidores dentro de uma realidade fisicamente intocável. E em meio a todas estas questões, os diálogos. Em momento algum acontece algum deslize (Mentira! Acontece sim! Dewey não está mancando mais!), usando uma estrutura aparentemente simples para ir muito além do apresentado visualmente, deixando a história ainda mais interessante, e cheia de entrelinhas.
Se a metalinguagem já acontecia nos anteriores, neste eles ousam ainda mais. Além do retorno às homenagens aos filmes de terror, como um grupo da faculdade que assiste e discute sobre filmes de terror, comandado por dois nerds (Um deles tem um blog e filma tudo por todo o tempo para colocar na internet), piadas internas (Como a atriz que fez Heroes) e outras jogadas certeiras que somente os mais atentos perceberão (Atenção para o nerd apaixonado pela linda garota loira que sabe tudo sobre filmes de terror), acontece em Pânico 4 uma ideia tanto arriscada, porém vitoriosa. Um remake acontece dentro da história atual. Sim, isso acontece, tendo como resultado algo imperdível.
Nova década e novas regras? Bem, isso destoa um pouco, até mesmo por que poucas novidades foram apresentadas.  Regras são citadas, mas as “novas” nada mais são do que algo que sempre aconteceu, mas nunca foi dito (exceto pela parte tecnológica, como dito acima). Quanto à ironia, ela permanece sem oscilações.
Muitos talvez estranhem o filme, devido sua construção e roteiro, afinal, ele foge completamente dos anteriores, mesmo com tudo que já conhecemos. O clima é outro, as questões são outras, além de abordar temas interessantes e que merecem ser questionados, transformando-o no mais sério filme e imperdível filme da franquia.
Para aqueles que acreditam que entretenimento e questionamento não podem andar de mãos dadas, Pânico 4 é mais um belo exemplo de que é possível. E como no primogênito, nenhum negro morre neste filme.

E qual o pensamento que tirei sobre?
Nunca foda o original.
Se tiver coragem, assista o filme dublado e completo no vídeo abaixo!