A semana que passei chapadão sem saber de que

POSTADO POR: admin ter, 28 de maio de 2013

Aqui no blog eu já
postei sob as mais adversas, e inimagináveis, situações e pressões. Já
escrevi textos embaixo do calor tórrido do Acre em um dia de ventilador
quebrado, sob a rege de críticas e xingamentos violentos em dias de textos ‘mal
ditos’, em uma lan-house em dia de internet cortada, sob uma chuva torrencial
em um dia feio de raios e trovoadas, e até sob censura do olhar paranoico de
uma ex-namorada ciumenta em dias,… Bom, em dias que eu prefiro nem lembrar. 
Mas acredite, nenhum desses obstáculos conseguiu me parar, ou sequer diminuir o
ritmo das postagens aqui do DpM, quando isso ocorre, fatalmente é porque eu fui
abatido por alguma doença grave, e foi exatamente o que aconteceu na semana
passada.
Após passar o final de
semana debilitado por uma febre que beirava os 40°, e relutando para não
recorrer a um hospital, acabei passando por uma intervenção familiar que me
intimou a finalmente procurar um médico no final da tarde de domingo, quando meu
quadro clínico já começava a evoluir para convulsões.
Em um estado
deplorável fui conduzido até o hospital mais próximo em lentos movimentos arrastados
que, em associação com a minha cor que havia desaparecido da minha epiderme, me
deixavam parecendo um zumbi nos primeiros estágios da infecção.
Após uns 40 minutos padrões
de espera, fui atendido. Depois de ser encaminhado para fazer alguns exames e
tirar radiografias, me conduziram até uma cadeira bem confortável onde eu
passaria a próxima hora do dia fazendo inalação com uma máscara que exalava um
desagradável odor de peido, e com uma agulha no braço por onde foi despejado um
tubo inteiro de soro.
Saí dali bem melhor,
minha coloração morena voltara, e meu jeito de andar evoluiu de um estilo zumbi para
algo mais próximo de uma múmia, firmes e espaçados.
Por fim, passei novamente
pelo médico que me receitou uma bela lista de remédios, incluindo
anti-inflamatórios, antibióticos, e tantos outros que não saíram por menos de ‘80
Dilmas’
na farmácia. Uma grana que me faria falta e que me fez refletir se não
teria saído mais barato ter deixado a febre me consumir.
Agradeci a consulta (como
se tivesse saído de graça), e voltei para casa predestinado a me tratar com
meia dúzia de pílulas diárias pelos próximos 7 dias de tratamento.
E foi aqui que a coisa
realmente degringolou de vez…
Sem nenhum aviso
prévio do médico, e sem a manha de ler a bula antes, comecei a tomar as drogas
(legalizadas), preocupado apenas em respeitar o rígido horário das doses.
Já no
primeiro coquetel, senti estranhas sensações.
Logo após ingerir os
remédios comecei a sentir certo desconforto pelo corpo, algo indescritível até
para o mais amplo dos vocabulários. Mas a parte que mais chamava a atenção foi
como ficou minha visão. Passei a enxergar as cores mais vibrantes, mais vívidas,
era como se agora eu visse o mundo feito o Loui de ‘Entrevista com o Vampiro’, logo após ser transformado em vampiro
por Lestat. Foi a referencia descritiva mais próxima da ‘realidade’ que
encontrei.

Daí por diante o que
se seguiu foi uma série de efeitos colaterais causados pelos remédios, talvez
tão devastadores quanto o próprio sintoma da doença que ele prometia combater. Os
dias que se seguiram foram condecorados com dores de cabeça, enxaqueca,
desarranjo estomacal, diarreia, insônia (das piores), e algumas ‘cositas’ mais
que nem sei como descrever em palavras.
Só aí tive a brilhante
ideia de ler a bula da medicação. Fui direto à parte de contraindicações onde
de cara fui alertado que durante o tratamento não poderia beber, dirigir, ou manusear
máquinas pesadas, informações estas que considero vitais e, imprudentemente, me
foram ignoradas pelo médico. Bom, mas até aí tudo bem, eu já não sou muito de
beber mesmo, minha habilitação está vencida, e meus tempos de peão trabalhador
já ficaram pra trás. Ou seja, por puro capricho do destino não ocorreu um mal
maior.
A essa altura acho
importante dizer que pelo menos febre eu não tive mais.
Continuei lendo a bula
e lá sim eu encontrei um vocabulário vasto o suficiente para descrever tudo que
eu estava sentindo com aquele ‘tratamento’. Com uma caneta, passei a dar check
em todos os possíveis ‘revertérios’ causados pela química daquela poderosa
droga. 
A parte física já foi descrita acima, então vou me ater aos danos psicológicos
da coisa: Alucinações, náuseas, fotossensibilidade, tontura, depressão,
nervosismo, confusão, labilidade emocional, zumbidos, perda de audição,
ambiopia, e mais algumas síndromes de nomes próprios esquisitíssimos.
Ou seja, eu estava
doidão, dopado, chapadão mesmo, já há quatro dias, e não tinha a menor noção
disso. Que se foda a medicina e suas químicas! Suspendi o tratamento naquele
exato momento faltando um dia para o seu término.

Agora estou aqui.
Tentando relembrar, e não me envergonhar, de tudo que possa ter feito enquanto
estava sob os fortes efeitos dessas drogas de farmácia.
Já tive que ligar para
algumas pessoas e pedir desculpas pelo pânico que causei ao delirar que minha
mãe havia sido sequestrada e estava sendo mantida como refém, só porque não
consegui contato com ela em nenhum dos seus telefones e acabei ligando para meio
mundo com os nervos a flor da pele contando uma história digna de um filme, incluindo
alguns amigos da polícia para quem exigi uma invasão tática emergencial lá na
casa da minha coroa. Coisa de louco!
Portanto, se eu entrei
em contato com você nos últimos dias, quero que saiba que provavelmente estava
fora de mim, e qualquer coisa que eu tenha dito ou feito durante este período
não pode ser levado em conta em um tribunal.