A Volta do Poderoso Chefão

POSTADO POR: admin dom, 03 de março de 2013

Quando eu realmente gosto de algo, aquilo corre um sério risco de
virar uma obsessão na minha vida. Enquanto eu não me der por satisfeito em destrinchar todas as ramificações daquele assunto, é provável que eu nunca mais
tenha uma noite tranquila de sono. Minha família gosta de apontar este fator
como um defeito na minha personalidade, no momento eu prefiro não entrar no
mérito da questão, afinal como diria Don Corleone, ‘Nunca diga o que sente
para alguém de fora da família’
.
Esse é o caso da apaixonante trilogia ‘O Poderoso Chefão’ de Mario
Puzo, um enredo tão fascinante que eu considero impossível ficar atrelado
apenas à trilogia de filmes. Uma das minhas obsessões prediletas, não apenas
como material cinematográfico, literário e artístico, mas principalmente como
um guia de protocolo social. Duvida?
Parece que o próprio Puzo tinha plena consciência disso quando
autorizou ao seu editor que sua obra prosseguisse mesmo após a sua morte. E
assim foi feito através de um concurso onde foi eleito um privilegiado para
dar continuidade a saga da família Corleone.
O escolhido foi Mark
Winegardner, um escritor conceituado que optou por preencher ‘supostas’
lacunas existentes entre os filmes da trilogia, em vez de tentar algo que
soasse como um ‘Poderoso Chefão 4’.
E foi assim que surgiu ‘A Volta do Poderoso Chefão’, um livro cuja
leitura é uma proposta irrecusável.
Para desenvolver esse trabalho Mark fez questão de reutilizar todos os
elementos que funcionaram no cinema, inclusive o velho e bom flashback usado no
segundo filme. Só que aqui, é Michael Corleone que tem um trecho de sua
juventude contada com interessantes passagens pelo tempo que serviu ao exército
durante a 2° Guerra Mundial.
A história basicamente cobre o período da ‘família’ que não foi
mostrado nas telas, que seria o que acontece entre o primeiro e o segundo, e
entre o segundo e o terceiro filmes, com a introdução de uma trama paralela bem
mais cinematográfica do que literária em si.
Sei o que você deve estar pensando, e é claro que o livro procura
amarrar o maior número possível de pontas soltas largadas pela trilogia, e de
fato essas são as partes mais fascinantes da obra… Descobrir como funcionou o
esquema que fez com que Fredo acabasse traindo o próprio irmão, o porquê de
tanta lealdade por parte do advogado (e conselheiro) da família Tom Hagen, a
morte de Carmela, e tantas outras coisas que são representadas em cenas de
poucos minutos nos filmes e que podem ser melhor explicadas, desenvolvidas e
elaboradas nas páginas de um livro.
Dá pra ver que Mark se sentiu bem à vontade em trabalhar encima da
obra de Puzo, talvez até demais, já que se sentiu livre o suficiente até mesmo para
colocar em ‘xeque’ a sexualidade de um personagem importante dentro da trama.
Considerei um pequeno preço a se pagar para poder revisitar todo esse universo
incrível da Máfia.
De qualquer forma a obra ainda é uma grande referencia ao estilo e merece um lugar garantido nas prateleiras de fãs do gênero. Mesmo que eu ainda prefira que ela continue apenas como uma ‘referência’ literária e jamais corra o risco de migrar para uma mídia audiovisual. No cinema, talvez o enredo até funcionasse como um filme de máfia genérico, mas não como um filme que integre a trilogia original de Puzo.
O problema estaria nas longas introduções necessárias para os novos personagens que são inseridos na história apenas para serem executados ao longo da leitura, já que são enxertos inexistentes nos originais. E infelizmente as vezes isso acaba deixando a família Corleone em segundo plano, cuidando apenas dos ‘negócios’, enquanto acompanhamos um enorme complô se formar ao seu redor.
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