A origem perturbadora dos contos de fadas famosos

POSTADO POR: admin qua, 09 de agosto de 2017

Não faz muito tempo eu testei aqui a coragem dos nossos leitores com alguns dramas literários infantis no texto da matéria ‘Livros Infantis que Ainda são Assustadores para Adultos’, lá apresentamos algumas boas sugestões de obras literárias teoricamente voltadas para o público ‘infantil’, mas que ainda são capazes de levar terror ao mais maduro dos corações. Histórias que carregam muito mais do que apenas uma ‘moral’ em seu final.
Durante a pesquisa para esta postagem, fiquei impressionado pela forma como muitas das nossas histórias mais conhecidas podem ser facilmente encontradas nos Contos dos Irmãos Grimm, ou mesmo antes deles, e também o quanto algumas dessas histórias alteram o seu conteúdo com o passar das décadas.
De uma olhada abaixo em algumas versões escabrosas, terríveis, muitas vezes até bizarras, de contos de fadas que fizeram parte da nossa infância, e agora vão te fazer refletir melhor toda vez que pensar em reconta-los aos seus filhos.

 

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A Bela Adormecida

Em uma das versões mais antigas desta clássica história publicada em 1634 por Giambattista Basile sobre o título de ‘Sol, Lua e Talia’, a princesa não fura o dedo em um fiador, mas fica com uma farpa presa sob sua unha. Ela cai, aparentemente morta, e seu pai não consegue encarar a ideia de perdê-la, então ele coloca seu corpo em uma cama exposta em uma de suas propriedades.
Mais tarde, ela é encontrada por um rei que caçava pela floresta. Vendo que não consegue acordá-la, ele a estupra enquanto ela está inconsciente, e em seguida a leva para o seu próprio reino. Algum tempo depois, ainda inconsciente, ela dá à luz a dois filhos e um deles acidentalmente suga a lasca de seu dedo, então ela acorda.
Ah! Vale dizer que o rei que cometeu o estupro já era casado, mas ele queima sua mulher viva para que ele e Talia possam ficar juntos. Claro que ele só tomou essa atitude radical depois que a esposa tentou matar e comer os bebês bastardos.
Chapeuzinho Vermelho

Você pode não acreditar, mas os Irmãos Grimm realmente refizeram esta história muito melhor do que era quando eles a conheceram. Na versão de Charles Perrault não existe o intrépido caçador. Chapeuzinho Vermelho simplesmente se despe, deita na cama, e depois morre devorada pelo lobo mau, sem alívio milagroso para a história.
Em uma outra versão, ela come a própria avó em primeiro lugar, a carne da velha é cozida e seu sangue derramado em um copo de vinho pelo nosso amigo lobo.
As conotações sexuais dessa fábula não estão assim tão perdidas no passado – afinal, ainda hoje existe uma gíria francesa para uma menina que tenha acabado de perder a virgindade que é algo como ‘elle avoit vu le loup’, ou seja, ‘ela viu o lobo’.
Cinderela

Já nesse caso, Perrault é bem mais agradável do que os Grimm. Em sua versão, as duas malvadas irmãs se casam com membros da corte real depois que Cinderela já está bem casada com o príncipe.
Na história dos Irmãos Grimm, não só as irmãs cortam partes de seus próprios pés para que caibam nos sapatinhas de cristal, mas no final, elas ainda têm os olhos arrancados a bicadas por corvos. Triste fim!
Branca de Neve

Primeiro de tudo, na versão original de 1812 dos Grimm, a Rainha Má é a mãe verdadeira da Branca de Neve, e não sua madrasta. A Disney também deixou de fora o fato de que a rainha manda o caçador para trazer de volta o fígado e os pulmões de Branca de Neve, com a clara intenção de come-los.
Além do fato de que ela, na verdade, não cai em um sono profundo, quando o príncipe a encontra ela está morta. Ele então prepara o seu corpo desfalecido para ser enterrado quando um servo acidentalmente empurra o caixão, e desaloja a maçã envenenada da garganta de Branca de Neve que volta a vida.
O mais notável porém, é a punição que os irmãos Grimms pensaram para a mãe malvada. Quando a rainha aparece no casamento de Branca de Neve, ela é forçada a calçar sapatos de ferro aquecidos no fogo e em seguida dança até cair morta.
João e Maria

A versão que conhecemos da história já é bastante horrível: a madrasta malvada abandona os enteados para morrer na floresta, e eles acabam na casa de uma bruxa canibal que engorda os coitados para comer.
A versão Grimm é basicamente a mesma, mas em uma versão francesa mais antiga intitulada ‘As Crianças Perdidas’, a bruxa é o próprio diabo, e o capeta pretende sangrar as crianças em um cavalete.
No final eles prontamente cortam a garganta do demo, roubam todo o dinheiro do lugar e fogem.
O Sapo que vira Príncipe

Tradicionalmente, na primeira versão da coleção dos Irmãos Grimm, até que esta história é bastante simples: a princesa beija o sapo com a bondade que há em seu coração, e ele se transforma em um príncipe.
Ou, se você está lendo a versão original, lidará com os truques do sapo para convencer a princesa ressentida a fazer um acordo com ele. O sapo a segue até sua casa e continua incomodando e pulando em seu travesseiro de seda até que finalmente ela arremessa o bicho contra a parede. E de alguma forma, essa ação é recompensada pela transformação em um príncipe. Mas não é mesmo o mais violento, em outras versões mais antigas ela tem que cortar a cabeça da criatura e separar do corpo. Isso é bem distante do singelo beijo que conhecemos, não acha?