A Defensora da Causa Gay

POSTADO POR: admin ter, 09 de setembro de 2014

Até onde me lembro, Gabriela sempre foi uma participante ativista pela causa gay. Frequentou baladas GLBT e nunca faltou à uma passeata sequer na Avenida Paulista, as vezes até viajando para participar da edição carioca na praia de Copacabana. Ela se gaba de ter todo tipo de amigos, mas é notório que 90% deles são gays. A única variação que possuem são suas subcategorias divididas entre lésbicas, bissexuais, travestis, transexuais e similares, mas o importante é que Gaby sempre abraçou todos sem descriminação alguma, a ponto dos outros 10% de amigos questionarem a sua própria sexualidade. “Mas, nãooooooooo!” ela logo explica que isso não tem nada a ver, e ela continua gostando de homem. Mesmo já tendo beijado algumas amiguinhas às escondidas.

Arrumou um baita problema na família quando ajudou o primo mais novo a se assumir. O tio nunca mais olhou na sua cara, a tia possui um ódio profundo pela sobrinha, mas ela diz que sente que tudo isso vale a pena quando encontra seu primo Rafinha e acompanha sua incrível transformação em uma linda mocinha, sua adorada prima Rafaella. Que, aliás, da última vez que fiquei sabendo, estava com a operação de mudança de sexo marcada na Tailândia.
Orgulho mesmo ela tem do seu último relacionamento, em que conseguiu tirar o próprio namorado do ‘armário’. Foi um trabalho difícil, mas depois de convencer Willian a deixar ela maquiá-lo, vesti-lo com suas calcinhas na hora da transa e até praticar o ‘fio-terra’ com o cara, ela logo percebeu que o rapaz só podia ser gay. Insistiu tanto, até que um dia o namorado concordou em fazer a três com outro homem. Confabularam durante algum tempo e decidiram convidar Jonas, um amigo de Gaby, para a festa. A coisa deu tão certo, que os dois se apaixonaram e hoje moram em algum lugar na Califórnia. E saíram dois gays libertos pelo preço de um no currículo de Gabriela, como ela gosta de falar.
Não vou mentir. Durante um tempo, Gaby ficou tão obcecada com a causa, que chegou a tentar usar seus argumentos gays até mesmo comigo, logo comigo. Um papo torto que logo dispensei abruptamente. Se tem uma minoria que faço questão de participar, é a na do grupo de amigos dela.
Na semana passada encontrei com ela. Gabriela. Ainda é uma mulher atraente. Está muito bem fisicamente para quem já passou dos trinta anos. Aceitei seu convite para um café e sentei para ouvir o quanto ela estava feliz com sua nova promoção na empresa que trabalhava. Disse que era uma mulher independente, bem sucedida e apaixonada pela vida. Continua frequentando as melhores baladas eletrônicas e acaba de voltar do Estados Unidos onde foi madrinha de casamento de um casal de amigos gays e teve a oportunidade de ir à numa festa Rave eletrônica LGBT onde tocaram os melhores DJs do mundo.
Ela tentou prorrogar a conversa e marcar um novo encontro, mas expliquei que no momento estava comprometido, e que não seria legal manter esse tipo de contato. Quando foi convencida de que não rolaria nada entre a gente, Gabriela se abriu. Confessou que estava sozinha já fazia um bom tempo e estava beirando o desespero. Suas noites de balada sempre acabavam com ela bêbada em casa, vendo filme pornô com o tablet em uma mão e usando o vibrador com a outra. Lamentava que todos a sua volta fossem gays, os que não eram ela havia transformado em gays, e estava ficando cada vez mais difícil encontrar alguém ‘hetero’ pra se relacionar.

Eu não sei se ela percebia a ironia do que estava falando, mas para não prolongar o assunto, preferi não me manifestar. Depois de uns 40 minutos, olhei para a hora no meu celular e fingi estar atrasado para algum compromisso que não existia. Trocamos contatos das redes sociais por educação, mesmo sabendo que não usaríamos, e cada um seguiu o seu caminho. Eu fui para casa, e Gabriela estava saindo do trabalho e só ia passar em casa rapidinho para tomar um banho e partir para viajar com um grupo de amigos que são Drag Queens e vão fazer um super show em Campinas, que ela diz que não perde por nada nesse mundo. Quem sabe lá, ela não encontra um bom partido desta vez.

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