A Maldição do Cinema – ‘Raiva’

POSTADO POR: admin qua, 31 de julho de 2013

Raiva (Kalevet –
Rabies)
Diretor: Aharon
Keshales, Navot Papushado
Roteiro: Aharon
Keshales, Navot Papushado
Ano: 2010
País: Israel
Atores: Lior
Ashkenazi, Ania Bukstein, Danny Geva

Apresentado como
o primeiro filme de terror de Israel (Acredito que o correto seja o primeiro
slasher feito em Israel), Raiva é um filme que apresenta todos os clichês do
subgênero sem rodeios. O assassino, a vítima, a companhia da vítima que, livre,
corre por ajuda, quatro adolescentes gostosos, duas garotas e dois garotos
viajando de carro rumo a um final de semana de festas e sexo, e um casal,
moradores da região, donos de um cachorro, que seguem uma vida pacata e sem
surpresas. Num dado momento da viagem, os quatro jovens são surpreendidos por
um rapaz bastante ferido, à procura de ajuda para salvar sua irmã, aprisionada
por um louco em algum lugar no interior da floresta.
Tantos clichês
nos fazem pensar “Lá vem Israel fazer o que os Estados Unidos já fizeram e está
mais que saturado”. Vide Pânico (1996), o último slasher que realmente causou
grande interesse no público. Depois dele, qual outro filme/personagem do
subgênero teve tamanho impacto e entrou no imaginário das pessoas? (Samara, de
O Chamado (2005)/Sadako, de Ringu (1998) não vale.).
E após alguns
minutos, quase tomados pela sensação “eu já sei o que vai acontecer”, somos
surpreendidos quando TODOS OS PERSONAGENS tomam um rumo totalmente inesperado.
E tudo que imaginávamos, devido seus estereótipos, vai se desfazendo ao longo
do filme. A essa altura do campeonato, deparar-se com tantos símbolos
emblemáticos para o gênero sendo trabalhados de forma original é um tanto
quanto satisfatório, principalmente para os fãs do terror.
Dotados de
grande frieza e humor negro, Raiva consegue atingir pontos extremos em questão
de segundos, nos fazendo rir pelo absurdo, pelo inesperado e, certamente, de
nervoso pelas cenas cruas e violentas. Tudo num emaranhado que faz com que as
histórias se cruzem de forma inesperada, porém possível.
E o que
facilmente seria um grupo de adolescentes parando no lugar errado, na hora
errada e possivelmente perseguidos por um louco floresta adentro passa a ser
uma grande metáfora sobre o que nomeia o filme. Todos vivenciam a raiva, e as
razões pelo qual a sentimos, muitas vezes, podem nos salvar ou nos destruir. Se
não soubermos doma-la, certamente já estaríamos mortos, ou matado alguém por
alguma futilidade. Assim como a dor física é necessária para nos apresentar um
limite e assim nos proteger (Pesquise sobre os portadores da síndrome de
Riley-Day e entenderá), saber agir quando tomado pela raiva segue um princípio
parecido.
Certamente
existem elementos da cultura israelense e, talvez, até críticas, que somente um
natural de lá entenda. Vide as piadas do desenho South Park. Assista um
episódio ao lado de um americano, é certo de que ele rirá muito mais que você.
Raiva remeteu-me
à extinta série Lost, pela maneira como as coisas são apresentadas. Apesar da
total distinção entre os trabalhos, ambos apresentam uma ideia e, em cima dela,
trabalham fatores mais intensos. Estar numa ilha deserta em Lost era o mínino,
quando comparado ao que o título significava em suas vidas. Em Raiva, acontece
o mesmo, nos levando a uma viagem de questionamentos.
Em Pânico 1 não
existem negros, em Raiva, todo o filme acontece durante o dia e não chove. Sim,
isso é uma grande ironia.
E qual o
pensamento que tirei sobre?
Que Israel
continue brincando com os clichês americanos.
Ganhou os
prêmios de:
2011- Awards of
the Israeli Film Academy – Melhor Maquiagem (Elinor Gigi. Esther Ben-Noon).
2011 –
Fantasporto – Prêmio da crítica (Aharon Keshales. Navot Papushado).
2011 – Puchon International
Fantastic Film Festival – Menção especial (Aharon Keshales. Navot Papushado).

Assista o
trailer no vídeo abaixo: