7 Livros que redefinem o conceito de ser ‘louco’ (Parte II)

POSTADO POR: admin qui, 01 de setembro de 2016

Cada ano que passa, uma parcela considerável da população mundial simplesmente enlouquece aos poucos pelos mais diversos motivos. Em níveis que variam desde a pequenos TOCs, passando por transtornos delirantes, até um patamar psicótico comparável a Norman Bates, até fica complicado diagnosticar se fazemos ou não parte dessa parcela significativa de pessoas que não batem muito bem das ideias. Pesquisas recentes apontam que a cidade de São Paulo, onde moro atualmente, possui o maior índice de problemas mentais do mundo, chegando a praticamente um terço da sua população sendo portadora de algum tipo de distúrbio. O que me coloca bem no centro dessa loucura toda.
Foi inspirado por essa ‘doideira’ toda que na primeira parte dessa postagem sugerimos aqui alguns livros que trabalham bem essa questão. E agora achamos que o tema merece um retorno, seja pelo avanço visível de seus sintomas, ou por mura loucura mesmo:

✔ Psicose (Robert Bloch)
Edição especial capa dura com caderno de fotos do clássico do Hitchcock. Uma verdadeira edição de colecionador, para quem gosta e entende do assunto. Psicose, o clássico de Robert Bloch, foi publicada originalmente em 1959, livremente inspirada no caso do assassino de Wisconsin, Ed Gein. O protagonista Norman Bates, assim como Gein, era um assassino solitário que vivia em uma localidade rural isolada, teve uma mãe dominadora, construiu um santuário para ela em um quarto e se vestia com roupas femininas. Em Psicose, sem edição no Brasil há 50 anos, Bloch antecipou e prenunciou a explosão do fenômeno serial killer do final dos anos 1980 e começo dos 1990. 
O livro, assim com o filme de Hitchcock, tornou-se um ícone do horror, inspirando um número sem fim de imitações inferiores, assim como a criação de Bloch, o esquizofrênico violento e travestido Bate, tornou-se um arquétipo do horror incorporado a cultura pop. (DarkSide Books)




✔ A Pianista (Elfriede Jelinek)
A Pianista é um romance construído a partir da força do choque. O esplendor estético da melhor música se bate com a progressiva tortura que as personagens instalam em si mesmas e umas contra as outras. A dor que esse tipo de relação destrutiva gera logo se une ao prazer estético para mostrar o lado obscuro da arte: obsessão, irracionalidade, cobrança e medo do fracasso.
A própria linguagem é carregada de choque. Luminosa e cheia de viço, o que ela cria porém é um mundo repressivo e violento. O leitor percebe o paradoxo que acompanha a arte moderna: apesar da técnica apurada da autora, o resultado final é cheio de angústia e dúvida para tudo que diz respeito à condição humana.
A professora de piano, assim, carrega no seu íntimo uma espécie de dor universal: a arte que ela ensina é capaz de atingir qualquer pessoa. Os Concertos de Brandenburgo, uma das preferências dela, por exemplo, ultrapassam as amarras culturais para atravessar povos e épocas. Como eles aparecem ao lado de um sofrimento também intrínseco, a dúvida que atravessa cada uma das páginas assusta: estaríamos condenados, mesmo no que temos de mais grandioso, à dor? (Editora Tordesilhas)




✔ Uma Mente Brilhante (Sylvia Nasar)
Esta biografia do brilhante matemático Nobel de Economia John Nash explora a tênue linha entre loucura e genialidade. A jornalista Sylvia Nasar narra com riqueza de detalhes a vida do gênio que. aos 30 anos. já somava em seu currículo uma entrevista com Albert Einstein. uma bolsa de pós-graduação no Instituto de Estudos Avançados da Universidade de Princeton e soluções de alguns dos mais complexos enigmas matemáticos. 
Mas a natureza frágil e extraordinária da genialidade cedia terreno à loucura e. aos 31 anos. Nash sofria seus primeiros colapsos. Em 1994. no entanto. o autor do conceito de equilíbrio na teoria dos jogos. batizado como “Equilíbrio de Nash” surpreendeu a todos ao ganhar o Nobel de Economia. (Editora BestBolso)




✔ O Papel de Parede Amarelo (Charlotte Perkins Gilman)
Uma mulher fragilizada emocionalmente é internada, pelo próprio marido, em uma espécie de retiro terapêutico em um quarto revestido por um obscuro e assustador papel de parede amarelo. Por anos, desde a sua publicação, o livro foi considerado um assustador conto de terror, com diversas adaptações para o cinema, a última em 2012. No entanto, devido a trajetória da autora e a novas releitura, é hoje considerado um relato pungente sobre o processo de enlouquecimento de uma mulher devido à maneira infantilizada e machista com que era tratada pela família e pela sociedade. 
Clássico da literatura feminista Primeira edição publicada no Brasil. Apresentação de Márcia Tiburi. Posfácio esclarecedor sobre a autora, o livro e seu contexto social no século XIX. Capa criada a partir de fotografia de Clementina Malde. Ela foi a primeira mulher a fotografar outra mulher. Um livro que será amplamente debatido na imprensa, entre as jovens feministas e a universidade. (Editora José Olímpio)




✔ O Estrangeiro (Albert Camus)
Cinco décadas após sua morte, é indiscutível a atualidade do pensamento de Camus e de sua obra com foco na análise do homem contemporâneo. Traduzido para mais de 40 idiomas, O Estrangeiro é hoje o recordista absoluto de vendas em formato de bolso na França. O romance faz parte do “ciclo do absurdo” do escritor e é seu livro mais conhecido. O narrador-personagem é o argelino Meursault, que mata um árabe por impulso.
Meursault é o anti-herói que assassina um homem “por causa do sol” e sobe ao cadafalso afirmando que “fora feliz e que o era ainda”. Publicado em 1942, este livro ganha repercussão com a visionária inquietação do autor. Suas obras são muito marcadas pela incerteza e pelo absurdo da existência. Esta edição de bolso inclui prefácio do jornalista Manuel da Costa Pinto, autor de Albert Camus – Um elogio do ensaio, organizador e tradutor da antologia A inteligência e o cadafalso e outros ensaios, de Albert Camus. (Editora Record)




✔ Vasto Mar De Sargaços (Jean Rhys)
Antoinette Cosway é uma bela e sedutora mulher que chama a atenção de todos que a vislumbram. Seu magnetismo é tamanho que rivaliza com as paisagens paradisíacas da ilha da Jamaica, onde vive. Em 1830, o local ainda vive sob domínio do Império Britânico, cuja cultura, marcada pela Era Vitoriana, reprime com força e crueldade qualquer expressão de feminilidade, relegando a mulher a segundo plano na sociedade. Antoinette ainda não sabe, mas passará a viver um conflito entre a mulher que é e a que deve ser quando conhece um jovem inglês com quem se casará. Um conflito que a levará, paulatinamente, à loucura.
Vasto mar de sargaços é a obra-prima da escritora antilhana Jean Rhys. Nascida em 1890, Rhys iniciou sua carreira literária ao final da década de 1920, com uma coletânea de contos e quatro romances que não lhe trouxeram especial consagração. Em seguida, entrou num período de reclusão que durou mais de 20 anos. Foi neste ínterim, que seu Vasto mar de sargaços (o Mar de Sargaços – nome de uma espécie de alga – é uma imensa região do Oceano Atlântico, próxima ao Caribe) começou a ganhar vida, depois que a autora terminou a leitura do clássico vitoriano Jane Eyre, de Charlotte Brontë. Jean ficara impressionada com uma das personagens: Bertha Antoinette Mason, a “louca do sótão”, a primeira mulher de Edward Rochester, interesse amoroso da protagonista. Bertha era uma mulher caribenha vivendo na Inglaterra, com todas as dificuldades originadas desse choque entre culturas. (Editora Rocco)

✔ O Obsceno Pássaro da Noite (José Donoso)
“O obsceno pássaro da noite” é o livro mais importante de José Donoso e uma das obras mais ambiciosas da ficção em língua espanhola no século XX. Publicado pela primeira vez em 1970, depois de aproximadamente dez anos sendo gestado, o romance estabeleceu definitivamente o nome de Donoso como um dos principais representantes do chamado boom da literatura hispano-americana, ao lado de Gabriel García Márquez, Mario Vargas Llosa, Julio Cortázar e Carlos Fuentes. 
Com uma estrutura ousada e uma atmosfera permanentemente ambígua, marcada pelo insólito e pelo grotesco, o romance tem como cenário principal uma antiga casa de exercícios espirituais prestes a ser desativada. 
Nessa construção arruinada, um faz-tudo conhecido como Mudinho passa os dias vedando portas, disfarçando remendos e atendendo aos mais variados desígnios das velhas, órfãs e freiras que dormem em quartos atulhados de restos, mergulhadas na decrepitude e na pobreza. Entre galerias escuras e corredores sinuosos, Mudinho urde um relato vertiginoso, em que a realidade imediata que o circunda logo cede espaço às alucinadas lembranças de seu passado, nas quais aparece como secretário particular de um aristocrata que procura proteger o filho disforme criando um mundo paralelo habitado apenas por monstros. (Editora Saraiva)


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