A fórmula mágica para atrair leitores

POSTADO POR: admin sex, 28 de setembro de 2012

A fórmula mágica para atrair leitores
O leitor estereotipado e o ato de poupar as
informações reais

“Certo ou errado, bom ou ruim, eu preferi me doar aos leitores do
mundo como um saquinho de sangue para transfusão; antes assim, a ter de me
entregar aos caprichos da unidade dominadora. Um escritor em casa pensando e
lendo é um perigo para qualquer sistema dominador.” 

A Arte da Invisibilidade pág.97.
Com este trecho do meu livro,
destacado recentemente pelo grande escritor Rafa Lima, nós iniciamos o texto-reflexão
de hoje, caros malditos.
O que seria o verdadeiro mapa da mina
para um escritor, qualquer escritor? Conseguir criar materiais que sejam lidos. Obter leitores, esse é o tesouro maior de um escritor. Mas no caminho para conseguir
os leitores, o escritor pode, ainda que inconscientemente, adotar posturas
de convencimento ao público que irão de contra a sua postura natural? 
Creio que
sim. Ou seja, ele às vezes pode esquecer a sua própria realidade de raciocínio para
buscar os leitores, em escala maior de aceitação mercadológica, deixando para
trás o que eu poderia chamar de Realidade
Primordial (RP)
. O lugar onde habita seu desespero, alegria, destempero, amor,
gênio, teorias, devaneios, fantasias, segredos, desejos, experiências, formas, é o mesmo
lugar onde você guarda as memórias e traços para pavimentar uma rodovia pessoal
de palavras. A sua própria RP. Não
há como fugir de quem você é, sem ao mesmo tempo negar ao público a verdade
absoluta, a doação de suas ideias íntegras, independente de gêneros (excluindo os
materiais que necessitam ser padronizados).
Entregar apenas um quadro belíssimo
pode bem ser o papel de um pintor, um designer… Entregar um filme para somente entreter pode bem
ser o papel de um roteirista, um produtor de TV… Entregar o cérebro inteiro para consumo e
degustação? Aí reside a mágica do livro real. A coragem de ser escritor do luxo
e do lixo, das flores e das granadas, do concreto e das árvores, da alegria e
da tristeza, da saúde e da doença, das loucuras e sanidades, de mil quadros mais
aprofundados sobre a vida, como uma espécie de casamento silencioso com as pessoas e com o
mundo.
O escritor que pensa na reação positiva de
críticos e amigos enquanto escreve uma obra, e pede “por favor” aos outros para
soltar seus próprios pensamentos de forma com que sejam aceitos, está subjugando o
leitor em seu papel de sorver informações para constituir sua lógica pessoal
(sua crítica lógica) em panorama ampliado de conceitos observados. O autor está
preservando sua RP. Projetando uma
versão dele mais adequada ao consumo imediato. E, de certa forma, apenas trabalha
intensamente para agradar um grupo, se adequando ao ciclo atual de maior
aceitação popular e estética. Uma formula de sucesso aparente.
De todas as artes do mundo, a
literatura é aquela que jamais poderá caminhar amarrada às cordas de outras
ações que não sejam o ato de escrever espontaneamente observações e pensares
dando-lhes formas múltiplas. 
Literatura livre não é literatura de maconheiro, como já
recebi vociferado em meu e-mail. Literatura livre, de verdade, é aquela que não
reconhece críticas ou aplausos, conta bancária e prestígio, status quo e
parentesco; não quer capas de super-herói amarradas no pescoço, ou
reconhecimento glorioso na aclamação geral imediata… É apenas um emaranhado
de palavras aladas que brotou na consciência livre de alguém. 
Alguém que não se
deixou consumir na raiz. 
Alguém que tentou voar sem rumo dentro de si. 
E voou
mesmo.